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Segundo a pesquisa, feita para analisar os hábitos das mulheres latino-americanas durante o período menstrual, existe, de fato, uma mudança de comportamento. Entre as brasileiras, por exemplo, 45% disseram que preferem não ser notadas e que, na tentativa de se isolar, acabam limitando algumas atividades do dia a dia. As mulheres do Brasil são as que mais relataram mudanças de humor (77%).
A ginecologista Flávia Fairbanks explica que os incômodos dependem do tipo de ciclo. “Quando ele é natural, as mudanças são mais intensas, principalmente no período que antecede a menstruação.” Já no caso das mulheres que fazem uso do anticoncepcional, e têm o chamado ciclo artificial, os efeitos são mais contidos na TPM e tendem a aparecer nos dias da menstruação.
Para as mais sensíveis, como a técnica em enfermagem Neuriany Vieira do Nascimento, 28 anos, a rotina fica bastante limitada na mudança de ciclo. “Tudo fica mais sensível, tudo dói. A gente ainda fica muito irritada, até o telefone tocando é estressante.” Ela evita passar por processos naturalmente dolorosos, como a depilação; intensifica os cuidados com a pele, que fica mais oleosa; e usa roupas e sapatos mais confortáveis.”
Antes e durante
Para entender melhor as mudanças biológicas e comportamentais desse período, a 'Revista do Correio' ouviu médicas que explicaram alguns sintomas típicos da menstruação, como os sentidos por Neuriany.
Por que as mulheres sentem mais dor?
Segundo a ginecologista Flávia Fairbanks, durante a menstruação, ocorre a liberação de substâncias inflamatórias no organismo, que têm a função de estimular o processo de contração do útero para que a expulsão do endométrio, do sangue e dos hormônios ocorra integralmente. O problema é que esse processo tem efeitos colaterais, entre eles as cólicas.
Por que há uma maior sensação de cansaço?
A ginecologista explica que a congestão pélvica, movimento realizado na área dos quadris e do útero para a expulsão do material menstrual, exige muito do organismo, gastando energia e trazendo essa sensação de cansaço.
Por que ocorrem mudanças na pele?
A maioria desenvolve mais espinhas e sente a pele mais oleosa. “O tipo do óleo que é produzido nesse período facilita a compactação de células mortas no poro, que tem características diferente dos resto do mês. É o resultado da alteração hormonal e traz a tendência ao desenvolvimento da acne”, explica a dermatologista Bárbara Moura. As espinhas são profundas e doloridas, estando, em quase 80% dos casos, localizadas na região do queixo. Para evitar que o problema se alastre, deve-se usar produtos seborreguladores, que diminuem a oleosidade.
Há influência no processo de circulação?
Ocorre a fragilidade vascular, que traz uma maior propensão ao aparecimento de manchas roxas, surgidas ao mínimo trauma. “Os vasos ficam mais sensíveis e ocorre o extravasamento de hemáceas para dentro da pele”, explica Bárbara Moura. Há também escurecimento das olheiras e inchaço na área das bolsas dos olhos. Para evitar esse desconforto, pode ser feito o uso de produtos que estimulam a circulação, como a cafeína.
Há aumento da temperatura corporal?
A dificuldade de circulação afeta a temperatura do corpo. Os fenômenos vasculares periféricos sofrem uma contrição e as extremidades do corpo tendem a receber menos calor, trazendo uma sensação de frio.
Mudança de rotina
- O Instituto IPSOS ouviu 1.250 mulheres, de 25 a 35 anos, no México, Brasil, Argentina, Chile, Venezuela e Peru. Confira alguns números do estudo:
- 57% das brasileiras mudam o estilo de ser vestir quando estão menstruadas.
- 49% das mexicanas, 45% das brasileiras e 43% das peruanas preferem não ser notadas durante o período menstrual.
- Entre 50% e 80% relatam irritabilidade e alterações de humor.
- 59% das brasileiras e 55% das chilenas preferem estar cientes dos dias em que estarão menstruadas antes de planejar viagens e passeios.