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Apesar dos cuidados básicos, Gabriela garante que o mais importante é dar carinho aos gatos que estão sozinhos em casa. Quando a família viaja, o animal tende a ficar de carente a magoado, e a atenção oferecida pela cat sitter é essencial na qualidade de vida do pet.
A gateira conta, inclusive, que já tem a agenda cheia para o mês de dezembro. Gabriela acredita que o sucesso é devido ao aumento no número de gatos na cidade. “Sinto que, em Brasília, as pessoas estão começando a olhar mais para os gatos”, explica.
O primeiro contato de Gabriela com os felinos aconteceu há cerca de quatro anos e foi por acaso. Ao sair do trabalho, encontrou uma gatinha de rua abandonada, passando fome e frio. Apesar do medo que sentia dos gatos, Gabriela não teve coragem de deixá-la ali. Foi assim que Vicky Cristina encontrou um lar. “Eu tinha um pouco de receio, achava que os gatos não eram muito companheiros, sem afetividade. Vicky mudou isso, me mostrou que são cheios de amor”, conta.
A partir daí, a atual cat sitter não desgrudou mais dos bichanos. Passou a ajudar em feiras de adoção e se dedicou ao estudo do comportamento e dos hábitos deles. Por meio de livros e cursos on-line, Gabriela se aperfeiçoou nos cuidados com os gatos e, após um ano de convivência com Vicky, adotou Bela, uma gata persa. “Acho que dois gatinhos são o ideal. Um faz companhia para o outro. Se você viaja, eles não ficam tão sozinhos e estressados”, explica.
Há um ano, Gabriela entrou para o Clube do Gato, um grupo de proteção e admiração aos felinos. A partir daí, passou a trabalhar com lar temporário. Hoje, abriga 12 gatos no apartamento, sendo que apenas Vicky e Bela são suas. O número assusta um pouco, mas a cat sitter desconversa: “Sete deles são filhotes, não ocupam tanto espaço”.
Tudo começou porque uma gata, resgatada há dois meses, estava grávida e deu à luz cinco filhotinhos. Dias depois, Gabriela soube que dois gatinhos precisavam de uma “ama de leite”, ao que prontamente ofereceu Sunshine, a nova mamãe que morava em seu apartamento. Atualmente, com 1 mês e 10 dias, quatro dos pequenos já têm lar garantido. Sobre sua relação com os gatos, Gabriela se derrete: “Os gatinhos salvaram minha vida, sinto que hoje sou uma pessoa melhor”, finaliza.
Heróis do cotidiano
A relação de Alexandra Mariah Taveira de Almeida, 38 anos, com os gatos começou há muitos anos e está intimamente ligada à relação da oficial de Justiça com a própria mãe. Ela teve o primeiro contato com um “anjo de quatro patas” quando a mãe, Marilena Taveira, adoeceu. O câncer a debilitou e a levou ao isolamento. Para minimizar a tristeza, Alexandra levou um gato para casa. No início, o filhote foi motivo de briga. Momentos depois, ao vê-lo brincando, Marilena se rendeu.
Mário de Almeida, 91 anos, pai de Alexandra, vive com ela e seus seis gatos. O jornalista aposentado já era divorciado de Marilena há muitos anos, mas conta que os gatos foram muito importantes para a relação entre mãe e filha. “Elas passaram a ter algo em comum, e os gatos foram indispensáveis para a qualidade de vida da Marilena, que perdeu as pernas e não podia sair de casa”, completa.
Nesse período, Alexandra explica que os felinos eram a companhia carinhosa da mãe. As duas se preocupavam com os gatos e passaram a se envolver mais uma com a outra. Quando Marilena ficava internada, ela pedia que a filha voltasse para casa para cuidar dos bichanos. “Os gatos realmente mudaram a minha vida e a da minha mãe. Isso uniu muita a gente”, completa.
O amor de Marilena ultrapassava limites. Quando ouvia gatos miando na rua, não hesitava em chamar a filha, mesmo no meio da madrugada, para que ela fizesse o resgate dos bichanos. Alexandra destaca a história de uma gata que, um dia, se enroscou nas pernas da oficial de Justiça em pleno trabalho. Ali, ganhou um novo lar. Um dia, Padininha, a gata heroína, atacou um escorpião que ia em direção à dona. Poucos dias depois, foi embora. Mãe e filha acreditaram que a gata só apareceu na vida delas para salvá-la naquele momento.
Já se passaram 20 anos desde o primeiro contato de Alexandra com os gatos e ainda hoje ela não consegue ver o mundo sem filhotes, mesmo após a morte da mãe. Dona de seis gatos, Buscapé, Vovô, Bartholomeu, Ziggy Marley, Jaiminho e Dalila, a oficial de Justiça conta que cada um tem personalidade própria. “A gente tem que aprender a respeitar os gatos como eles também respeitam a gente”, completa.
Simba e a música
A designer de moda Romilda Gomes Moreira, 36 anos, encontrou na música a forma de se aproximar de Simba, um simpático gatinho de apenas 1 ano, resgatado pelo sobrinho dela ao sair de uma festa. A família logo se mobilizou para tratar o bicho, que estava ferido, e, depois, colocá-lo para adoção. “A gente nunca nem pensou na possibilidade de ficar com ele, por causa do meu cachorro Eros, que, apesar de não ser agressivo, é grande e curioso”, explica.
Simba havia caído do telhado antes de ser resgatado, estava muito debilitado, com a pata quebrada e com os olhos infeccionados. As visitas ao veterinário foram muitas e, depois de pequena melhora, começou a campanha nas redes sociais para encontrar um lar adotivo. Os custos com o tratamento e a necessidade de atenção 24 horas por dia afastavam os interessados.
O tempo foi passando e os cuidados intensos que Simba demandava o tornaram mais próximo de Romilda. Por ser muito novo, Simba não podia ser engessado, o que exigia que a imobilização e os curativos na pata fossem realizados diariamente. “Ele precisava ficar o mais imóvel possível, ficava algumas horas com o curativo e, depois, a gente tirava”, explica.
A família tinha de inventar muitas formas diferentes para distrair Simba e fazê-lo ficar quieto. “Eu percebi que, quando eu colocava música, ele ficava quietinho. Gostava também de pegar sol. Passei a ficar com ele no colo na varanda e cantar”, conta. Depois disso, foi impossível para a família se desfazer do novo amigo.
Há dois meses, está livre dos cuidados intensivos. Hoje com 1 ano, cativou a família. A mãe de Romilda, Maria Nazaré Gomes, 76 anos, professora aposentada, é categórica: “Pode me oferecer o dinheiro da mega-sena acumulada que eu não dou o Simba. Não compensa não”. Para a irmã, Risonélia, 45 anos, que tem deficiência mental e nunca foi fã de animais, Simba foi paixão à primeira vista. “A gente sente que ele faz muito bem para ela, é um afeto, um carinho”, acredita Romilda.