

Jogos de memória, encaixe, construção, quebra-cabeça, pergunta e resposta, formas geométricas, faz de conta... Todas estas brincadeiras estão no topo da lista de preferência de pais e educadores. De fato, há muito tempo que pedagogos e psicólogos recomendam atividades que despertem na criança curiosidade, imaginação, poder de decisão, respeito pelas regras, enfim, brincadeiras que auxiliem no desenvolvimento cognitivo dos pequenos. A questão que hoje se coloca como desafio é: como utilizar estes jogos de forma que eles sejam atraentes e divertidos para a criança ao mesmo tempo em que colaboram com o processo educativo?
”Comprar um jogo que na caixa esteja escrito educativo não é suficiente”, afirma a pedagoga e coordenadora do curso de Pedagogia da Fumec, Alessandra Latalisa. Para ela, pais e professores devem ter atenção em como utilizam os jogos para interagir com a criança. “Não adianta, por exemplo, propor um jogo de cartas se o objetivo for descobrir se a criança tem agilidade para fazer conta de cabeça”, afirma. “Neste caso, o caráter lúdico desaparece, a criança perde o interesse e corre o risco de ficar exposta”.
Ela explica que diante da proposta de um jogo, as crianças não agem com outra finalidade senão a da brincadeira. Mergulham com inocência em qualquer tipo de atividade que seja apresentada como forma de diversão. Neste caso, além de se sentirem trapaceadas ao descobrir que existe um outro objetivo, elas correm o risco de sentirem-se envergonhadas ou expostas diante dos colegas, caso sejam “reprovadas” no teste.

Neste caso, a pedagoga lembra que mais importante que as propriedades do jogo são as possibilidades que os pais podem encontrar para interagir com o filho. No caso do Pedro, que já se mostrou interessado em aprender o alfabeto, é importante que os pais estejam presentes para dividir essa nova experiência com ele. Um dos motivos para a fuga das crianças desta geração para os jogos eletrônicos, por exemplo, é a solidão.
Jogos eletrônicos
“Jogos eletrônicos são uma brincadeira solitária”, afirma Latalisa. “A criança brinca com ela mesma. Há, na maioria das vezes, uma grande carência dos pais”. A opção por estes jogos, na opinião da pedagoga, é mais comum em famílias onde ambos os pais são atarefados e não têm tempo para brincar com os filhos. Mas há salvação.
“Em primeiro lugar os pais tem que pensar no tempo que dedicam aos seus filhos. É preciso criar um horário para brincar com ele”, diz. Encontrando o ingrediente principal, que é o tempo, as brincadeiras, segundo a pedagoga, podem ser diversas. Até mesmo, eletrônicas. Um jogo de videogame, por exemplo, pode ser muito mais divertido se jogado em dupla. Um jogo no iPad ou no aparelho celular fica mais interessante se for criada uma gincana em família.
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O papel da escola
Na Escola Estadual Leon Renault, no bairro Gameleira, em Belo Horizonte, a programação para a Semana das Crianças inclui um resgate aos jogos tradicionais. O grupo de ensino optou pelo programa no intuito de despertar o gosto por atividades ao ar livre e em grupo, além de apresentar às crianças brincadeiras que ficaram esquecidas, como as corridas de saco, a corda, o elástico, os jogos com bola, além das oficinas de teatro, pintura e literatura.
O projeto é voltado para os alunos do primeiro ao quinto ano e, apesar das boas expectativas, tem gerado alguma desconfiança por parte dos educadores. “Estamos ansiosos para ver se haverá adesão de todas as turmas. As atividades serão livres, sem nenhuma obrigação, por um isso é um desafio tão grande. Será gratificante se conseguirmos tirar os olhos de um aluno do celular e traze-lo para as atividades”, afirma uma das coordenadoras da escola, Margareth Marra.
Já no núcleo infantil da Escola Balão Vermelho, o eixo estruturante são os jogos e as brincadeiras. A escola trabalha principalmente a arte, a cultura, a cidadania e a ecologia e usa a combinação professor x aluno para atingir seus objetivos. A professora do 2º período, Bárbara Coura Mol, diz que os jogos são uma excelente forma de agregar diversão e conhecimento. Segundo a educadora, é essencial que as crianças aprendam brincando. “Tudo depende da postura do professor. É preciso tornar o jogo interessante para o aluno”, afirma. “Nos jogos de matemática, por exemplo, eles entram na brincadeira por pura diversão, não entendem a atividade como um dever”.


Inventar novas brincadeiras, aliás, é uma excelente forma de estimular não só a criatividade das crianças como também a dos responsáveis pela sua educação. Para Alessandra, “não existe nada melhor que construir brinquedos com seus filhos. Pode ser um papagaio, um carrinho de rolimã, um jogo... Que filho não vai gostar de amarrar uma corda na árvore de uma praça e brincar? Vai aparecer uma fila de crianças”.