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Esse debate fez parte, no início deste mês, do Congresso Europeu de Câncer, em Amsterdã, e deverá continuar no 36º Simpósio de Câncer de Mama San Antonio, marcado para dezembro, nos Estados Unidos. Segundo Kent Osborne, diretor do Centro de Câncer Dan L. Duncan e do Centro de Câncer Lester e Sue Smith, da Faculdade de Medicina Baylor (EUA), serão apresentados os resultados do ensaio Prime II, que discute o papel da radioterapia em pacientes idosas. O estudo compara a recorrência do câncer e a qualidade de vida em um grupo de mulheres com pelos menos 65 anos e submetidas ou não à radioterapia preventiva depois da cirurgia contra a doença.
“Vimos em muitos estudos recentes que a ideia é de cada vez menos tratamento para um certo grupo de mulheres. O Prime II nos dará mais dados se as pacientes mais velhas precisam da radioterapia após cirurgias na mama”, avalia Osborne. Essas pacientes de câncer são consideradas de baixo risco, assim como as avaliadas por Trine Tramm, do Hospital Universitário Aahus, na Dinamarca. O oncologista apresentou os resultados dessa análise no Congresso Europeu de Câncer.
Segundo ele, a radioterapia pós-mastectomia é administrada de acordo com uma estimativa do risco de recorrência local. Vários perfis moleculares podem auxiliar na decisão sobre o tratamento, mas ainda não existe uma comprovação que guie a decisão do oncologista. “Nosso objetivo foi identificar o benefício da previsão genética para a radioterapia em termos de controle local.” No estudo, foram analisadas as expressões genômicas de 191 amostras de tumores. O resultado levou a um “perfil de radiação” baseado em sete genes cujas expressões estão associadas ao risco de reincidência do tumor e à administração da radioterapia.
As pacientes de alto risco tiveram 57% de chances de reincidência local apenas com a cirugia e as de baixo risco, 8%. A radioterapia pós-mastectomia, portanto, pode ser usada para reduzir o risco de recorrência no primeiro grupo. O perfil foi validado em mais 112 pacientes.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Anderson Silvestrini, já é possível encontrar testes genéticos que demonstram se o paciente com câncer de mama é de alto, médio ou baixo risco, e, assim, definir a terapia mais adequada. “A gente percebe, há um bom tempo, que duas pacientes com o mesmo tumor e as mesmas características fazem o mesmo tratamento, mas um vai muito bem e o outro não. Vemos que isso tem muito a ver com a questão genética do tumor. Hoje, começamos a entender um pouco mais sobre esse processo, especialmente para tumores que têm uma incidência maior, como o de mama.”
Eficácia
A otimização da radioterapia também é alvo de pesquisa de John Yarnold, do Instituto de Pesquisa em Câncer, em Londres. Ele apresentou, no mesmo congresso, um estudo, chamado Start, que poderá beneficiar todos os pacientes com câncer de mama em estágio inicial. Segundo Yarnold, na última década, foi avaliada a eficácia da radiação hipofracionada, que expõe as pacientes a doses diárias maiores de radioterapia ao longo de um período mais curto. Roteiros diferentes de intervenção seguindo a mesma filosofia foram investigados em quase 6 mil mulheres.
“Até recentemente, o câncer de mama, assim como o de próstata, não era considerado de crescimento rápido. Portanto, a fim de poupar o tecido saudável em relação ao com tumor, sempre foram dadas pequenas frações (de radioterapia) por um período extenso”, contextualiza. Yarnold sugere que as taxas de proliferação do câncer de mama após a cirurgia são maiores e que é possível que uma parte significativa da dose curativa de radioterapia diariamente “esgote” o tumor. “A nossa hipótese é de que uma programação mais curta, com uma dose mais elevada, sendo a dose total acumulada até menor que o convencional, torne o regime de tratamento mais eficaz.”
Os resultados obtidos na fase B desse ensaio clínico mudaram o cronograma de radioterapia-padrão no Reino Unido em 2009. “Poderíamos ser capazes de encurtar a duração de um curso de radioterapia ainda mais. Regimes menores — talvez com radiação confinada ao leito do tumor, em vez de toda a mama — contribuem para menos efeitos colaterais, além de ser mais conveniente para o paciente o sistema de saúde pública.”
Esses são exatamente os pontos enfatizados por Silvestrini. Segundo o oncologista, estudos fortalecem o melhor aproveitamento da radioterapia em países em que o acesso à ela é dificultado. “Aqui no Brasil, onde existe carência de aparelhos e filas de pacientes que precisam do procedimento, você consegue liberar o equipamento antes e deixar que mais pessoas sejam tratadas. Isso é interessante.”