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Mas será que essas imagens configuram uma exceção? A prática de MMA pode ser saudável entre as crianças? Se elas são matriculadas em outras artes marciais e atividade físicas, muitas vezes a partir dos 3 anos de idade, qual seria o problema? Fomos até uma das poucas academias brasileiras que oferecem aulas de introdução às artes marciais para menores de 6 anos e introdução ao MMA para alunos entre 6 e 12 anos. Buscamos também a opinião de especialistas para avaliar a competição que é considerada a versão masculina dos concursos de pequenas misses. Você confere tudo agora, nesta reportagem dividida em quatro partes:
MMA para crianças: academia pioneira
MMA para crianças: opinião de médicos pediatras
MMA para crianças: opinião da Federação Mineira de Judô
O MMA infantil reúne cerca de 3 milhões de participantes nos Estados Unidos. Assim como a modalidade profissional, cujas disputas são televisionadas em todo o mundo por meio do Ultimate Fighting Championship (UFC), este é um dos esportes que mais crescem no país. O trabalho de Montalvo, fotógrafo peruano residente em Nova York, recebeu o nome de 'Cage Rage' (em tradução livre: 'Fúria da Grade') e mostra meninos lutando em ringues especialmente montados para eles.
Veja a galeria de fotos que mostra as disputas de MMA entre crianças norte-americanas e russas
Veja fotos das aulas infantis de MMA no Brasil
Montalvo afirma que o projeto explora as fronteiras da violência infanto-juvenil na sociedade americana após o recente massacre de New Town – em que um jovem de 20 anos entrou atirando em uma escola e matou 26 pessoas, sendo 20 crianças.
Nas fotos, é possível observar que as lutas acontecem sem proteção. As crianças aplicam chutes e técnicas de estrangulamento, acompanhadas de perto por um público empolgado. Os apelidos desses pequenos lutadores variam entre “Viúva Negra”, “Fera” e “Coletor de braços”. É comum que o derrotado caia no choro. Em entrevista à TV americana, o fotógrafo contou que assistiu ao árbitro de uma luta perguntar a um dos pequenos lutadores se ele estava bem e queria continuar. Diante da hesitação da criança, o pai começou a gritar palavras de incentivo para que ele permanecesse no ringue. Outro detalhe: depois de cada combate, as crianças devem se cumprimentar. Quem se recusa, é obrigado pelos pais e juízes.
Montalvo completou que sua impressão sobre o cenário era simples e direta: o espírito ultra-competitivo vem, principalmente, dos pais. “Eles amam seus filhos com todo coração e querem vê-los vencedores sempre. Mas veem a prática também como defesa contra valentões e como futura oportunidade de ganhar milhões. Estima-se que a indústria do UFC movimente 1 bilhão de dólares”, contou o artista.
Embora alguns ex-atletas e professores norte-americanos garantam que as aulas não seguem os padrões das disputas profissionais e são apenas mais uma forma de brincadeira e atividade física; basta fazer uma busca rápida no YouTube para achar vídeos de crianças de 6,7 anos se degladiando sem proteção na cabeça, braços e pernas. Apenas o protetor bucal pode ser observado.
O segundo mostra a luta de Minas Avagyan, de 6 anos, e Hayk Tashchyan, de 7, no octógono montado pela Armenian Fighting Championship (ArmFC), da Armênia. Este último provocou revolta entre médicos, organizações não governamentais e também entre atletas de MMA, pela falta de proteção e ‘endeusamento’ dos meninos. Minas vence a luta e comemora simulando o ‘enterro’ do adversário. O próprio presidente do UFC, Dana White, criticou a luta. "Nojento para c...! Os pais deles deviam apanhar com uma vara!!!", escreveu White em um fórum especializado, argumentando que esse tipo de coisa denigre a imagem do esporte que luta para vencer preconceitos.