

O cirurgião plástico José Eduardo Paixão tem mais de 20 anos de experiência e explica que o tipo físico e outras características específicas da paciente devem ser levadas em consideração. “Muitas mulheres chegam ao consultório sem saber que a largura do tronco, por exemplo, o tipo e a quantidade de pele disponíveis, o peso e até algumas doenças pré-existentes podem afetar a escolha da técnica a ser utilizada”, afirma o médico.
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A estudante Paula Lemos, de 22 anos, é um dos exemplos deste tipo de preocupação. Ela já chegou ao consultório com uma ideia do que queria, mas, a partir do direcionamento do médico, foi mais fácil definir a melhor técnica. Além disso, ela conseguiu tirar as dúvidas referentes às futuras experiências de mamografia e amamentação. “As expectativas foram 100% atendidas e o resultado estético favoreceu minha segurança”, afirma Paula. A estudante, que passou pela cirurgia no último mês de setembro, diz que o pós-operatório foi tranquilo. “A dor é suportável e o incômodo foi maior apenas na primeira semana. Após a cirurgia, temos várias consultas de acompanhamento, mesmo que esteja tudo correndo bem. Eu mesma já retornei cinco vezes - e isso ajuda a tranquilizar”, conta.

Queixas comuns
Além do tamanho, uma das queixas mais comuns é a ptose, ou queda das mamas. Frequente após a gravidez, essa queda dependerá de quanto a mulher engordou durante a gestação, das características da pele, da proporção de colágeno e de hormônios e também do tipo de mama – mais glandular ou mais gordurosa. “Alguma alteração – seja queda, seja atrofia - sempre haverá após o período gestacional. Mas ela varia de acordo com essas características individuais e a correção pode ser realizada sem a necessidade de próteses de silicone”, afirma Paixão.
O cirurgião alerta que, ao contrário de alguns mitos que circulam por aí, a amamentação não traz prejuízos, pelo contrário, só tem benefícios para a mulher e o bebê. A queda da mama pode acontecer até mesmo em mulheres jovens e sem filhos, por influência dessas predisposições genéticas. “A pele mais flácida ou um grande emagrecimento, por exemplo, podem determinar a necessidade de correção”, esclarece.
Antes de realizar o procedimento, o grau da queda deve ser avaliado, por meio do sulco mamário (aquela dobrinha entre a parte de baixo do seio e o tórax). Se o grau for baixo, uma pequena incisão e a colocação de próteses podem ser suficientes. Se for mais alto e houver excesso de pele, pode haver necessidade de técnicas que implicam cicatrizes maiores. “Colocar ou não a prótese vai depender das características da mama, da quantidade de tecido existente e do desejo da paciente”, reforça José Eduardo.
O tamanho da aréola e a posição dos mamilos – que podem ser invertidos - também aparecem com frequência entre os incômodos das pacientes, bem como aquela gordurinha ao lado das mamas. O médico explica que, como esses detalhes e mesmo o formato da mama são muito variados – algumas têm base fina e são projetadas para a frente; outras têm a base mais larga e são pouco arredondadas; outras ainda são muito separadas, próximas das laterais do corpo – é importante buscar um profissional que conheça todas as técnicas possíveis e chegue à conclusão, junto com a paciente, de qual será a melhor abordagem. “Uma pessoa bem esclarecida será muito mais feliz no pós-operatório”, define Eduardo Paixão.
Por cima ou por baixo?
Outro 'detalhe' que deve ser decidido em função do perfil da paciente - e não só considerando fatores estéticos - é a posição da prótese. Ela pode ser colocada sob a glândula mamária ou sob o músculo (veja na galeria de imagens). Eduardo Paixão explica que a opção dependerá da quantidade de pele disponível para cobrir o novo tamanho do seio, mas também de outras características.
A posição da prótese pode variar de acordo com o tipo da mama da paciente e o desejo de ter um aspecto mais ou menos natural. Por outro lado, se a paciente é esportista e tem uma carga intensa de atividades físicas, há um risco maior que a prótese colocada sob o músculo se desloque e fique desalinhada em relação à mama – efeito chamado de 'dupla bolha'.
