O dermatologista e coordenador do Departamento de Cabelos e Unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Francisco Le Vonti, explica que é possível os fios voltarem a cachear, mas pode levar um tempo e não ficar exatamente como era antes. “Dependendo da sensibilidade individual, associado ao excesso de tratamentos, podem ocorrer algumas alterações definitivas.”
A cabeleireira Adriana Ribeiro, especialista em cabelos cacheados e crespos, é taxativa: “Não tem muito o que fazer além de cortar”. E explica as melhores técnicas: “É possível fazer um big chop, quando cortamos toda a parte alisada de uma vez, ou ir aparando aos poucos e ir tratando as pontas”. Adriana, porém, costuma incentivar as clientes a cortar tudo de uma vez. A característica principal do big chop é que o tratamento começa com os fios bem curtos.
Foi assim com Dayse Roseane Ramos. Ela passou um tempo usando o cabelo preso ou com tranças. Em maio, fez o grande corte. “Desde os 12 anos, eu alisava. Achava que seria mais fácil de tratar”, conta a enfermeira, hoje com 27 anos. “Mas achei que estava na hora de ser eu mesma. Aceitar meu cabelo.” Atualmente, Dayse mantém os fios bem curtos e acha que valeu a pena. “A melhor parte dessa experiência é que minha autoestima está muito melhor. Recebo muito mais elogios do que quando tinha os cabelos alisados.”
Já a professora Letícia Rodrigues optou pelo outro processo. Por nove anos, ela foi adepta dos alisamentos. “Sempre tive o cabelo muito volumoso e não sabia como lidar com ele. Comecei fazendo escova com o secador da minha mãe aos 12 anos. Quando tinha 14, começou aquela febre da progressiva e decidi fazer.” No fim de 2011, Letícia resolveu parar de alisar. “A transição foi longa. Eu cortava aos pouquinhos e ia tratando o que restava, fazia escova para não ficar com aquele jeito estranho de cabelo liso nas pontas e enrolado no resto.” A chapinha pode alterar o cabelo. “Se realizados com muita frequência, os tratamentos podem, a médio e longo prazos, trazer alterações definitivas nos fios, pois é possível que haja um dano irreversível na haste”, explica Francisco Le Vonti.
É preciso também saber cuidar dos fios. “O ideal é usar xampus e produtos específicos para o tipo de cabelo, evitar agressões que possam provocar dano à haste (sejam elas químicas, físicas ou térmicas) e fazer cortes regulares, buscando eliminar mais rapidamente os fios que estão alterados, preservando os naturais”, indica Le Vonti.
De cabeça feita
- Big chop — O corte de toda a parte alisada de uma vez. Algumas mulheres, mesmo não sendo necessário, preferem passar máquina.
- Difusor — Peça acoplada ao secador com o formato que ajuda a secar o cabelo cacheado enquanto o define.
- Day after — Referência ao dia posterior ao de lavagem e hidratação, quando pode ser visto o resultado. É possível arrumar os fios sem precisar lavar novamente.
- Fitagem — Modo de arrumar o cabelo com os dedos, enrolando pequenas mechas para definir os cachos.
- Plopping — Usa-se uma toalha ou algum tecido de algodão para secar e arrumar os cabelos.
- Transição — O processo no qual o cabelo passa a crescer sem química, enquanto ainda tem as pontas alisadas. Com isso, a raiz fica naturalmente cacheada.