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Com a força do cristianismo, no entanto, surgiu a necessidade de provocar um rompimento do povo com os cultos politeístas. Elementos das antigas culturas passaram a ser eliminados e desacreditados, entre eles, os gatos. A partir daí, começam as histórias de que os bichanos traziam má sorte, eram companheiros de bruxas, tinham natureza maligna.
A associação do animal aos demônios se disseminou e o temperamento menos servil que o dos cães reforçou a imagem negativa.

Outro aspecto que ajuda a manter essa má fama é a independência dos gatos. Leila Senna, veterinária especializada em felinos, explica que algumas características dos gatos, entre elas a sua autonomia, são resquícios de seus antepassados selvagens. Os gatos foram domesticados há cerca de 10 mil anos, o que é considerado recente em comparação aos cães, que convivem com o homem há aproximadamente 500 mil anos. “Foi uma domesticação meio forçada. Os gatos começaram a se aproximar dos locais onde os humanos se fixavam e, assim, começou a convivência”, explica Leila. Esse acercamento ocorreu em decorrência do acúmulo de lixo e, consequentemente, de roedores, o que atraiu os felinos.
Apesar do estigma negativo, a boa imagem que os gatos gozavam na Antiguidade está, aos poucos, voltando. Silvana acredita que a consciência moral do homem com relação aos animais está crescendo, o que inclui os gatos. “Nos últimos anos, os felinos foram ascendendo do ponto de vista moral, até se tornarem membros da família”, explica.
Medo de gatos é comum
O medo de gatos é comum e é difícil de vencer. Só não é impossível. Prova viva disso é Janaína Delvaux, 32 anos. A advogada teve seu primeiro contato com os gatos já adulta, quando uma amiga precisou viajar e pediu que ela alimentasse seus oito bichanos. “Eu chegava, colocava a comida e ia embora, sem fazer mais nada”, ri.
A breve convivência diminuiu levemente o antigo pavor, mas a resistência só caiu por completo após a chegada de Bartholomeu, gato resgatado por um amigo. “Na hora em que vi o Bartho, ele se abriu todo, ele não ia com ninguém e foi comigo. Nessa hora, meu amigo disse: ‘Você sabe que o gato é que escolhe o dono, né?! Ele escolheu você”, conta Janaína.

A felicidade de Janaína na companhia de Bartho incentivou o então namorado da advogada a adotar os próprios pequeninos. Carlos Alberto Peroni, 37 anos, nunca havia tido animais de estimação e, a exemplo da mulher, acabou se apaixonando perdidamente pelos gatos. O psicólogo é pai de Pixulé e Bastet, além, é claro, de Bartho.
Quando o casal se uniu, passou a notar algumas particularidades da personalidade de Bartholomeu. O primogênito se mostrou ciumento com a mãe, sendo ligeiramente mais distante dos irmãos de quatro patas. “O gato é muito parecido com o ser humano, ele tem a personalidade dele, é preciso respeitar as manias deles”, acrescenta.

Meu querido gato preto:
-Na Escócia, acredita-se que cruzar com um gato preto traz prosperidade.
-Na Itália, é sinal de boa sorte ouvir o espirro de um gato preto.
-Na Inglaterra, algumas mulheres de pescadores acreditam que seus maridos regressarão a salvo para casa se a família criar um gato preto.
-Em algumas regiões da Inglaterra, oferecer um gato preto de presente à noiva traz boa sorte ao casal.
-No sul da França, cuidar de gatos pretos também é sinal de boa sorte.
-Na Letônia, os agricultores consideram um bom agouro encontrar gatos pretos nos reservatórios de semente. Para eles, os gatos pretos são o espírito de Rungis, o deus da colheita.