Um outro tema bastante controverso é o efeito do silicone no diagnóstico do câncer de mama. Se há um histórico relevante de câncer na família, por exemplo, boa parte dos médicos indica a colocação abaixo do tecido muscular. Quando não há esse histórico, as opções aumentam. “Hoje, a prótese colocada logo abaixo da glândula já não atrapalha a mamografia. Os aparelhos para realização do exame são mais precisos, muitos utilizam tecnologia digital; e os técnicos já estão preparados para realizar o procedimento nesta parcela do público feminino, que é cada vez maior”, opina José Eduardo Paixão.
De acordo com o cirurgião plástico, o fato de o implante exigir um acompanhamento periódico para avaliação pode até facilitar o diagnóstico precoce. A polêmica segue, no entanto. Em maio deste ano, o periódico científico British Medical Journal publicou um estudo canadense que fez uma conexão direta entre a colocação das próteses e a dificuldade de diagnóstico precoce. A presença do silicone aumentaria em 26% a chance de um diagnóstico tardio.
Mesmo apontada como 'limitada' – uma vez que sua conclusão baseia-se em 12 outros estudos diferentes, sem detalhamento do perfil das participantes (idade e histórico familiar) e da periodicidade com que realizavam exames de ultrassom – a pesquisa reacendeu o debate. Quando há casos anteriores na família, é preciso avisar o cirurgião plástico. E o mais importante: de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, todas as mulheres acima de 40 anos, com silicone ou não – devem realizar a mamografia periodicamente.
Recall: obrigação ou opção
Sobre a troca periódica da prótese, Paixão diz que há algumas controvérsias dentro da comunidade médica. Há um grupo que defende a substituição a cada dez anos; enquanto outro prefere acompanhar a paciente e só realizar a substituição em casos específicos. “Os exames periódicos de ultrassom e mamografia são grandes aliados neste acompanhamento”, afirma o médico.
O problema mais frequente em relação ao uso do silicone por longos períodos é o endurecimento da cápsula que o organismo forma naturalmente em torno da prótese, a chamada contratura. “Esse endurecimento pode provocar dores mais ou menos agudas, que podem ser tratadas com medicamentos, nos casos mais leves; e com cirurgia, nos casos mais severos. É possível também prevenir, com massagens, mas não há garantia de que não vai acontecer”, aponta Paixão.
Idade e riscos
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), entre 2008 e 2012 houve um aumento de 141% no número de procedimentos realizados nos jovens entre 14 e 18 anos - de 37.740 para 91.100 procedimentos. Já para o público adulto, no mesmo período, o aumento foi de 38,6% - de 591.260 para 819.900 procedimentos realizados. A taxa de crescimento entre os jovens foi mais de três vezes maior.
Este é outro assunto polêmico, mas, segundo José Eduardo Paixão, a maioria dos médicos segue a recomendação de que adolescentes a partir dos 17, 18 anos já podem se candidatar à cirurgia. “Nesta idade, as glândulas mamárias já estão plenamente formadas, haverá apenas acréscimo ou diminuição de gordura. Em alguns casos, como no da gigantomastia (tamanho excessivo dos seios), que afeta a qualidade de vida da adolescente, é importante fazer a consulta assim que possível”, diz o especialista, reforçando a necessidade de uma avaliação psicológica e da conversa franca com a paciente e os responsáveis.
Embora não exista um limite para a realização da cirurgia estética nos seios, José Eduardo lembra que os riscos aumentam com a idade. “Assim como outros problemas também podem impedir a realização da cirurgia: um quadro de hipertensão severo e sem controle; diabetes também sem controle; doenças renais; problemas cardíacos; episódios de trombose e embolia pulmonar. Dependendo do caso, não vale a pena correr o risco em função de uma questão estética”, pondera Paixão. Se, no entanto, essas condições estiverem bem acompanhadas e controladas, a paciente pode se candidatar à intervenção.
Por outro lado, há mulheres que, embora não tenham nenhuma queixa grave, buscam a cirurgia apenas porque as amigas fizeram ou porque viram em uma revista. “Há vários casos em que julgo a cirurgia como desnecessária e, sem uma indicação correta, os resultados podem não ser satisfatórios. E aí o maior desafio será convencer a paciente disso”, diz o médico, revelando que enfrenta resistência nessas situações. “Acima de tudo, está a saúde”, conclui José Eduardo Paixão.
Você pode tirar outras dúvidas, inclusive sobre a redução de mamas nos homens, no site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que tem uma sessão específica sobre as mamas.