Entre as inúmeras causas que acarretam a perda auditiva, a otosclerose é a menos conhecida. Comum em caucasianos, rara entre orientais e negros, trata-se de uma doença genética que provoca uma perda auditiva gradual até total comprometimento. Apesar de não ser comum — menos de 0,5% da população mundial apresenta o problema —, não tem cura e se pronuncia em homens e mulheres (maioria), a partir dos 20 anos. “Todos os ossos do nosso organismo são vivos e compostos por minerais de cálcio. Como uma estrutura viva, há uma arquitetura interna do osso que deve ser mantida e, por isso, todas as horas, células do nosso organismo renovam esse cálcio. Mas, em uma pessoa com otosclerose, há uma alteração nessa renovação, o que provoca calos no osso do ouvido médio, comprometendo a audição”, explica Caio Athayde Neves, cirurgião otorrinolaringologista.
Apesar de ter esse componente genético e hereditário, há casos da doença em quem não apresenta histórico familiar. Felizmente, há possibilidade de tratamento cirúrgico, que consiste na retirada do estribo — um dos ossos do ouvido médio — e a implantação de uma prótese. Para o diagnóstico, é necessária uma análise do histórico clínico e exames de audiometria. O médico também pode requisitar uma tomografia. Porém, só a cirurgia é capaz de confirmar se o paciente tem otosclerose. A operação pode ser feita em pacientes de qualquer idade e o risco de complicação é de menos de 1%. “Só não conseguimos melhorar 100% o zumbido.”
Há casos que pacientes preferem usar o aparelho auditivo ou que nem mesmo a cirurgia pode recuperar a audição, se a perda estiver avançada. Ainda assim, se o especialista aconselhar a cirurgia, o resultado é satisfatório. “A tendência é que você perceba uma pequena alteração da audição, até mesmo porque uma prótese nunca substituirá um osso. Mas a chance de recuperar a audição é alta”, conclui Caio Athayde.