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Para Luiz Augusto, não se força ninguém a ser campeão. “Um campeão se faz naturalmente. O que a prática oferece é um bom repertório motor, tratado de forma pedagógica: ações de baixo impacto, médio impacto e grande impacto, aliadas a uma filosofia para não estimular a violência e agressividade”, explica. Para ele, as crianças tendem a desenvolver agressividade e competição em determinadas fases, até mesmo para serem aceitos em grupos, nem que seja provocando o medo. “Não podemos oferecer atividades que favorecem a formação de bad boys, líderes de gangues ou de bullying. O menino que, neste ambiente competitivo do MMA, se sentir frustrado por não conseguir derrotar crianças maiores, pode descontar sua raiva nas menores”, alerta o professor.
O presidente da Federação é contra a competição, no judô, de crianças menores de dez anos. O estímulo antes dessa idade é feito por meio dos festivais, em que todos ganham premiações. É mais uma apresentação do que um combate. “Não há cobrança pelo resultado, o ambiente é saudável, sem sobrecarga psicológica. Nas competições sub-13, as regras são adaptadas, ou seja, há golpes que não são permitidos. Tudo isso tem o objetivo de preservar a integridade física, moral e psicológica dos alunos”, afirma.
O professor lembra que o judô também é um esporte de contato, individual. Se o aluno fizer algo errado, a responsabilidade é dele, não há onde se esconder. Mas, por ser um esporte especializado, tem regras muito bem definidas. “Já o MMA não tem regras bem definidas, e essa é uma diferença muito importante. O que vale é nocautear o outro”, destaca o judoca.
Teixeira critica o papel preponderante do dinheiro para alavancar o desejo dos jovens lutadores. Para ele, tudo resume-se a uma tendência de mercado, combinando o potencial e a tendência de agressividade de alguns atletas. “Geralmente são lutadores que não foram grandes campeões em suas lutas de origem. Nos primórdios do Ultimate Fighting, a família Gracie enxergou uma oportunidade para se sobressair, uma vez que a luta de chão ainda não era muito conhecida. Depois que o evento foi vendido para Dana White (empresário e ex-pugilista estadunidense, apontado como responsável pela transformação do vale-tudo em MMA), houve o 'boom'. Estava criada uma nova tendência, que deu oportunidade a esses lutadores”, relata Luiz Augusto.
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Segundo Teixeira, no judô existe uma máxima: o perdedor de hoje pode ser o vencedor de amanhã. Basta treinar. “Como a integridade física dos atletas está preservada, não haverá um trauma severo que o impeça de praticar no dia seguinte. Já no MMA, os tempos de recuperação são de meses, anos. A longo prazo, qual será a consequência disso?”, pergunta o professor.
Ainda que uma competição infantil não permita golpes na cabeça, não se pode desprezar os riscos de lesões nos tórax e articulações. “Na criança, as fibras musculares e sua capacidade de contração estão em desenvolvimento, em constante mudança. Não há formação óssea para suportar esse tipo de trauma”, afirma Luiz Augusto. “Além disso, para formação do repertório motor do qual falamos antes, é importante fazer movimentos diferentes; e não se especializar em chutes e socos, cujo impacto pode gerar processos inflamatórios e afetar o sistema imunológico”, alerta o judoca.
Para Teixeira, a beleza do esporte está na filosofia, não no golpe. Competir não é mais importante que cooperar. “O momento do atleta é sua trajetória, seu treinamento, sua persistência, lealdade, dedicação, é o abandono de maus hábitos, é o respeito ao professor. Não é o pódio. A beleza do campeão está nessa história, não na performance. Além de professores, os alunos têm que ter mestres. O professor ensina, o mestre inspira. Eu acredito que o treinamento do MMA descaracterizou as artes marciais e jogou uma cortina de fumaça sobre essa inspiração baseada em valores de vida e formação do caráter”, conclui o presidente da Federação Mineira de Judô.
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