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Quando estava com 20 anos, Verônica Dias Avelino, de 45 anos, começou a pesquisar mais sobre vegetarianismo. Criada em uma família mineira, ela conta que, em casa, o cardápio principal sempre contava com muita fritura, doces e queijos. À época, Verônica namorava o pai de seus filhos, Tomás e Francisco Dias de Queiroz, hoje com 17 e 14 anos, respectivamente. Os dois gostaram da filosofia sem carne e resolveram se tornar macrobióticos, uma vertente do vegetarianismo. “Os meninos cresceram nesse ambiente”, explica a especialista em assistência social.
Na geladeira e na despensa da família, nada tem açúcar ou é industrializado. No prato dos garotos, arroz integral, legumes e tofu são tão triviais quanto o trio arroz-feijão-carne que vemos por aí. Quando os dois eram crianças, Verônica conta que a moda entre os colegas eram os salgadinhos que vinham com pequenos discos de brinquedo dentro da embalagem. Sem sofrimento nenhum, ela conta que eles compravam, tiravam o brinquedo e jogavam o salgadinho na lixeira. “E eu nem precisava ir à banca para verificar isso, a dona que me contava”, diz a mãe. Para dar mais atenção aos filhos durante a primeira infância, fase que considera a mais importante no desenvolvimento dos pequenos, Verônica parou de trabalhar. “Acho até que essas coisas hoje naturais na vida deles, mas que são raras quando comparadas aos amigos, deve-se muito a esse fato”, analisa. “Isso teve um custo para mim, claro, mas vi que foi um investimento valioso para a vida deles.”
O acesso à televisão também não era fácil. Até hoje, a sala não conta com o aparelho. “Eles pouco viram televisão na primeira infância, tanto que até hoje eles não têm esse hábito”, completa Verônica. Propagandas sedutoras de lanches nada saudáveis e dos últimos brinquedos da moda são os dois principais motivos que a fizeram evitar a televisão em casa. “Esse tipo de coisa deveria ser proibida, porque criança não tem filtro.” Hoje, ela conta que as atenções deles se voltam mesmo é para o computador. Mesmo aceitando que não há como controlar o acesso, há limites: jogos de computador, só nos fins de semana. Ainda assim, o trato entre os três é sempre intercalar com atividades ao ar livre. “Sempre vamos pedalar ou caminhar. Vamos os três, se eu não for, o pai deles vai, porque ele também é muito comprometido com isso.”
A dieta também mudou: não é mais macrobiótica, uma vez que, segundo essa filosofia, a mulher é a responsável por preparar todos os alimentos. Quando se separou, há oito anos, Verônica voltou a trabalhar e o tempo ficou apertado. O cardápio continua saudável, só que com a adição de carne e feijão, alimentos não adotados pelos macrobióticos. Mas isso não significa que os adolescentes só comam o que estão acostumados. Se estiverem em ambientes menos restritos, comem o que há. “Mas, como fisicamente não estão acostumados, o corpo reage muito, eles ficam com rinite, dor de barriga e de garganta”, completa Verônica.
Para muitos, tantas preocupações e detalhes colocariam Verônica na categoria dos “politicamente corretos”. Ela, no entanto, foge do rótulo. “Acho que politicamente correto é um conceito que varia muito”, argumenta. “O que é politicamente correto para um brasileiro talvez não seja para um muçulmano.”
A vontade de criar os filhos da maneira mais politicamente correta possível não é de hoje. Sylvio Renan Monteiro de Barros, pediatra membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), autor do Blog do Pediatra e do livro Seu bebê em perguntas e respostas — Do nascimento aos 12 meses (Mg Editores), explica que o comportamento vem aumentando. Muito da preocupação, ele explica, deve-se às promessas da medicina de uma vida bem mais longa para as gerações futuras. “A estimativa é que as crianças de hoje vivam até os 120 anos”, completa.
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Redoma criada por pais pode ter efeito reverso e deixar as crianças mais expostas
As crianças são apresentadas cada vez mais cedo ao mundo dos alimentos naturais, livres de sódio em excesso, corantes e conservantes. A tecnologia, para o especialista, seria a grande responsável por isso. Ao mesmo tempo em que os pais têm mais informações por meio da internet, os laboratórios tornaram-se capazes de manipular melhor os alimentos, retirando nutrientes negativos e trocando substâncias maléficas para a saúde por versões mais saudáveis. A vasta gama de informações, contudo, tem também seu lado negativo. “Há um ‘boom’, um exagero de conhecimento”, diz o pediatra. “As informações chegam muito rápido à população, chegam junto com o médico. Isso pode ocasionar exageros.”
Cantiga inofensiva:
Como era:
Atirei o pau no gato
Mas o gato
Não morreu
Dona Chica
Admirou-se
Do berro, do berro
Que o gato deu
Como ficou:
Não atire o pau no gato
Porque isso
Não se faz
O gatinho é nosso amigo
Não devemos maltratar os animais
Boi da cara preta
Como era:
Boi, boi, boi, boi da cara preta
Pega essa menina que tem medo de careta
Como ficou:
Boi, boi, boi, boi do Piauí
Pega essa menina que não gosta de dormir
O cravo e a rosa
Como era:
O cravo ficou doente
A rosa foi visitar
O cravo teve um desmaio
A rosa pôs-se a chorar
Como ficou:
O cravo ficou doente
E a rosa foi visitar
O cravo teve um desmaio
E a rosa pôs-se a chorar
A rosa deu um remédio
E o cravo logo sarou
O cravo foi levantado
A rosa o abraçou