Saúde

Candidata a miss revela medida desesperada e costura plástico na língua para emagrecer

Entrevistada em série britânica, jovem de 18 anos já gastou quase R$30 mil em plásticas. Saiba os riscos da atadura utilizada pela candidata

Letícia Orlandi

Meyer Nava, de 18 anos, costurou uma rede de plástico à língua para impedir que ela consuma alimentos sólidos 'demais'
Uma jovem de apenas 18 anos ganhou destaque nesta semana durante a preparação para o concurso de Miss Venezuela, só que pelas medidas desesperadas para vencer. Meyer Nava, moradora de um bairro pobre de Caracas, costurou uma rede de plástico à língua para impedir que ela consuma alimentos sólidos. A candidata já gastou quase R$30 mil em cirurgias plásticas para modificar o nariz e os seios e foi uma das entrevistadas em uma nova série da rede britânica BBC, Extreme Beauty Queens: Secrets of South America (algo como: 'Rainhas da beleza radicais: segredos da América do Sul'). Dividida em três episódios, a série mostra os treinos, os preparativos e as frustrações das jovens que participam do concurso.

 

Veja aqui reportagem do Saúde Plena que fala sobre essa e outras loucuras feitas para emagrecer

 

À modelo Billie DJ Porter, que apresenta a série na BBC, Meyer disse que quer chegar a 60 cm de cintura. No primeiro episódio, a apresentadora viveu na pele a rotina das candidatas. Auxiliada pelo preparador da atual Miss Venezuela, encarou exercícios físicosintensos, mas não atingiu o padrão. "Você precisa de mais 10 centímetros de busto", disse o preparador a Billie Porter, rindo. Sobre a atadura na língua, a jovem disse à apresentadora que estava perdendo peso mais rápido, mesmo comendo todo tipo de alimento. “É a mesma coisa, só que liquefeito”, afirmou a jovem. Ela completou que não mede esforços para ganhar o concurso e mostrar que “pessoas das favelas podem ser bem sucedidas”. A moça está, na verdade, arriscando-se a desenvolver uma série de efeitos colaterais e, além de tudo, conseguir o efeito contrário aos seus objetivos. Saiba o porquê.

Atadura oferece risco de infecção e associa a alimentação a uma ação dolorosa. E pior: os resultados não se mantêm a longo prazo
Lançada em 2009 por um cirurgião plástico de Beverly Hills (EUA), a atadura é um sucesso na Venezuela, país reconhecido pelo culto à beleza à qualquer preço. Além de procedimento perigosos para modelar o bumbum – que já provocou mortes, os venezuelanos investem também na rede composta por um material cirúrgico abrasivo. Ela é fixada com seis pontos à língua, tornando o consumo de alimentos sólidos muito doloroso.


Com dieta líquida forçada, o paciente emagrece na maioria dos casos, mas também tem dificuldades de fala e para dormir. O procedimento custa cerca de US$ 2 mil nos Estados Unidos ou 'apenas' US$ 150 em Caracas. Em sua recomendação inicial só pode ser usado por dois meses. Depois disso, o material começa a ser incorporado à língua, se não for retirado em tempo – o próprio criador do método adverte sobre isso. Mas o risco vai além. “Os implantes na língua, além de dolorosos e incômodos, podem ocasionar lesões graves, com risco de prejuízo na gustação, que faz parte do processo de alimentação”, alerta a médica endocrinologista Amanda de Souza Silva.

Amanda adverte também que, além de não ter nenhum benefício comprovado, a medida proporciona uma associação negativa da alimentação com algo doloroso e sem prazer. “Geralmente esses ‘milagres’ são mantidos por pouco tempo, pois ninguém consegue levar o radicalismo à frente. A pessoa, então, entra num ciclo vicioso e vai em busca de novas promessas”, define a especialista. Os próprios usuários do método radical já enxergam isso. “Não vai ser fácil quando a atadura for retirada. É muito fácil não comer quando você é impedido fisicamente”, confessou Vilmaris Ojeda, de 40 anos, em entrevista à Revista Time.

A redinha é chamada de atadura milagrosa, mas não tem aprovação de órgãos reguladores norte-americanos e brasileiros e traz ainda o risco de infecção e rejeição pelo organismo.

Histórias trágicas
Conhecida por suas belas mulheres, muitas das quais Miss Universo, a Venezuela coleciona também histórias trágicas envolvendo suas misses. O concurso existe desde 1952 e reúne entre 26 e 28 mulheres. Desde 2013, o Miss Venezuela é separado em duas categorias: o Miss Venezuela, seletiva para o Miss Universo, Miss Internacional e Miss Terra; e o Miss Venezuela Mundo, que seleciona para o Miss Mundo.

Em janeiro deste ano, o assassinato da ex-miss Mónica Spear gerou grande comoção no país. Mónica venceu o concurso em 2004 e vinha atuando como atriz, com grande sucesso. Ela e o marido, o empresário irlandês Henry Thomas Berry, foram mortos em uma estrada na região central da Venezuela. A ocorrência foi registrada como assalto e a filha da ex-miss, de apenas 5 anos, foi ferida na perna durante a ação dos bandidos.

 

Com informações da BBC Brasil