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A única confidência que Zé Carlos revela sobre Mozart é que "ele gosta de tomar suas biritas por aí". O defeito? "Nunca teve um deslize. Até tentei descobrir, mas nada. Agora, sei que não está bem quando faz um bico. É sinal de que tem fofoca na turma, alguém falando que o outro é desafinado ou algo assim. Ele não gosta. Jamais brigamos e a amizade só fortalece. Impossível ficar longe." Emocionado, voz embargada, Zé Carlos encerra a conversa: "Mozart é o grande prêmio que ganhei na vida".
BOINA
A festa já está confirmada, falta acertar a data. No carnaval de 2014, o motorista Aleir Domingos de Oliveira e a vendedora Jovelina Francisca Campos, a Jô, completam 25 anos de amizade e vão comemorar bodas de prata em grande estilo. O ritmo não deve ser de Momo, garantido mesmo só pela boa música. Exigência da dupla. Esse encontro começou na folia de 1989 em Santana do Riacho, na Serra do Cipó, no bar e rodoviária Zé Juquinha.

Jô conta que ela é relax e prática. E Aleir, detalhista. "Quero comemorar as bodas com quem estiver por perto. Ele quer encontrar todo mundo de 1989, resgatar cada um daquele carnaval. É meu confidente, com quem divido alegrias e tristezas.” Aleir não é de falar muito. Cavalheiro, não quis entregar possíveis deslizes da amiga. "Não sei explicar, mas nos identificamos. Talvez por sermos da mesma faixa etária e gostarmos das mesmas coisas. E essa cumplicidade só aumenta. É amizade para a vida toda.”

A servidora pública Alana Márcia de Oliveira e a bancária Andréia de Cássia Ferreira Silva Arcanjo são amigas há 24 anos. E tudo começou com uma freada. "Nosso primeiro encontro foi dentro do ônibus, que parou bruscamente e, ao comentarmos o tranco, descobrimos que íamos para a mesma escola de inglês estagiar. Não nos desgrudamos mais", lembra Andréia. "A vida inteira Andréia morou perto da minha casa, mas não éramos próximas, até esse encontro casual, que se tornou eterno", completa Alana.
A proximidade foi tanta que uma é madrinha do casamento da outra. "Andréia é alto astral, brincalhona, prestativa e risonha. A gente se parece e na perda da minha mãe e no nascimento da minha filha, Beatriz, ela foi fundamental", conta Alana. "Virou marca registrada. Onde estou é bem provável encontrar Alana. Somos inseparáveis. E nos conhecemos tanto que uma sabe pela voz da outra se está bem ou não. Temos um trato, falar a verdade, o que pensamos. Levo e dou puxão de orelha. Juntas rimos o tempo inteiro."
Nessas mais de duas décadas, Alana lembra que por mais de 10 anos a dupla fez caminhada. "Às vezes, chovendo, a preguiça pintava, e Andréia jogava pedrinha na janela do quarto para colocar eu e meu marido para fora da cama. É generosa e está sempre pronta para me atender. Numa época de baixo astral, fomos para uma colônia de férias e nos divertimos com um carroceiro que nos levava à praia. Ela pegou no meu pé dizendo que me tornei o terror dos carroceiros. Andréia é amiga da família, cabe em todos os nossos compromissos e sempre na minha vida." "Nunca brigamos. Somos confidentes e temos afinidades. Alana esteve o tempo todo ao meu lado, quando fiz tratamento para engravidar e não consegui. Processo doloroso que ficou mais suave com sua presença. No seu aniversário de 40 anos, tinha viagem marcada e não pude ir à festa. Ela ficou brava porque todos perguntavam: ‘E a Andréia?’".