O Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgou nesta terça-feira (4) a previsão para o surgimento de novos casos da doença em 2014. Se não houver mudança de alguns hábitos do brasileiro e nem investimentos em prevenção, o Inca estima que 576 mil novos casos da doença podem ser diagnosticados, neste ano.
Apesar da previsão de diagnóstico de mais de meio milhão de novos casos, os especialistas do Inca alertam, neste Dia Mundial do Câncer, que uma vida saudável, livre do fumo, com práticas regulares de exercício e sem o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, pode ajudar a reduzir a estimativa pela metade.
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“A informação é a principal aliada para lidar com a doença, cuja incidência no mundo cresceu 20% na última década. Até 2030, estima-se 27 milhões de casos novos no planeta, dos quais dois terços surgirão nos países em desenvolvimento. Por entender a importância da comunicação, a União Internacional para Controle do Câncer (UICC), idealizadora da campanha, propôs o mito “Câncer? Nem quero falar disso!” entre as crenças equivocadas sobre a doença que precisam ser desconstruídas”, observa o diretor-geral do INCA, Luiz Antonio Santini.
Para Claudio Noronha, coordenador de Prevenção e Vigilância do INCA, o aumento da expectativa de vida da população contribui para o crescimento do número de casos. “A melhoria das condições de saúde da população, tais como saneamento básico, desenvolvimento (tecnológico, assistencial e medicamentoso) da medicina promoveram o controle das doenças infectocontagiosas o que favoreceu o aumento da expectativa de vida. Como consequência, aumentou a ocorrência das doenças não transmissíveis (crônicas), dentre elas o câncer.”, explica.
A estatística da área de Vigilância e Análise de Situação do INCA Marceli Santos sinaliza um fator fundamental para lidar com a realidade e o futuro do câncer no Brasil: a informação. “A pessoa que tem informações sobre prevenção, fatores de risco e sabe onde buscar atendimento tem poder. Informação é poder”. O conhecimento favorece a prática de hábitos de vida saudáveis para prevenir a doença, a busca pela detecção precoce e a realização do tratamento no tempo adequado, aumentando a sobrevida com qualidade.
Números de casos em 2014
Sem considerar os casos de câncer de pele não melanoma, estimam-se 204 mil casos novos para o sexo masculino e 191 mil para o feminino. Em homens, os tipos mais incidentes serão, pela ordem, os de próstata, pulmão, cólon e reto, estômago e cavidade oral; e, nas mulheres, os de mama, cólon e reto, colo do útero, pulmão e glândula tireoide. Os números comprovam duas tendências observadas num estudo do INCA divulgado em novembro de 2012: redução na incidência dos casos novos de cânceres do colo do útero e de pulmão (em homens). “As iniciativas para prevenção e detecção precoce do câncer do colo do útero empreendidas no Brasil há mais de duas décadas e o efeito das ações de prevenção ao tabagismo puderam ser evidenciadas na redução da incidência desses dois tipos de câncer”, sinalizou Marise Rebelo, chefe da Área de Vigilância e Análise de Situação do INCA.
Tumores malignos mais frequentes por região:
O risco de câncer (taxas brutas) - número de casos por 100 mil habitantes variam bastante entre as regiões, pois as condições de saúde e do ambiente bem como hábitos e atitudes variam de acordo com a área geográfica. Apesar de o câncer de próstata ser o mais incidente entre os homens em todas as regiões e estados brasileiros, o risco varia desde 20,96, no Amapá, a 108,38, no Rio de Janeiro. No País, a taxa bruta calculada é 70,42.
O câncer do colo do útero é o terceiro mais incidente entre as brasileiras com um risco estimado de 15 por 100 mil (excetuando-se pele não melanoma), mas figura na Região Norte como o primeiro (taxa bruta de 23,57) e como o quinto no Sul (15,87 casos a cada 100 mil mulheres). Veja mais detalhes por região:
Norte
A ocorrência da doença varia bastante mesmo em uma única região. Em relação ao câncer de próstata, o estado do Tocantins lidera o ranking com risco estimado de 60,73 casos a cada 100 mil habitantes, enquanto no Amapá a doença afetará 20,96 homens em 100 mil. A taxa bruta esperada para a região é de 30,16 novos casos.
O câncer do colo do útero é uma grande preocupação na região. O risco estimado é de 23,57. Mas no Amazonas são esperados 35 casos a cada 100 mil mulheres, a maior taxa do País.
