Segundo Edecio Cunha Neto, professor de imunologia clínica da Faculdade de Medicina da USP e pesquisador do Instituto do Coração (Incor), a resposta do sistema imunológico dos animais foi melhor do que os cientistas esperavam.
“Em 2006, a vacina já havia sido testada em camundongos, que costumam responder melhor do que macacos à imunização. Para nossa surpresa, a resposta imune dos macacos foi de 4 a 10 vezes maior do que a dos camundongos”, diz Cunha Neto, um dos coordenadores do estudo da USP.
A resposta indica que as células de defesa dos macacos, que têm um sistema imune parecido com o dos homens, reconheceram o vírus HIV e manifestaram uma resposta para combatê-lo, o que seria o primeiro passo em busca de uma vacina para humanos. O reconhecimento do vírus pelo sistema imunológico sempre foi um dos grandes desafios dos pesquisadores, uma vez que a doença ataca exatamente o sistema de defesa.
Próximos passos
Após esse primeiro teste em macacos, iniciado em novembro do ano passado e considerado piloto pelos cientistas, outros 28 animais do Instituto Butantan receberão a vacina. Desta vez, os pesquisadores dividirão os primatas em quatro grupos e aplicarão diferentes combinações da vacina para avaliar qual versão provocará as melhores respostas imunes.
A ideia é que, se os bons resultados se repetirem no novo grupo de macacos, os pesquisadores possam, em aproximadamente três anos, iniciar os testes da vacina em humanos.