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A preocupação em se encaixar é tão grave que pesquisa realizada, ao redor do mundo, pela marca de cosméticos Dove mostrou que apenas 4% das 6.400 mulheres entrevistadas se sentem seguras o suficiente para se definirem como belas. Entre as brasileiras, a porcentagem é maior, 14%, mas ainda baixa. Ou dado preocupante: 59% afirmam sentir pressão para ser bonita. O levantamento, intitulado “A Verdade sobre a Beleza”, mostra, porém, uma luz no fim do túnel: 72% das mulheres se dizem satisfeitas com a própria beleza, ainda que não se considerem necessariamente bonitas.
E essa satisfação pode ser retratada em pequenos atos, como o da estudante Lara Percílio, 23 anos, que voltou a assumir os cachos — veemente negados desde que tinha 12 anos. Ou da modelo plus size Babi Monteiro, 39 anos, que cansou de ouvir das agências que “precisava perder 5kg” e se convenceu de que ser magra não condizia com a sua estrutura. “Resolvi que se fosse para fazer sucesso, que fosse do jeito que eu sou”, setenciou. Já a servidora pública Júlia Maass, 25 anos, descobriu logo cedo, ainda na adolescência, que não fazia parte dos “padrões” sociais. Assumiu-se do jeito que é e vai muito bem, obrigado. E não há idade estabelecida para se aceitar. Os cabelos brancos de Ana Lúcia Laudares, 72 anos, não são por descuido ou desleixo. “Cada idade tem a sua beleza. E eu estou na beleza dos 70.”
Até quem sempre viveu da aparência deu o seu grito libertador. Aos 51 anos, a ex-modelo e empresária Luiza Brunet faz questão de sair em capas de revistas sem nenhum tipo de tratamento de imagem, assumindo as rugas como elas são. Recentemente, resolveu retirar as próteses de silicone, um dos recursos que levam a uma imagem mais sexy da mulher. Quer continuar com uma silhueta feminina, porém mais refinada e natural.
Gordinha não, curvilínea!
“As pessoas entregam a autoestima na mão dos outros. Ela é minha, é muito pessoal. Passo uma imagem positiva e feliz e não fico me comparando aos outros. Sou a mulher de hoje.” É o que afirma a advogada e modelo plus size Babi Monteiro, 39 anos. A vencedora do Miss Brasil Plus Size 2012 conta que começou a modelar aos 7 anos, mas como hobby. Aos 18, interrompeu a carreira por conta da morte do pai. Nessa época, era magra para os padrões de seu corpo atual. “As agências sempre diziam que eu precisava emagrecer mais 5kg, mas vi que era impossível para a minha ossatura. Sou grande. Resolvi que se fosse para fazer sucesso, que fosse do jeito que eu sou. Foi exatamente o que aconteceu”, conta.
Aos 35 anos, depois de escutar dos amigos e da família que deveria voltar a ser modelo, Babi resolveu dar mais uma chance para a carreira, apesar da idade. “Eu pensava que não era o padrão das capas de revistas, elas são todas magras e altas. Mas, mesmo assim, resolvi mandar algumas fotos para agências em São Paulo e Nova York e, depois de alguns trabalhos, fui chamada para participar do Miss Brasil Plus Size 2012.” Sem dar muita importância ao concurso, Babi conta que foi mais para passear do que para competir. Ela ganhou. E, depois do título, a carreira deslanchou.
Mesmo sendo modelo plus size, categoria que abrange manequins acima do 44, a pressão com o peso continua. Mas Babi não se ofende com os pedidos dos familiares para perder alguns quilos. “Eu não me importo muito com o exterior, prefiro me preocupar com a minha cabeça. Se eu tiver de emagrecer por questão de saúde, não tem problema. No momento, não faço dieta, mas cuido da alimentação. Quando você se gosta, tudo fica mais bonito.”
Bem resolvida, a modelo não se preocupa com o peso. É vaidosa, animada e alegre — e ainda não casou, o que a torna alvo de mais pressão por parte da sociedade, que rotula aquelas mulheres que não carregam um anel no dedo. Não foi por falta de oportunidade: Babi já foi pedida em casamento três vezes, mas nunca achou que era a hora certa de juntar os trapos. “Nunca pensei no casamento como a solução dos meus problemas. Prefiro fazer as coisas direito, ter certeza de que vai durar.”
A miss conta que se considera uma mulher real e um exemplo de como são as brasileiras: alegres, despojadas e curvilíneas. A autoestima está alta, mas Babi afirma que se aceitar não significa ignorar que existem características que podem ser melhoradas. “É tentar melhorar dentro das suas possibilidades e nunca se acomodar. A gente deve escutar as críticas e decidir por si mesma o que deve mudar.”