A decisão de permitir o cruzamento dos cães deve ser muito bem pensada, levando em conta o tempo necessário para cuidar dos filhotes e da mãe, os recursos que devem ser investidos em assistência veterinária e, principalmente, o futuro dos pequenos. Porém, mesmo tomando todas as precauções antes do nascimento da ninhada, podem haver imprevistos que causam intenso sofrimento, tanto para os donos, quanto para os cachorros. São as malformações congênitas — defeitos na constituição de órgãos ou tecidos que podem ser causados tanto por alterações genéticas quanto ambientais.
Problema enfrentado por Verônica Assis, de 32 anos. A comerciante teve uma ninhada de quatro filhotes de yorkshire em casa, e um deles nasceu com uma malformação na região do nariz e da boca. Narizinho, como foi chamada, tinha lábio leporino (abertura na região do lábio superior que se comunica com a cavidade nasal) e fenda palatina (fissura entre a cavidade oral e a nasal).“ O lábio leporino, por si só, não costuma trazer grandes complicações. O problema é que é extremamente rara a ocorrência isolada. Na grande maioria dos casos, ele vem acompanhado da fenda palatina, que é a verdadeira vilã. Os filhotes com essas alterações costumam ter problemas para se alimentar, como falta de sucção para obter o leite e refluxo de alimento pelo nariz”, explica a veterinária Sônia Monteiro.
Segundo ela, filhotes com essa condição podem até sobreviver e chegar à vida adulta, mas necessitam de um acompanhamento muito de perto dos donos, que devem alimentá-lo de duas em duas horas. “Mesmo realizando o procedimento indicado pelos médicos ao pé da letra, é bem comum que o animal não resista e morra. Substituir o cuidado e principalmente a alimentação materna é bem complicado e arriscado”, diz Sônia.
Foi o caso de Narizinho. “Eu até pedi férias para ficar em casa cuidando dela. Colocava o alarme para me acordar a madrugada toda e ficava dando mamadeira. O difícil é que, por tudo que passamos juntas, por todo o tempo que ficamos, pelas horas que eu a via lutando para viver, fiquei muito afeiçoada a ela. Ela chorava muito e era bem sofrido para nós também”, relata Verônica. “Um dia, acordei por volta das 8 da manhã com o despertador para alimentá-la. Tinha ido deitar às 6, porque passei a noite com a Narizinho. Quando encostei nela, já soube. Ela estava dura, fria. Quase surtei com aquilo. Fiquei muito tempo sem sair de casa e, até hoje, quando falo sobre isso, meus olhos ficam marejados.”
Situação semelhante aconteceu na quinta e última ninhada da shih-tzu Mel. “Interessante que foi a única ocasião em que a levamos para dar à luz em uma clínica veterinária, achando que isso poderia proteger mais a mãe e os filhotes”, afirma o universitário Caio Araújo. “Nasceram três cachorrinhos. Um deles com o lábio leporino. Infelizmente, não recebemos a orientação correta dos profissionais. Mesmo assim, alimentamos a pequena com mamadeira, gotinhas de soro e nos dedicamos muito. Ficamos muito próximos e muito carinhosos. De repente,o óbito aconteceu e ficamos desolados.”
O veterinário Gerson Vieira explica que, nos raros casos em que o cão consegue sobreviver à fase de filhote, ele pode ser operado para correção da fenda palatina e do lábio leporino depois dos 5 meses de idade. Antes disso, os tecidos e o maxilar ainda não estão completamente desenvolvidos. Segundo ele, casos de regressão da cirurgia são relativamente comuns, chamada de deiscência, quando os pontos não seguram o tecido e a fenda volta a se abrir. Gerson explica que, se a regressão ocorrer, um período de pelo menos três meses deve ser respeitado entre a primeira e a segunda cirurgia, para que o animal tenha tempo de reconstituir os tecidos afetados.
Segundo a veterinária Sônia, a ocorrência de fenda palatina e de lábio leporino em cães é considerada muito rara. “Não é um problema que normalmente nos deparamos nos consultórios, até porque é muito raro que o cãozinho com esses problemas consiga sobreviver. Porém, podemos dizer que 80% dos casos, talvez até mais, ocorrem em cães braquicefálicos, aqueles com a ‘cara amassada’”. Como exemplo, Sônia cita os buldogues, pugs, pequinês, boxers e shih-tzus.
Apesar das pequenas chances de sobrevivência, o veterinário Gerson Vieira garante que uma vez que a cirurgia foi bem-sucedida e a fase de recuperação superada sem complicações, a vida do cão pode ser completamente normal, sem nenhuma restrição de atividade física ou alimentação, e a maioria deles não fica com marcas visíveis do problema.
