Educação alimentar: pais devem ficar atentos desde os primeiros meses de vida

A alimentação durante os primeiros anos de vida da criança pode ser determinante para a saúde que ela terá quando adolescente e até mesmo adulta. Por isso, os pais devem ficar atentos ao que incentivam os filhos a comer já no início da vida. Estudos desenvolvidos pela pediatra e especialista mexicana em nutrição infantil Claudia Adriana Hurtado Ochoterena mostram que o consumo de DHA, ácido graxo do ômega 3, pode estimular os desenvolvimentos mental e motor da criança.

“Os ácidos graxos são gorduras e vão atuar por meio da bainha de mielina, a capa do neurônio, contribuindo na transmissão entre os neurônios. Além disso, esses ácidos graxos se acumulam no córtex pré-frontal, que está relacionado a funções cognitivas superiores, como concentração, aprendizagem e memória da criança”, explica a médica. “Os cinco primeiros anos são fundamentais para o desenvolvimento infantil”, completa.

Segundo ela, o DHA pode ser encontrado principalmente em peixes (atum, sardinha, bacalhau e salmão), além de ovos, nozes e linhaça. Até os 6 meses, ela destaca que a orientação é que a alimentação do bebê seja restrita ao leite materno. “Para isso, é importante que a mãe esteja bem nutrida e também receba esses alimentos com DHA ou faça a suplementação”, diz. Ao introduzir a papinha, o ideal é incluir esses alimentos e mantê-los no cardápio da criança.

De acordo com Claudia, atualmente, as crianças têm baixo consumo de DHA e de alimentos ricos em ferro e, em contrapartida, têm se alimentado muito de alimentos com sal, açúcar e industrializados. “Essa deficiência pode ser vista imediatamente no desenvolvimento cognitivo das crianças. Às vezes, elas têm dificuldade de aprendizagem, déficit de concentração e algumas apresentam doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, problemas que antes só eram vistos em adultos”, complementa.

A médica esteve no Brasil em setembro, quando participou de conferências sobre nutrição infantil. “Compartilhamos experiências com relação aos estudos atuais para o desenvolvimento cerebral infantil. Percebo que os pediatras estão muito interessados em orientar os pais sobre essa questão de alimentação correta”, afirma. Ela ressalta que os pais não devem abrir mão de sempre buscar informações com um médico.

Erros mais comuns
Para a nutricionista Alice Carvalhais, os pais devem ensinar a alimentação saudável desde bem cedo. “Muitos colocam, por exemplo, açúcar na mamadeira ou dão para a criança só aquilo que ela gostou de primeira e isso não pode ocorrer”, diz. Segundo ela, depois que a criança aprende a comer da forma errada fica mais difícil ensinar a ela o caminho correto.

Incentivar a filha Lara, de 1 ano e 5 meses, a comer corretamente, é o que a jornalista Marina de Castro Figueiredo faz desde quando a garota nasceu. Ela conta que amamentou até os 6 meses de vida da menina, mas aos 5 já introduziu a papinha. Sucos só naturais e refrigerante ela ainda não experimentou. “Preocupo-me bastante com a alimentação dela e tento de todas as formas fazer com que ela não conheça tão cedo refrigerante, açúcar, enlatados em geral e coisas que têm conservantes”, afirma. Após as refeições, Lara come frutas, que estão sempre presentes no cardápio diário dela. Marina ainda destaca que os pais devem evitar ao máximo dar alimentos artificiais para os filhos. “Acho que você tem que introduzir alguns itens no tempo certo e seguir as orientações médicas”, diz.

A psicóloga Rogeli Mendes também se preocupa com a alimentação da filha Júlia, de 6 anos. “No almoço, ela come arroz, feijão, carne e salada, além de suco natural todos os dias. Depois, dou uma fruta”, conta. Segundo a mãe, a menina adora peixes e fígado e não tem o hábito de comer frituras. Refrigerantes ela não ingere e doces só consome esporadicamente. “Explico para ela que balas, por exemplo, dão cáries, não fazem bem e ela entende”, diz.

Para Rogeli, a educação alimentar começa dentro de casa. “Os filhos se espelham muito nos pais e quando a gente fala bem quais são as consequências que tal alimento pode causar, eles aprendem”, afirma. O resultado, segundo a psicóloga, é que a saúde da filha é excelente.

Dicas para uma alimentação  infantil saudável

• No café da manhã, optar por fibras, vitaminas e minerais que podem ser encontrados em cereais, pão integral, derivados do leite e frutas, em vez de café com leite e pão comum. A primeira refeição do dia balanceada está relacionada com a melhora do rendimento escolar e o controle de peso de crianças e adolescentes.

 

• Ingerir carboidratos na medida correta também é importante para fornecer energia para o organismo. O consumo deles deve representar de 55% a 75% do valor energético total e dessa quantidade, a recomendação é de que mais da metade seja proveniente de alimentos que são fontes de carboidratos complexos, como os derivados do milho, do trigo e da aveia.

 

• O consumo de alimentos fontes de fibras, vitaminas e minerais deve ser estimulado desde a infância e uma sugestão é colocar sempre na mesa do café da manhã uma fruta e, na hora do almoço e jantar, uma salada.

 

• Criar uma rotina de horários para a refeição da criança evita que ela coma alimentos que não são saudáveis fora de hora.

 

• Refeições em família estimulam a criança a se alimentar de forma correta e a experimentar novos alimentos.

Fonte: Equilibrium Consultoria