São crianças que deixam de se expressar e conviver com os colegas por vergonha dos dentes ou do mau hálito causado por problemas dentários - que muitas vezes comprometem até a fala. Ou pré-adolescentes que, na idade de conquistar o primeiro beijo amargam inevitável constrangimento.
"Historicamente, a questão odontológica não aparece como necessária. Muita gente acha que isso não é uma questão de saúde. Temos feito documentários mostrando como crianças vivem sem dentes, como isso impede a pessoa de ser feliz, de namorar, de viver", diz Fábio Bibancos, ortodontista, presidente-fundador da Turma do Bem e apresentador da série "Mestres do Sorriso".
"Com essa argumentação, acredito que vá aumentar muito a sensibilidade das pessoas pela causa. Ver todas essas crianças vai impactar bastante a opinião pública, esse é o nosso desejo", completa.
A série enfocará 12 casos, mas acompanha apenas seis deles in loco - todos em São Paulo - e outros seis via Skype, em outras cidades. Atualmente, o Dentistas do Bem funciona em 12 países da América Latina, além de Portugal e nos Estados Unidos. Uma segunda temporada já está nos planos do Discovery Home&Health e deverá englobar crianças de várias regiões do País. O cast desta temporada saiu de uma gigantesca triagem de menores realizada no Credicard Hall, em março.
A seleção dos casos enfocados na série teve seus critérios, explica a diretora do programa, Andréa Pasquini. "Várias crianças tinham histórias fortes, mas que não necessariamente se transformariam num programa forte. Observamos a capacidade de se comunicar, não por falar bem, mas, às vezes, só pelo olhar." Vinicius, um dos personagens, é extremamente tímido. Mas, 'na triagem', ela conta, "já me chamou a atenção o jeito como ele me olhava quando falava, por mais que ele não conseguisse verbalizar o que sentia".
Em forma de documentário, "Mestres do Sorriso" dispensa câmeras no contexto cirúrgico, ou seja, o espectador não deve esperar por holofotes na agulha da anestesia ou no motorzinho. Realizada pela Orion Produções, a série evidencia as transformações físicas e psicológicas em função do tratamento. E não se esquiva de denunciar a falta de acesso a tratamentos odontológicos no Brasil. Segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios/IBGE), quase 11% da população nunca foi ao dentista.