

A esquizofrenia revela seus primeiros sintomas no fim da adolescência e está associada a fator hereditário. Normalmente, o portador começa a ficar mais apático e deprimido. Sem cura, a doença tem entre suas características confusão mental, com delírios, alucinações, audição de vozes, perda da memória e dificuldade de fazer tarefas corriqueiras de forma organizada. De acordo com o diretor da Associação Mineira de Psiquiatria Paulo Roberto Repsold, as atitudes agressivas se relacionam, muitas vezes, com a personalidade de cada paciente.
O psiquiatra afirma que medicamentos e assistência psicossocial diminuem os riscos de comportamentos agressivos, mas é preciso melhorar a rede de saúde mental. “O tratamento ambulatorial avançou no SUS, mas faltam leitos para os momentos de surtos. Atualmente, as vagas são muito usadas para receber dependentes do crack”, afirma Repsold. O especialista ressalta que as drogas criaram um novo contexto. “Um esquizofrênico é mais vulnerável às drogas. Quem usa cocaína e crack tem chance maior de entrar em crise”, diz.

Mãe e irmã de esquizofrênicos, Maione Rodrigues Batista tem a visão um pouco diferente da doença e acredita que muitos pacientes precisam de estrutura para morar longe da família, em residências terapêuticas. O transtorno mental do filho foi identificado aos 15 anos, desencadeado pelo uso de drogas. “Mesmo medicado, meu filho continua a escutar vozes e já tentou me matar várias vezes. Dentro de casa, eles se revoltam e agridem quem está mais perto. A paranoia deles é com a família”, afirma. Para tentar resolver o problema, Maione fundou há oito anos uma casa de assitência onde hoje moram 20 portadores da doença. “O único que não ficou lá foi meu filho, que hoje mora em uma clínica no interior”, conta.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que está ampliando a rede de assistência à saúde mental, aumentando de 150 para 650 leitos psiquiátricos em hospitais gerais até o fim do ano. Já os centros de assistência psicossocial (CAPs) vão passar dos atuais 215 para mais de 300. A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informa que conta com serviço de urgência psiquiátrica e dá suporte ao paciente psiquiátrico nos postos de saúde, em nove centros de convivência, além dos três Centros de Referência em Saúde Mental Álcool e outras Drogas (Cersam-AD) e um Centro de Referência em Saúde Mental Infantil (Cersami).