




A internet e as redes sociais – que ninguém nega que são ferramentas indispensáveis para troca de experiências, ajuda e solidariedade entre as mães nos tempos atuais – são também palco de batalhas infindáveis até mesmo em grupos fechados e muitos restritos. Parto natural ou cesariana? Deixar chorar ou não? Deixar com babá ou na creche? Qualquer escolha pode ser motivo para alguém se sentir ofendido ou o gatilho para uma série de julgamentos e ofensas. Motivados por esse embate no mundo virtual, o site CTWorkingMoms.com, dos Estados Unidos, criou uma campanha intitulada ‘End The Mommy Wars’ (Pelo fim das guerras maternas, em tradução livre) em que fotografou lado a lado mulheres que pensam o extremo oposto. O objetivo é incentivar o respeito, o espírito de irmandade e o fim dos julgamento (leia no fim da matéria entrevista com uma das idealizadoras).


A presidente do Comitê de Cuidados Primários da Sociedade Mineira de Pediatria, Mônica Maria de Almeida Vasconcelos também acha perigoso algumas situações que a campanha destaca. “Eu reconheço que os pais têm o direito de agir conforme seus costumes e seus valores, mas como pediatra fico extremamente preocupada com algumas condutas como, por exemplo, a que se refere ao aleitamento materno. Eu admito que tem muita cobrança em relação ao tema, mas não podemos negar os benefícios definidos do leite materno. A partir do momento que uma mulher e um homem decidem ter um filho, eles têm um dever social de promover para aquele indivíduo as melhores condições de saúde e educação do ponto de vista físico e emocional. Quando leio ‘eu optei pelas fórmulas’ fico preocupada. É claro que essa mulher dever ter uma justificativa, mas não podemos generalizar esse tipo de conduta porque sabemos das inúmeras vantagens do aleitamento”, reforça.
Ainda no tema da alimentação, a pediatra diz que a sociedade já tem evidências do que é prejudicial. "Por que aquela mãe dá fast food ao filho? O que levou essa mãe a adotar essa atitude? É por que ela trabalha fora e não tem tempo? Não podemos negar as mudanças do papel da mulher ao longo dos tempos, mas será que não teria uma outra alternativa? Temos que lembrar que a criança é um ser vulnerável que não tem ciência dos riscos de uma alimentação ruim. Nós, pediatras, nos deparamos com o sobrepeso e a obesidade infantil a toda hora. Educar é difícil, é mais fácil falar sim todas as vezes, mas o não tem que ser dito e os pais precisam explicar o por quê”, recomenda.

Outro tema polêmico abordado nas imagens da campanha norte-americana é o da via de parto. A pediatra Mônica Maria de Almeida diz que o parto vaginal é o fisiológico. “Existem os riscos inerentes a cada situação, mas o parto natural bem conduzido e bem indicado é o melhor para a criança. Para a mãe, a recuperação é mais rápida e os riscos de complicações são menores”, observa.


Para Cristina Silveira, o amor é o componente fundamental para o desenvolvimento emocional saudável de uma criança. “Com o amor vem o respeito pelo tempo da criança. Respeitar o tempo dela, os desejos, sem tentar atropelá-las com os próprios desejos das famílias baseados em teorias. As crianças precisam ser crianças, simplesmente. Sem agendas lotadas, sem serem invadidas com inúmeras atividades que elas não dão conta de realizar com prazer. Transformar crianças em troféus não tem nada a ver com a felicidade da criança, muito menos com o seu desenvolvimento emocional”, encerra.

ENTREVISTA
O Saúde Plena conversou por e-mail com uma das idealizadoras da campanha. Michelle, como ela se apresenta no CTWorkingMoms.com, é uma das fundadoras do site. Ela vive em Hartford Count com o marido e a filha. Ela acredita na igualdade, bondade e compaixão e tenta deixar que essas crenças guiem a sua vida diária.
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Um ano antes, começamos uma campanha pela maternidade sem julgamento e encorajamos mães a abraçarem seus corpos pós-bebês (clique e veja). Desta vez queríamos fazer algo sobre abraçar as nossas escolhas parentais e aceitar nossas diferenças.
Quando a campanha foi lançada?
A campanha foi lançada em Junho de 2013 e se tornou um viral duas vezes.
Quem são as idealizadoras da campanha?
Foi e ainda é um esforço de grupo de todas as mães que escrevem para o CTWorkingMoms.com!
O que motivou a campanha e qual o objetivo de vocês?
O propósito da campanha é de simplesmente encorajar mães a diminuir seus julgamentos e escolherem amor e compaixão. Nós todas temos o poder de transformar a maneira como pensamos e isso começa por simplesmente perceber nossos julgamentos no momento em que eles começam a aparecer. O que você faz então com esse pensamento/julgamento é escolha sua - se agarra nele e sente aquela negatividade ou deixa para lá em nome do espírito de irmandade. É difícil reduzir nossos julgamentos, mas vale a pena tentar.
Como foi a repercussão?
Nós temos nos sentido muito inspiradas pela quantidade de pessoas que tem aderido à nossa mensagem de amor em vez de julgamento. A campanha tornou-se viral em junho, depois que saiu no Yahoo.com, Huffington Post e no Daily Mail. Também foi compartilhada por muitos blogs e mães nas redes sociais. Mais recentemente, um artigo do site HerScoop sobre nossa sessão fotográfica tornou-se viral e nós fomos até incluídas em uma matéria da Al Jazeera americana. Nós estamos realmente honradas de termos tido essa oportunidade tremenda de espalhar uma mensagem com a qual nos importamos tanto.
Nós também firmamos uma nova parceria com TheBump.com. Eles nos procuraram por causa da nossa mensagem de amor. No começo de março vamos nos unir para um dia especial chamado Dia de Mães para Mães onde vamos encorajar todo mundo a aderir uma maternidade livre de julgamentos. Detalhes serão anunciados em cerca de uma semana.
Por que os homens não foram fotografados com os seus pontos de vista sobre a educação dos filhos? Para você é um tema exclusivamente feminino?
Por que o CTWorkingMoms.com é principalmente uma comunidade para as mães e nós nos concentramos em mães para esta campanha.