De acordo com o líder da pesquisa, Junyeop Lee, do Korea Advanced Institute of Science and Technology, na Coreia do Sul, apenas uma dose de Ang1 no olho dos ratinhos estimulou a formação de vasos sanguíneos saudáveis e protegeu a retina de danos causados pela retinopatia isquêmica. “Tivemos resultados significativos com a administração da injeção nos animais. Com uma semana, eles recuperaram a visão”, diz.
O cientista detalha que a injeção de proteína restaura o suprimento de sangue para os neurônios da retina. Quando as células nervosas enfrentam baixa de oxigênio, há inflamações que podem provocar lesões oculares. “O Ang1 também possibilita a formação de vasos sanguíneos por meio da promoção da secreção de uma proteína chamada fibronectina, que ajuda os vasos da retina a crescerem”, explica Lee, enfatizando que os tratamentos convencionais são menos eficazes.
Presidente do Centro Brasileiro da Visão, Marcos Ávila compartilha da opinião do pesquisador. O retinólogo acredita que o estudo poderá tornar mais eficaz o tratamento de pessoas com retinopatia isquêmica, que não tem cura. As terapias disponíveis hoje são focadas nas complicações já existentes. “Por meio de aplicações de laser, é possível minimizar os efeitos adversos da doença. Alguns medicamentos podem ser receitados, mas reverter a patologia ainda é um desafio”, afirma o médico.
Insuficiência vascular Manchas escuras no campo da visão e dificuldade para usar a visão central ao enxergar objetos são as principais características da retinopatia isquêmica. A doença, de acordo com Ávila, está associada com o diabetes e a hipertensão arterial. Pode surgir tanto na velhice, quando leva o nome de retinopatia diabética proliferativa, quanto em recém-nascidos, a chamada retinopatia da prematuridade. Em ambos os casos, é causada pela insuficiência vascular nos olhos.
O diagnóstico é feito pela angiografia da retina. “Injeta-se uma substância corante no braço do paciente. Por meio do contraste, o fundo do olho fica visível. Dessa forma, fotografias feitas pelo equipamento retinógrafo mostram possíveis alterações nos olhos”, explica Ávila.
De acordo com Junyeop Lee, a retinopatia isquêmica tem alta prevalência. Em todo o mundo, existem cerca de 93 milhões de pessoas com a doença. “Já a retinopatia da prematuridade atinge de 5% a 30% dos recém-nascidos prematuros”, diz o pesquisador.