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“Quero dizer que existe outro caminho, que é tão bom quanto o namoro convencional ou até melhor, porque leva à felicidade plena”, diz o repórter e locutor esportivo Paulo Azeredo, de 31 anos, que namorou durante 11 anos e meio, nessas condições, a administradora de empresas Laura Azeredo, de 28. Hoje eles completam um ano de casados. “Faria tudo de novo. Tive tempo de conhecer meu marido de forma muito profunda e verdadeira, por isso, sei como ele é na sua essência”, afirma Laura. O casal é catequista do grupo de crisma da Paróquia Nossa Senhora Mãe da Igreja, na linha da renovação carismática, no Bairro Cidade Jardim.
“Quem quiser zoar pode zoar. Não sou nerd, não deixo de sair com os meus amigos, enfim, sou um homem como qualquer outro”, explica o jornalista, que conheceu Laura durante um retiro espiritual, no carnaval de 2001. Ele estava com 19 anos e ela, com 16. Foi o primeiro namoro sério dos dois. O casal não esconde já ter sofrido bullying de outros jovens, porém, convictos do que queriam, eles nunca se importaram. “Na pós-graduação, um dia vazou o assunto de que eu não dormia com minha namorada. Virei o comentário geral na faculdade. Alguns até me criticaram, mas outros, principalmente meninas, tinham curiosidade e chegavam para conversar a respeito do assunto”, conta ele, que chegou a passar 10 dias com Laura nos Estados Unidos, no período de intercâmbio, em quartos separados. “A mulher é que segura a temperatura do relacionamento. Na hora em que a respiração subia, eu colocava limite e ele entendia. Era natural”, revela a administradora.
“Antigamente, era proibido falar de sexo no namoro. Nos dias de hoje, parece que é proibido falar de amor no namoro. É esse tipo de coisa que desvaloriza a relação a dois”, compara padre Áureo Nogueira de Freitas, vigário episcopal para ação pastoral da Cúria Metropolitana de BH, que já orientou em torno de 50 casais com a proposta do namoro santo. Segundo ele, a Igreja Católica defende que o amor verdadeiro deve ser casto no sentido de que a entrega da intimidade deve ocorrer depois do casamento, com o compromisso da fidelidade e o plano de ter filhos. “Conquistamos o discurso de falar sobre sexualidade, o que é importante, mas o sexo caiu na banalização e os jovens estão ressentidos disso”, completa.
FAGULHA
'Do Olhar Ao Altar' é o nome do ministério criado em janeiro na Igreja Batista da Lagoinha, de BH, pelo jovem casal de pastores Leandro e Aline Almeida, de 28 e 27 anos. Casados há cinco anos, eles namoraram por outros seis sem ter relações sexuais nem beijos mais profundos, “do tipo Duracell”, conforme define o pastor Leandro. “Agora, a gente colhe bons frutos da nossa escolha e beija muuuito”, brinca ele, que antes de se converter era músico no Rio de Janeiro. Pais de uma garotinha de 1 ano, os dois publicam vídeos no YouTube com conselhos de relacionamentos cristãos. “A gente percebe que as pessoas beijam e transam muito no namoro e depois do casamento, quando tudo é liberado, a relação esfria. É uma inversão de valores”, defende. Sobre o beijo de língua, o pastor diz que se “trata da fagulha que desperta o desejo sexual”.
Com quase 2 milhões de adeptos, a campanha virtual 'Eu Escolhi Esperar (EEE)' surgiu a partir do levantamento de que, a cada 10 solteiros que estão nas igrejas cristãs (católicos e evangélicos), oito não são mais virgens. “Os casais que se casaram virgens testemunham que é uma decisão difícil, pois é acompanhada de muito preconceito e exige um compromisso de controlar juntos os desejos no período do namoro. Porém, todos sempre falam que valeu a pena e fariam tudo de novo”, diz o teólogo e pastor evangélico Nelson Neto Junior, idealizador do EEE, que teve início em abril de 2011.