"Bactéria não entra de férias, muito menos sabe o que é Natal ou ano novo", brinca o Dr. Bactéria - pseudônimo do biomédico Roberto Martins Figueiredo – que alerta para os riscos de contaminação de alimentos nas festas de fim de ano, incidentes mais comum do que se imagina. Ceias que se estendem madrugada afora, alimentos que passam horas sobre a mesa em temperatura ambiente, reaproveitamento no dia seguinte e ainda o calor dessa época do ano são todos fatores propícios para os micro-organismos. Mesmo preparados com todo cuidado, carinho e controle rígido de higiene, os alimentos podem se tornar indigestos.
ASSADOS
As carnes não costumam faltar nas comemorações de fim de ano. “O tempo máximo que um assado pode ficar à temperatura ambiente é de 2 horas”, alerta o biomédico. “Quem for encomendar o pernil, leitão ou qualquer outro assado a terceiros deve combinar o horário da retirada do prato. O correto é levá-lo para casa ainda quente, recém-saído do forno. Ou seja, nada de levar para casa o assado depois que ele ficou mais de duas horas à temperatura ambiente, à sua espera”, explica.
Ao chegar em casa com o assado, afirma o Dr. Bactéria, o correto é colocá-lo na geladeira, a uma temperatura entre 4º e 5º. “Antes de servir o alimento, reaqueça-o a mais de 75º. É necessário calcular um intervalo de no máximo meia hora entre a entrada triunfal do prato na sala de jantar e o início da refeição”, ensina.
Depois que todos se satisfizeram, o correto é retirar os alimentos da mesa. E uma dica preciosa: “eles devem ser colocados na geladeira descobertos. Duas horas depois, já podem ser tampados”, recomenda.
O recheio dos assados devem ser retirados e guardados em outro recipiente também na geladeira. “Esse recheio serve de isolante térmico e não deixa o ar frio chegar na parte interna da carne”, pontua.
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SOBRAS
As famílias que vão almoçar no dia seguinte os alimentos que sobraram da ceia devem reaquecê-los a mais de 75º e serví-los em seguida. “Se as sobras forem consumidas depois de quatro ou cinco dias, é necessário congelá-las”. A recomendação do Dr. Bactéria é colocar tudo em sacos plásticos próprios para freezer, tomando o cuidado de eliminar o ar de dentro e etiquetar com o nome do produto, a data de congelamento e a data de validade. “Mas lembre-se: o que sobrar desta vez deve ir para o lixo”, conclui.
REGRA DAS DUAS HORAS DE EXPOSIÇÃO
O tempo de exposição dos alimentos perecíveis sobre a mesa – como maionese, salpicão, salada de batata - deve respeitar também o limite máximo de duas horas. Nesses casos, o Dr. Bactéria recomenda uma “cama de gelo” para aumentar a segurança para o consumo. “A pessoa escolhe uma travessa, coloca gelo dentro e, por cima, põe o prato que será servido. Nesses casos, a durabilidade aumenta para três horas, no máximo, quatro”, diz.
FRUTAS
Não é preciso dizer que as frutas devem ser bem higienizadas antes do consumo. “O ideal depois de comprar é colocar direto na geladeira. Só depois de refrigerada é que elas devem ser lavadas”, afirma. O biomédico explica que lavar a fruta em água corrente – ou seja, na mesma temperatura em que o alimento está - faz com essa água seja absorvida na casca da fruta. “A gente tem que abaixar a temperatura da fruta antes de lavar e é preciso paciência para higienizar uma a uma”, reforça.
Depois de lavar as frutas, vale a máxima: mergulhe em uma solução de um litro de água e uma colher de sopa de água sanitária por cinco minutos. “É preciso novo enxágue”, observa o especialista.
RABANADA
“A fatia de pão não deve superar o dedo polegar e a temperatura deve ser de 180 graus para matar uma possível salmonela presente na gema do ovo”, recomenda o médico. Além disso, o Dr. Bactéria afirma que o alimento deve ser mantido na geladeira antes mesmo de servir.
CASTANHAS
Alimentos de baixa perecibilidade podem permanecer à temperatura ambiente. “O que sobra dever ser levado para a geladeira e sugiro que sejam armazenados em frascos de vidro”, fala o médico.
Pode parecer exagero, mas o Dr. Bactéria faz questão de dizer que as nozes compradas no ano anterior não podem ser consumidas. “Elas só duram três meses. Se congeladas, podem ser consumidas em até seis meses”, diz.
SOBREMESAS
Os doces também devem respeitar o tempo máximo de duas horas em temperatura ambiente com uma ressalva: “eles precisam ser colocados em cima de uma cama de gelo”, observa o médico.
LEMBRE-SE:
Tudo que vai para a geladeira tem que ir descoberto. “A movimentação de ar frio tem que chegar ao alimento para roubar o calor dele”, esclarece o biomédico. Roberto Martins explica que uma tampa suada significa proporcionar condições para as bactérias e alerta sobre o mito de que colocar alimento quente dentro da geladeira estraga o eletrodoméstico.
DOENÇAS ALIMENTARES
A sintomatologia das doenças alimentares é muito grande, de acordo com o Dr. Bactéria. No entanto, sinais como diarreia, vômito e febre devem ser observados. “O importante é NUNCA se automedicar”, ressalta ele. Crianças menores de 5 anos, idosos acima de 60, mulheres grávidas e pessoas imunodeprimidas devem procurar um médico diante de algum desses sintomas.
E lembre-se da receita do soro caseiro ou chá de hidratação oral para evitar a desidratação: um litro de água, uma colher de chá de sal e seis colheres de chá de açúcar. “Sara muita gente e pode-se tomar à vontade”, encerra o especialista.