A análise das estatísticas dos dois hospitais mostrou um conjunto de fatores considerados de risco para a depressão pós-parto. Entre eles, estão a ocorrência de depressões anteriores, qualidade da relação com o parceiro, o apoio social e os anos de escolaridade. "Os fatores apontados devem ser interpretados dentro de um contexto mais amplo e considerados em suas interações. Contudo, as mulheres atendidas no hospital público apresentaram maior número de fatores de risco", esclareceram as coordenadoras do projeto Emma Otta, Vera Sílvia Bussab, Maria de Lima Salum e Morais, em entrevista à Agência Brasil. Nas duas amostras, os recém-nascidos apresentaram condições de saúde semelhantes.
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'O Renascimento do Parto': um filme para todo mundo que nasceuBrasil ignora acompanhamento da musculatura pélvica no pré-natalComer peixe durante a gravidez pode evitar a ansiedadePrática de exercícios durante gravidez traz benefícios, inclusive para o partoDepressão pós-parto: conheça técnicas para tratar distúrbioPouco mais de 23% da população brasileira é atendida por planos de saúdeJá no quarto mês de vida, observadores externos perceberam que as mães com sinais de depressão pós-parto conversavam menos com os bebês, especialmente quando já tinham outros filhos, e também que os filhos procuravam menos o olhar materno. Nessa fase, no entanto, não houve diferença significativa, contudo, em outros comportamentos interacionais nem motores.
Aos 12 meses, por outro lado, os filhos de mães depressivas apresentaram pior desempenho em tarefas de desenvolvimento motor, mas mostraram melhor desenvolvimento da linguagem oral. Para as pesquisadoras, isso pode ser justificado pela maior necessidade de as crianças exibirem comportamentos que chamem a atenção de outras pessoas. Por meio da análise de vídeos, também foi possível perceber nessa fase que as crianças exploravam menos o ambiente, manipulavam menos os brinquedos e apresentavam mais movimentos repetitivos na interação com uma pessoa estranha.
Foram feitas análises ainda aos 24 meses e aos 36 meses. Com 2 anos, foram avaliados a empatia e os comportamentos sociais do bebê.
O estudo mostra que alguns fatores atenuam a influência da depressão materna sobre o desenvolvimento da criança. Em relação às mães, entre outros fatores, são importantes o apoio do parceiro e da família. Por parte da criança, "fatores como temperamento, resistência ao estresse, tempo com a mãe, entre outros, podem ser responsáveis pela variação comportamental".
As pesquisadoras destacam ainda que medidas simples podem ser úteis para diminuir o impacto do transtorno. Uma delas seria adotar uma ficha de atendimento das gestantes com informação sobre ocorrência de episódios anteriores de depressão. "Esse foi um importante fator de risco na nossa amostra", justificam.
Outra estratégia é o rastreamento de indicativos do transtorno durante a gestação ou ainda no primeiro mês após o parto. "Isso permitiria o encaminhamento dessas mulheres para o tratamento do transtorno e, adicionalmente, permitiria planejar o acompanhamento delas com mais atenção", propõem. A capacitação permanente dos profissionais de saúde pública sobre a depressão pós-parto também é considerada uma medida fundamental..