No mesmo estado, o câncer de estômago tem risco estimado de 13,19 entre os homens e de 7,11 entre as mulheres, ambos superiores ao risco regional, respectivamente 11,10 e 5,91. Já em relação ao câncer de pulmão, as maiores taxas ocorrerão em Rondônia, com 10,29 entre os homens e 6,59 entre as mulheres. Na região os números são 7,69 (homens) e 5,11 (mulheres). A Região Norte é a única na qual o ranking dos cinco tipos mais incidentes entre os homens inclui as leucemias.
Nordeste
O risco estimado para os casos novos de câncer de próstata no Nordeste é de 47,46 por 100 mil, mas o valor chega a 58,19 no estado de Pernambuco. Também em Pernambuco é esperada a maior taxa de câncer de mama (51,64). O Maranhão tem a menor taxa, com 17 novos casos a cada 100 mil habitantes. Em contrapartida, possui o maior risco estimado de câncer do colo do útero (26,25). Já Bahia e Paraíba possuem as menores taxas estimadas (14,43 por100 mil) A média regional é de 18,79.
Chama a atenção o risco estimado para o câncer de estômago no Ceará: 17, 23 para homens (o terceiro maior do País) e 10,43 para mulheres (o maior para o sexo feminino), enquanto as taxas regionais são 10,25 e 6,39, respectivamente. As menores taxas são do estado de Alagoas: 4,94 (para homens) e 3,36 (entre as mulheres).
O câncer de cavidade oral, quarto mais incidente na região entre homens, tem risco variando de 2,06 no Maranhão a 9,28 no Sergipe (para homens). Entre o sexo feminino (nono mais incidente na região), as taxas oscilam de 1,52, também no Maranhão, a 6,06 no estado da Paraíba (a segunda maior do País) Regionalmente as taxas são: 7,16 (homens) e 3,72 (mulheres).
Centro-Oeste
O câncer de mama tem risco estimado de 51,30 no Centro-Oeste, variando de 39,16 em Mato Grosso a 62,88, no Distrito Federal. Na capital do País registra-se o menor risco da região em relação ao câncer do colo do útero, onde são esperados 17,96 casos da doença a cada 100 mil mulheres. Já Mato Grosso do Sul tem a maior taxa da região e a segunda maior do País, com estimativa de 25,21 casos para o mesmo grupo populacional. A média regional é de 22,19.
Mato Grosso registra o menor risco esperado para câncer de cólon e reto: 7,86, para homens e 9,07, para mulheres, enquanto na região como um todo, os números por 100 mil são 12,22 e 14,82, respectivamente.
Sudeste
A região concentra a população de maior risco no País para diferentes tipos de câncer associados a melhores condições socioeconômicas, desenvolvimento e à urbanização: próstata (88,06/100 mil), mama (71,18) e cólon e reto (22,67, homens; e 24,56, mulheres). Por estado, o Rio de Janeiro lidera o número de casos esperados por 100 mil homens para o câncer de próstata (108,38); mama feminina (96,47) e cólon e reto (26,49 e 29,74 para homens e mulheres, respectivamente) e pulmão (22,19 no sexo masculino e 14,29 no feminino).
No lado de baixo da tabela, a região tem o menor risco para câncer de colo do útero: 10,15 e, por estado, Minas Gerais é o que está em melhor situação: 8,31 casos novos por 100 mil mulheres (o menor do país).
Sul
Nos estados do Sul chama a atenção a maior incidência de câncer de pulmão e de esôfago, devido à maior prevalência de fumantes na região e ao consumo regular do chimarrão. A taxa bruta para o tumor maligno de pulmão chega a 33,62 para homens (segundo no ranking dos mais incidentes) e a 21,35 para mulheres (terceiro no ranking). E para a doença de esôfago, 15,97 novos casos a cada 100 mil homens (figurando como o quinto no ranking por sexo). A taxa bruta para o câncer de próstata também é a mais alta entre todas as regiões do país (91,24 por 100 mil homens).
O Rio Grande do Sul possui o maior risco de câncer de pulmão no País em ambos os sexos (46,43 em homens e 28,52 em mulheres). Na mesma região estão a segunda e terceira maiores taxas: Paraná e Santa Catarina, respectivamente.
O estado gaúcho também registra a segunda maior taxa esperada para câncer de mama (87,72 por 100 mil mulheres) e a sétima menor para câncer do colo do útero (14,63). Os três estados da região detêm as maiores taxas de melanoma ,sendo o Rio Grande do Sul o primeiro (7,42 em homens e 6,78 em mulheres); Santa Catarina o segundo (7,40 em homens e 6,39em mulheres) e Paraná em terceiro lugar com risco de 5,19 em homens e 5,05 em mulheres.
Com informações da Agência Brasil e do Inca