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Os novos dados foram publicados na revista americana Scientific Reports. A estratégia consiste na estimulação elétrica da coluna dorsal, principal via sensorial da medula espinhal. Os cientistas estimularam os ratos que tinham níveis empobrecidos de dopamina (características do mal de Par-kinson) durante seis semanas, duas vezes por semana, em sessões de 30 minutos.
“Notamos uma melhora a longo prazo, com um progresso da coordenação motora dos animais, além de uma reversão da perda de peso”, destaca Nicolelis, em entrevista ao Correio. O cientista também relatou avanços quanto à proteção dos neurônios. “Nossos resultados mostram que a terapia funciona ainda como neuroprotetora, garantindo que os neurônios permaneçam protegidos e não sofram outras lesões”, complementa.
O pesquisador defende que a estratégia de estímulo pela coluna é um modo de tratamento mais seguro e eficaz. “Mesmo que a estimulação profunda do cérebro possa ser muito bem-sucedida, o número de pacientes que podem tirar vantagem dessa terapia é pequeno, grande parte devido à invasão provocada pelo procedimento”, compara. “Nós precisamos de opções que são eficazes, seguras e acessíveis e que possam durar por um longo tempo. A técnica de estimulação da medula espinhal tem potencial para ajudar futuramente as pessoas que sofrem com a doença de Parkinson.”
Para Maurice Vincent, chefe do Serviço de Neurologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a constatação do efeito a longo prazo do tratamento merece destaque, pois representa um desafio na área neurológica. “ É muito difícil conseguirmos melhoras que perpetuem na área neurológica. Trata-se de um desafio constante, um alvo perseguido em nível mundial e extremamente necessário quando falamos em recuperação de desordens neurológicas”, explica.
O especialista acredita que a estratégia proposta por Nicolelis e a equipe liderada por ele podem trazer esperanças de tratamento do Parkinson aos humanos. “Ainda existe, sim, um longo passo para chegarmos ao tratamento com pessoas, pois o organismo dos animais em relação ao nosso difere bastante, mas temos uma estratégia que teve um avanço significativo”, avalia.
Próximas etapas
Nicolelis adianta que testes com macacos já foram feitos e terão resultados divulgados futuramente. O próximo passo será realizar exames com humanos. “Vamos dar foco, agora, aos exames clínicos, que possam trazer melhoras para o ser humano em suas desordens motoras neurológicas”, diz.
Quanto ao projeto Andar de novo, no qual Nicolelis pretende fazer com que um paraplégico consiga realizar movimentos por meio de um exoesqueleto dando o pontapé inicial na Copa do Mundo, o autor adianta que ele e sua equipe conseguirão cumprir o prazo. “Estamos também trabalhando nisso e acredito que conseguiremos seguir o cronograma, fazendo com que tenhamos esse passo, gerado pelo nosso exoesqueleto, até a Copa”, completa.