Verônica garante que apesar de todo o sofrimento com a perda de Narizinho, não pensaria duas vezes em agir da mesma forma ao se deparar com a mesma situação novamente. “Se tivesse outra oportunidade, com certeza, cuidaria de novo com a mesma dedicação e carinho. Talvez até mais. O laço que se forma com o cão é muito forte, muito bonito. Para a vida toda”, diz Verônica. E completa: “Ainda mais depois de descobrir os casos de cães com esse problema que se curaram e agora têm uma vida completamente normal. É um grande incentivo. Penso na Narizinho e no quanto sofreu, e gostaria de poupar outros animais do que ela passou.”
Problema enfrentado por Verônica Assis, de 32 anos. A comerciante teve uma ninhada de quatro filhotes de yorkshire em casa, e um deles nasceu com uma malformação na região do nariz e da boca. Narizinho, como foi chamada, tinha lábio leporino (abertura na região do lábio superior que se comunica com a cavidade nasal) e fenda palatina (fissura entre a cavidade oral e a nasal).“ O lábio leporino, por si só, não costuma trazer grandes complicações. O problema é que é extremamente rara a ocorrência isolada. Na grande maioria dos casos, ele vem acompanhado da fenda palatina, que é a verdadeira vilã. Os filhotes com essas alterações costumam ter problemas para se alimentar, como falta de sucção para obter o leite e refluxo de alimento pelo nariz”, explica a veterinária Sônia Monteiro.
Segundo ela, filhotes com essa condição podem até sobreviver e chegar à vida adulta, mas necessitam de um acompanhamento muito de perto dos donos, que devem alimentá-lo de duas em duas horas. “Mesmo realizando o procedimento indicado pelos médicos ao pé da letra, é bem comum que o animal não resista e morra. Substituir o cuidado e principalmente a alimentação materna é bem complicado e arriscado”, diz Sônia.
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Situação semelhante aconteceu na quinta e última ninhada da shih-tzu Mel. “Interessante que foi a única ocasião em que a levamos para dar à luz em uma clínica veterinária, achando que isso poderia proteger mais a mãe e os filhotes”, afirma o universitário Caio Araújo. “Nasceram três cachorrinhos. Um deles com o lábio leporino. Infelizmente, não recebemos a orientação correta dos profissionais. Mesmo assim, alimentamos a pequena com mamadeira, gotinhas de soro e nos dedicamos muito. Ficamos muito próximos e muito carinhosos. De repente,o óbito aconteceu e ficamos desolados.”
O veterinário Gerson Vieira explica que, nos raros casos em que o cão consegue sobreviver à fase de filhote, ele pode ser operado para correção da fenda palatina e do lábio leporino depois dos 5 meses de idade. Antes disso, os tecidos e o maxilar ainda não estão completamente desenvolvidos. Segundo ele, casos de regressão da cirurgia são relativamente comuns, chamada de deiscência, quando os pontos não seguram o tecido e a fenda volta a se abrir. Gerson explica que, se a regressão ocorrer, um período de pelo menos três meses deve ser respeitado entre a primeira e a segunda cirurgia, para que o animal tenha tempo de reconstituir os tecidos afetados.
Segundo a veterinária Sônia, a ocorrência de fenda palatina e de lábio leporino em cães é considerada muito rara. “Não é um problema que normalmente nos deparamos nos consultórios, até porque é muito raro que o cãozinho com esses problemas consiga sobreviver. Porém, podemos dizer que 80% dos casos, talvez até mais, ocorrem em cães braquicefálicos, aqueles com a ‘cara amassada’”. Como exemplo, Sônia cita os buldogues, pugs, pequinês, boxers e shih-tzus.
Apesar das pequenas chances de sobrevivência, o veterinário Gerson Vieira garante que uma vez que a cirurgia foi bem-sucedida e a fase de recuperação superada sem complicações, a vida do cão pode ser completamente normal, sem nenhuma restrição de atividade física ou alimentação, e a maioria deles não fica com marcas visíveis do problema.
Verônica garante que apesar de todo o sofrimento com a perda de Narizinho, não pensaria duas vezes em agir da mesma forma ao se deparar com a mesma situação novamente. “Se tivesse outra oportunidade, com certeza, cuidaria de novo com a mesma dedicação e carinho. Talvez até mais. O laço que se forma com o cão é muito forte, muito bonito. Para a vida toda”, diz Verônica. E completa: “Ainda mais depois de descobrir os casos de cães com esse problema que se curaram e agora têm uma vida completamente normal. É um grande incentivo. Penso na Narizinho e no quanto sofreu, e gostaria de poupar outros animais do que ela passou.”