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Entre elas, a produção de uma proteína de extrema importância para a saúde do órgão, chamada de fator neurotrófico derivado do cérebro, na sigla em inglês (BNDF). “Ela é um componente fundamental da neurogênese, ou seja, formação de novos neurônios. Até há alguns anos, acreditava-se que essa dinâmica era interrompida em uma certa idade”, afirma Aguilar Pinheiro, neurocientista do Instituto Brasileiro de Gestão Avançada (IBGA). Hoje é sabido que a autorregeneração cerebral é possível. “A proteína BDNF está presente em todas as idades, mas é fato que, quanto mais velha, mais a pessoa deve auxiliar o cérebro a produzi-la”, alerta Aguilar. Os exercícios aeróbicos são uma ótima ferramenta para esse fim.
É no hipocampo, na região conhecida como giro dentado, que a BDNF vai atuar, estimulando a formação de novos neurônios. “Ela age sobre as células-tronco armazenadas ali, fazendo com que elas deem origem a milhões de pequenos neurônios que são direcionados a áreas em que estão sendo requisitados”, explica o neurocientista. Os efeitos sobre a massa cinzenta não param por aí.
A proteína BDNF ainda é responsável pela ação de regeneração de danos cerebrais, como neurônios com problemas de conexão ou enfraquecidos. Esses danos, em geral, são causados por dor e lesões, entre elas o acidente vascular cerebral (AVC). “Fazer exercícios aeróbicos auxilia nesse processo, já que o sangue carregado de neurotransmissores ricos em BDNF entra na corrente e chega até os neurônios, irrigando-os, dando um banho de vitalidade à região”, afirma Aguilar.
Jarbas de Carvalho Filho, professor da Academia do Complexo Esportivo da PUC Minas, lembra que as sinapses – impulsos nervosos que passam de um neurônio para o seguinte por meio dos neurotransmissores – também são beneficiadas. “E com isso há uma melhoria na memória. Esses resultados podem ser verificados, inclusive, em crianças”, reconhece Jarbas. Pesquisas com pequenos com idade entre 9 e 10 já demonstraram os efeitos das atividades aeróbicas sobre o cérebro.
O médico-cirurgião e diretor técnico do Instituto Mineiro de Obesidade, René Berindoague, é adepto da corrida de rua há mais de 10 anos e reconhece que tem mais vitalidade para encarar a rotina diária, inclusive no que diz respeito aos estudos. “Às vezes, me dedico à leitura e pesquisas depois de meia-noite até uma hora da manhã e me sinto bem. Não tenho dúvidas de que a produção intelectual é aprimorada”, afirma. Aos 45 anos, ele garante que ainda não sentiu os efeitos da idade sobre a memória. “É normal que com o passar dos anos isso se perca, mas ainda não tive essa reação”, afirma.
SEM MOLEZA
Não basta sair andando na rua e esperar os resultados. A atividade física deve provocar alterações no corpo, como aumento dos ritmos cardíaco e respiratório. “O ideal é que seja de média a baixa intensidade. Isso significa que a pessoa não precisa chegar no estágio em que está ofegante. Deve conseguir falar enquanto está se exercitando”, orienta Jarbas. Mas também não deve ser uma prática tão leve a ponto de ser irrelevante para o organismo. “Nesse ritmo adequado, é fundamental fazer pelo menos 30 minutos três vezes na semana”, aconselha. Os resultados também não são imediatos. Os efeitos de abandonar o sedentarismo são vistos em 12 semanas, por isso é importante manter a persistência.