Anderson Rodrigues, cardiologista do Laboratório Sabin, explica que a vida moderna e a inserção da mulher no mercado de trabalho podem ter contribuído para esse maior índice de mortalidade feminino. O acúmulo de responsabilidades fez com que elas se cuidassem menos. “Elas começaram a ficar mais estressadas, a fumar mais, tornaram-se sedentárias e com uma alimentação pior”, justifica. “Tudo isso gera obesidade, piora a glicemia e o colesterol, causa hipertensão arterial”, reconhece. O modo como o infarto se manifesta nelas também é diferente. De modo geral, a dor do lado esquerdo do peito e a dormência do braço esquerdo não acontecem em mulheres. Nelas, até uma dor de estômago pode ser o indício de que o coração está em apuros.
Deve-se agir tão logo o problema seja detectado, já que, quanto mais o músculo infartado demorar a ser tratado, mais ele se deteriorará. Isso faz com que a paciente fique mais tempo sem o bombeamento de sangue e oxigênio — o que resulta em insuficiência cardíaca e, em casos mais graves, morte súbita. Magaly Arrais, cirurgiã cardiovascular do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e do HCor (Hospital do Coração), explica que, tirando fatores de risco, como faixa etária e histórico familiar, todos os outros podem ser controlados. O problema é que as mulheres não têm como hábito atentar ao coração. “As mulheres vão com frequência ao ginecologista, mas há muitas que nunca foram ao cardiologista”, compara. “Isso é perigoso porque, por vezes, a primeira manifestação das doenças já é a mais grave”.