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Ao mesmo tempo em que serve como uma forma de aproximar parentes e amigos distantes do crescimento de uma criança, como comentou André, postar na rede pode não ter somente esse objetivo. Na visão de Luiz Carlos Brant, muitas pessoas estão ficando automatizadas e disponibilizam as imagens sem uma intenção concreta. “Há, muitas vezes, uma compulsividade pela tela, sem pensar nas consequências que isso pode levar.” O psicólogo diz que é preciso estabelecer a dimensão entre o público e o privado. “Pais que expõem, por exemplo, a higienização dos filhos, devem repensar essa postura. Ali, há um ato íntimo, muito particular do universo da criança. É um momento de toque e uma relação de afeto. Se socializo esse momento, quebro esse vínculo.” Antes de qualquer postagem, o especialista aconselha todos a repensar o porquê da publicação e o sentido dela.
A recomendação vale para todos os conteúdos disponibilzados on-line. “Observamos que muitas pessoas se escondem por meio da tela. E temos visto uma sociedade do espetáculo, em que os usuários das redes postam suas últimas férias em Paris como forma de acreditar na inserção social. É preciso se perguntar, antes de publicar, o que aquilo representa e o que quero alcançar.” Essa realidade já foi observada pela estudante Anna Loize, de 21 anos. Mãe da pequena Alice, que nasceu em 6 de janeiro, ela conta que todo mundo gosta de falar sobre a vida nas redes sociais, o que é natural. “Acaba que vira um ‘vício’, e fica, realmente, o receio de como será no futuro. Posto fotos da minha filha para que os amigos que não puderam vir vê-la possam conhecê-la. E as imagens são direcionadas apenas a quem conheço”, conta Anna.
EXCESSO
Segundo alerta a psicóloga, psicopedagoga e professora de comportamento organizacional do Centro Universitário UNA, Patrícia Alvarenga, o grande problema pode estar no excesso dessa exposição, o que não seria saudável, tanto para as mães e os pais, quanto para as crianças. “Os pais podem estar idealizando demais ou necessitam mostrar ao mundo aquilo que lhe faltava. Uma coisa é você colocar uma foto do nascimento, do aniversário. Outra coisa é colocar uma imagem todos os dias, a todo momento”, compara.
Ela diz que uma postagem de vez em quando mostra a vida social do internauta. “Mas quando isso já não é esporádico, pode ser um sinal de que algo está faltando. A mãe ou o pai parecem querer dizer ao mundo: olha o meu bebê, como ele é bonito”, diz. Patrícia aponta que esse comportamento repetitivo pode ser até mesmo uma leve depressão. “É preciso saber como está essa família, o seu seio familiar. Pode ter algo errado nessa história”, alerta.
No entanto, mesmo com os excessos, Luiz Carlos Brant não vê a situação como um caminho sem volta. “Sou esperançoso. O avanço tecnológico é diferente do cultural. Estamos em um momento de deslumbramento e encantamento com as redes sociais. Foi assim com a televisão na década de 1940, em que se discutiu muito a exposição das crianças na TV. Mas as tecnologias tendem a um equilíbrio. Esperamos que elas possam ser usadas na ordem da temperança.”