

No caso dos acidentes exemplificados, a infertilidade do cordão espermático - estrutura que contém os vasos sanguíneos destinados à irrigação do testículo – só aconteceria se os dois testículos sofressem o trauma e tivessem um comprometimento sério, o que é muito raro nesse tipo de situação. “E mesmo no caso do trauma unilateral, o dano definitivo é incomum, porque o testículo, apesar de parecer vulnerável, conta com camadas de proteção e estruturas de mobilidade capazes de amortecer boa parte desses impactos”, detalha o especialista.
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O defeito de fixação no testículo é congênito, mas ainda não está definido, na literatura médica, se sua origem é genética. “Uma pessoa pode ter o problema e mesmo assim nunca sofrer uma torção”, acrescenta o professor da UFMG. A condição pode acontecer em qualquer idade e tem como principais sintomas inchaço com dor intensa e contínua.

O tratamento definitivo consiste em intervenção cirúrgica para destorção do cordão espermático e fixação interna do testículo na parede escrotal. Se o procedimento não for realizado em tempo, há o risco de perda da função de um dos testículos. “Caso isso ocorra, é indicado que o indivíduo faça a fixação do outro testículo, já que, na maioria dos pacientes, os dois lados têm o defeito congênito de fixação”, recomenda o especialista.
Diagnóstico deve ser preciso
As infecções, apesar de contarem com tratamento mais simples, também podem comprometer o funcionamento dos testículos. A condição pode estar associada a bactérias que causam doenças sexualmente transmissíveis, principalmente nos homens mais jovens. Em homens mais velhos, é comum que a infecção seja provocada por problemas ao urinar.
O principal sintoma é a intensa dor local e aumento do volume do testículo. “O que diferencia a infecção da torção é que, geralmente, a dor infecciosa começa um pouco mais leve e vai piorando em cerca de dois a três dias. A pele do escroto fica mais vermelha, com calor local”, detalha o professor.
O tratamento requer cuidados como o repouso e o uso de antimicrobianos e analgésicos. A demora e a desobediência às recomendações médicas podem levar à necrose do testículo e, consequentemente, causar atrofia.
Lima alerta, no entanto, que todos os incômodos agudos ou persistentes no testículo devem ser investigados. “As causas de dor e inchaço na região são variadas e o diagnóstico preciso é fundamental. Outras doenças, como o tumor testicular, devem ser sempre levadas em consideração, uma vez que atingem inclusive a população mais jovem e os adolescentes”, alerta o especialista.

Nova postura
Mas e o fantasma da infertilidade? As estatísticas mundiais indicam que aproximadamente 15% dos casais que desejam engravidar apresentam problemas de fertilidade. Se antes, aos olhos da sociedade, as culpadas geralmente eram as mulheres, nas últimas décadas a questão passou a ser incluída também nos check-ups da saúde masculina. As pesquisas nessa área ainda têm muito a avançar, mas os estudos indicam que, além de fatores genéticos, a varicocele, os processos infecciosos e mesmo o uso de determinadas substâncias como os anabolizantes são possíveis causas de redução da fertilidade no homem.
Ainda assim, cada caso é um caso. “A varicocele, por exemplo, caracterizada pelas varizes na região dos testículos, na maioria dos pacientes não causa a infertilidade. Mas o tratamento pode ajudar a melhorar a qualidade do sêmen”, pondera Daniel Xavier Lima. E sobre aquele estereótipo masculino que resiste em ir ao médico, o especialista diz acreditar que é uma espécie em extinção. “Ainda que muitas vezes eles cheguem ao consultório estimulados pela companheira, o homem tem se preocupado cada vez mais com sua saúde”, observa o urologista. Na dúvida, agende uma consulta, sem deixar para depois.