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Professora clínica de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade de Medicina de Yale, nos Estados Unidos, Mary Jane Minkin trouxe essa discussão para mídia em entrevista ao ‘The Huffington Post’ (clique e saiba mais). A especialista afirmou recomendar às pacientes o uso do vibrador de três a quatro vezes por semana. Segundo ela, a falta de estrogênio no corpo durante a menopausa diminui o fluxo de sangue na região pélvica e o acessório atuaria justamente para aumentar esse curso sanguíneo.
Antes dela, no ‘The New York Times’ (clique e veja), a também ginecologista Deborah Coady, uma das autoras do livro ‘Healing Painful Sex’ (‘Curando o Sexo Doloroso’, em tradução livre) afirma que muitas mulheres que sentem dor durante o ato sexual se sentem isoladas e envergonhadas. “Quando o sexo dói, uma mulher pode tentar evitar intimidade completamente, o que pode pôr em risco um relacionamento existente ou impedi-la de entrar em um novo”, declarou. Ela também indica o vibrador para aumentar o fluxo sanguíneo para a área vaginal. Mas não só: a especialista recomenda exercícios como yoga, pilates ou qualquer outro que fortaleça a musculatura do assoalho pélvico.
Atualmente, as mulheres vivem mais de um terço de suas vidas após a menopausa. Por isso, problemas sexuais associados à diminuição de estrogênio são cada vez mais comuns. Adriana Lucena explica que a queda de estrogênio está diretamente relacionada ao trofismo vaginal que afeta principalmente a qualidade da relação sexual. “Dor, sensação de secura e aumento de incidência de infecção urinária são comuns nessa fase”, afirma. A especialista diz que o cheiro também muda, “é um odor mais forte”, e o líquido que a vagina produz fica com uma cor mais amarelada.
Lucena esclarece o que é uma vagina atrofiada: “A mucosa vaginal é composta por sete a dez camadas de células e tem aspecto rugoso, o que propicia lubrificação e boa elasticidade. Na menopausa, essa mucosa é reduzida a uma ou duas camadas de células – as mais profundas – e fica fina, sensível, além de perder elasticidade e lubrificação. As glândulas também se atrofiam com a falta de estrogênio e falta fluxo sanguíneo na vagina”.
Para ela, a hipótese de que uso do vibrador possa atuar nos sintomas de secura e atrofia vaginal durante a menopausa deve ser visto com ressalva já que não existem estudos consolidados que corroborem essa eficácia. “A primeira linha de tratamento é a hormonal”, afirma. Adriana Lucena diz que a mulher também tem a opção de usar hormônios locais ou cremes lubrificantes, mas alerta: “O tratamento é individual e cada mulher deve ser acompanhada de perto por um especialista”.
Professora da Faculdade de Ciências Médicas, autora e organizadora do livro ‘Fisioterapia aplicada à saúde da mulher’, a fisioterapeuta Elza Baracho vê com ressalvas que o uso do vibrador, sozinho, seja capaz de aumentar a lubrificação vaginal. “Ele pode ajudar a ativar, mas alcançar uma melhora brusca para essa secura é algo para ser pensado dentro de um tratamento que envolva também exercícios para a musculatura pélvica e uso de hormônios com acompanhamento médico”, diz. A especialista cita que existem pesquisas que comprovam, por exemplo, que os exercícios pélvicos melhoram a atividade circulatória. Já em relação aos vibradores, é algo que ainda precisa de mais investigação para ser recomendado como tratamento para os sintomas da menopausa. “O vibrador - associado ao uso de hormônios - pode melhorar o trofismo vaginal e aumentar a lubrificação. Só não pode ficar parecendo que toda mulher que comprar um vibrador vai resolver o problema”, alerta.
Adriana Lucena corrobora que os exercícios para a musculatura pélvica também têm esse efeito de melhorar a circulação sanguínea. “Teria até um efeito melhor, ativo. No caso do vibrador, a mulher faz menos esforço”, esclarece. A ginecologista também reforça que os exercícios para o períneo atuam ainda no sintoma da incontinência urinária, também comum nessa fase da vida da mulher.
TABU
A fisioterapeuta Elza Baracho diz que o uso do acessório é bem visto por quebrar uma série de tabus, pela oportunidade que ele dá à mulher de se manipular mais e, talvez, esse autoconhecimento possa melhorar a qualidade da vida sexual.
A ginecologista Mary Jane Minkin – que defende o uso do vibrador na menopausa - diz que sua meta é educar as mulheres de que o uso do acessório não é algo para se sentir vergonha. “Não é só diversão, eles podem inclusive ajudar a mulher durante alguns estágios desconfortáveis da vida”, declarou na entrevista ao ‘The Huffington Post’.
CUIDADOS
Adriana Lucena lembra que vibrador é pessoal, cada mulher precisa ter o seu e o instrumento precisa ser bem higienizado antes do uso. “Não tem esterelizador melhor que água e sabão”, indica. Lucena recomenda também que nunca se deve guardar o acessório sem lavar. “O uso de preservativo no vibrador também evita o risco de proliferação bacteriana”, alerta.
O uso do lubrificante nessa fase também é aconselhável. “Não só no uso do vibrador, mas em qualquer coisa que penetra a vagina – seja em um exame, alguma medicação ou o próprio pênis. A vagina atrófica é mais sensível”, observa.
Além da secura vaginal gerar dor no ato sexual, Elza explica que o contato do pênis com a pele ressecada pode provocar algum trauma. “A repetição do traumatismo vaginal pode ocasionar a recorrência de infecção urinária”, explica. A fisioterapeuta diz que incontinência urinária pode ser tratada com o fortalecimento da musculatura pélvica através de exercícios localizados.