O problema é que, em algumas, o processo de queima da reserva ovariana começa mais cedo e é mais rápido, prejudicando a saúde, a possibilidade de ter filhos de forma natural e até a qualidade de vida delas. É o que os médicos chamam de falência ovariana prematura, que corresponde a uma menopausa antes dos 40 anos.
Os ovários têm folículos que são recrutados, por comandos hormonais complexos, para que, ao fim de cada ciclo menstrual, seja liberado o óvulo daquele mês. Os que não forem bem-sucedidos são descartados. Por causa dessa competição, e porque a mulher não é capaz de produzir novos folículos, a quantidade deles está sempre decaindo, segundo o ginecologista Vinícius Medina. Quando os últimos deles morrem, os ovários entram em falência, e a produção de estradiol e progesterona cai irreversivelmente.
Estima-se que uma mulher acima de 38 anos tenha somente 10% dos óvulos que tinha na época da primeira menstruação. “Aos 35 anos, uma parcela significativa de mulheres tem dificuldade para engravidar. Aos 40, metade delas está infértil e, depois dos 50, praticamente todas”, define o ginecologista especialista em medicina reprodutiva Bruno Ramalho.
A infertilidade não é o único problema da falência ovariana prematura. A queda nas concentrações de hormônio deixa as mulheres mais propensas a desenvolverem osteoporose. Além disso, a menor produção de estrogênio modifica os níveis de dopamina, noradrenalina e serotonina em certas áreas do sistema nervoso central. Como consequência, elas ficam mais sujeitas a quadros depressivos, têm dificuldade de memorização, irritabilidade, melancolia, crises de choro, humor flutuante, distúrbios do sono e disfunções sexuais.