Novas tecnologias resultam em menos convivência entre pais e filhos

Resposta para esse quebra-cabeça está no resgate de alguns hábitos

26/01/2014 07:59

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Desafios praticamente intransponíveis no Candy Crush, atualização do blog e da timeline no Facebook, e posts no Twitter e no Instagram tomavam quase todo o tempo livre da relações-públicas Laura Barreto, de 44 anos. Em casa, as filhas Isabella, de 10, e Helena, de 8, bem que insistiam. “Mãe, para, você está muito viciada. Vem brincar com a gente.” Mas logo também caíam na tentação e saíam, cada uma para um lado, com seu respectivo tablet.


Se não bastasse a rotina atribulada que, por si só, já dificulta a convivência diária, as tecnologias entraram definitivamente na disputa pela atenção dos membros da família. Até agora têm levado a melhor e reduzido ainda mais o já comprometido tempo de relacionamento entre pais e filhos. Pesquisa inédita realizada no ano passado pelo centro americano de estudos sobre os meios de comunicação, Common Sense Media, revelou que 28% das famílias com crianças até 8 anos reconhecem que estão passando menos tempo juntas por conta das distrações provenientes das tecnologias.

Arte de Janey Costa sobre foto de Túlio Santos/EM/D.A Press
Embora Isabella tenha pedido um smartphone de Natal, a relações-públicas Laura Barreto acabou comprando um tabuleiro de damas e se divertindo com as filhas (foto: Arte de Janey Costa sobre foto de Túlio Santos/EM/D.A Press)
A maioria, 58%, ainda não vê nenhum efeito no contato diário, mas a verdade é que os impactos têm tudo para crescer à medida que os pequenos ganham autonomia e abandonam a infância. Mas não são apenas os filhos os responsáveis por esse afastamento. Os pais também cederam às tentações das redes sociais e têm sim parcela de culpa nesse fenômeno, que chega a comprometer, inclusive, a vida conjugal. “O pai é o responsável por estabelecer as regras. Quando ele é afetado, o caso se torna mais preocupante, pois não pode cobrar do filho uma postura que não tem”, reconhece Marina Reis, psicóloga especializada em relações familiares e professora do Centro Universitário Newton Paiva. Sem um exemplo em casa, a criança perde a referência e os pais, a firmeza na educação.

Laura bem que tenta e o esforço é reconhecido pelas filhas, que seguiram os passos da mãe e deixaram um pouco de lado os brinquedinhos eletrônicos. “De dois anos para cá ela melhorou muito e tenta fazer mais coisa com a gente. Eu jogava muito joguinho e praticamente deletei tudo porque não dava atenção para as pessoas”, reconhece a mais velha. Helena também está mais próxima da irmã e não sente falta do isolamento que vivia em frente ao computador. “Uma vez, senti vontade de brincar com a Isabella e parei de jogar on-line”, conta, com toda simplicidade.

Para Laura, que também é blogueira, a tarefa é árdua e exige policiamento constante. “Hoje, tenho algumas preocupações. No Natal, por exemplo, dei um tabuleiro de damas para a Isabella, apesar de ela ter pedido um smartphone. Com isso, fomos aprender a jogar juntas”, afirma. Sem uma rotina preestabelecida, a relações-públicas reconhece que ainda leva uns puxões de orelha das filhas, mas está dando passos importantes rumo a uma convivência mais presente. “Fugir da tecnologia é impossível. O que temos que fazer é tentar resgatar alguns hábitos. À noite, deitamos juntas na cama para contar sobre o dia, chamo para fazer brigadeiro, saímos para andar de bicicleta juntas”, enumera Laura. Posturas que têm impacto direto sobre a formação das filhas e sobre o conceito social da família.