Saúde

Cientistas revertem caso de infertilidade no Japão

Cientistas alertam que a técnica ainda está em seus estágios iniciais, mas poderiam trazer esperança a mulheres jovens cujos ovários não produzem mais óvulos

Correio Braziliense

Um consórcio de cientistas japoneses divulgaram o resultado de uma pesquisa que pode alterar o rumo do tratamento de mulheres com problemas de infertilidade devido à insuficiência ovariana primária. Os pesquisadores conseguiram comprovar a eficácia de uma técnica que faz com que óvulos imaturos — os folículos primordiais — se desenvolvam em óvulos maduros, que têm a possibilidade de serem fertilizados.


O artigo, publicado no periódico norte- americano Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas) de hoje, detalha que a façanha foi conquistada por meio de um técnica de base molecular. Submetida a ela, uma mulher de 30 anos e com problemas de infertilidade devido à insuficiência ovariana primária deu à luz uma criança saudável.

O médico Kazuhiro Kawamura, um dos integrantes da pesquisa, com o bebê nascido pela técnica
Os pesquisadores demonstraram que o método de fragmentação do ovário (que é a base de alguns tratamentos de infertilidade já existentes) pode interromper o processo de sinalização do complexo Hippo, responsável por regular o tamanho do órgão em muitos animais, e provocar o crescimento de folículos ovarianos em seres humanos.

Esse procedimento foi combinado com o estímulo, por meio de drogas estimulantes, da quinase Akt, enzima que também contribui para o crescimento e o desenvolvimento de mais folículos ovarianos. Os pesquisadores removeram de 13 mulheres com insuficiência ovariana primária os ovários fragmentados que continham os folículos e os deixaram sob estimulação provocada pelas drogas durante dois dias.

Depois disso, os fragmentos resultantes do processo foram transplantados nas trompas das pacientes. Os cientistas monitoraram o crescimento dos folículos e recuperaram óvulos maduros de cinco voluntárias, que foram submetidas à fertilização in vitro. Os embriões resultantes desse processo foram transplantados nas voluntárias.

Entre as mulheres submetidos por todos esses procedimentos, uma, de 30 anos, deu à luz um bebê do sexo masculino. Saudável, o menino nasceu depois de 37 semanas e dois dias de gravidez. Para os pesquisadores, a fragmentação do ovário aliada à ativação da Akt pode ser, a partir de agora, uma abordagem potencial para o tratamento de infertilidade de mulheres que sofrem de insuficiência ovariana, caracterizada, entre outros fatores, pelo surgimento de sintomas semelhantes aos da menopausa antes dos 40 anos de idade.

A estimativa é que 1% das mulheres em idade reprodutiva enfrentem esse problema. Uma deficiência nos folículos ovarianos as leva à infertilidade. Até agora, para a maioria delas, a doação de óvulos é o único caminho para chegar à gravidez. Antes de realizar os testes com humanos, os pesquisadores testaram e confirmaram a eficácia das técnicas em ratos.