Um dos grandes desafios da medicina é aposentar as vacinas com agulha. Não se trata de agradar aos que temem as injeções. Além de uma questão de segurança, cientistas buscam eficiência. A terapia por meio de um pulverizador nasal surge como uma promissora alternativa. Estudos têm indicado que a vacina em spray apresenta mais eficácia contra doenças virais. Um dos desafios, porém, é fazer com que as secreções da mucosa não embarreirem o que é lançado no nariz. Cientistas americanos podem ter dado um passo importante na solução desse impasse. A vacina tem como base nanocápsulas de proteína que revestem o princípio ativo, facilitando a chegada dele à parte do corpo que precisa ser protegida ou tratada.
“Descobrimos que as nanocápsulas foram resistentes na via respiratória e tivemos resultados além do esperado. Houve imunização sistêmica”, destaca Adrienne Li, pesquisadora do Departamento de Engenharia Biológica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. A integrante do estudo acredita que a estrutura criada pode se transformar em um método que revolucione a aplicação de vacinas. As nanocápsulas são formadas por combinações de proteínas cobertas de lipídeos. A união faz com que elas fiquem densas e fortes — condição para resistir à ação do muco nasal. Os resultados alcançados foram detalhados na edição de hoje da revista científica Science Translational Medicine.
Para testar a eficácia das nanocápsulas, os cientistas fizeram um experimento com camundongos. Uma parte das cobaias recebeu doses da vacina em spray. A outra, o tratamento tradicional, ou seja, aplicações por meio de injeção. Os bichos imunizados com as nanocápsulas receberam proteção nos pulmões, no intestino e no trato reprodutivo. Isso foi possível porque houve uma ativação das células T, que são responsáveis pela defesa imunológica contra vírus, bactérias e fungos. “Essa resposta imune generalizada indica que o local de administração da vacina é um fator importante para a proteção de doenças infecciosas”, avalia Li.
De acordo com Darrel Irvine, autor da pesquisa americana de nanocápsulas, se a eficácia da vacina via aerosol na mucosa for confirmada em animais maiores, a abordagem pode ser útil para o desenvolvimento de imunizações contra agentes patogênicos respiratórios, como os causadores da gripe, e outros micro-organismos que representam risco à saúde humana. “Essas vacinas podem ajudar a proteger contra a influenza, mas a prevenção se estende às doenças sexualmente transmissíveis, como o papilomavírus humano (HPV), o HIV e o herpes”, prevê o professor de engenharia biológica da Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos.
Irvine cogita até a exploração da técnica para combater células tumorais. “As minicamadas poderiam ajudar a aumentar as células de proteção no corpo e a inibir as estruturas infecciosas do câncer. São resultados promissores. Pretendemos, o quanto antes, seguir adiante”, diz.
Também na USP
O Brasil também pesquisa a vacina em spray. O projeto acontece na Universidade de São Paulo (USP). Segundo o professor Marco Antônio Stephano, que orienta o projeto do biólogo Jony Yoshida, é uma vacina feita à base de quitosina, substância presente na casca de crustáceos, como camarões e caranguejos.
Com essa formação, a vacina gruda na mucosa nasal, facilitando que o princípio ativo seja absorvido pelo organismo. “Já testamos a eficácia em ratos e os resultados foram animadores. Agora, estamos em fase de adaptação para que essa vacina seja produzida em pó. Nossa esperança é que, daqui a cerca de seis anos, ela já esteja disponível para uso em humanos”, diz Stephano.
Sobre o estudo dos pesquisadores americanos, Stephano acredita que tem boa aplicabilidade e poderá, de fato, ser uma alternativa importante na hora da imunização. O pesquisador faz um comparativo com a vacina brasileira. “Ambas vão trazer vantagens significativas para a medicina, mas o nosso modelo de nanopartículas é mais barato. Isso poderá ser determinante para oferecer à população uma vacina de baixo custo com efeitos atestados.”
Já existem imunizações em spray aprovadas para uso humano. Uma das mais conhecida é a contra poliomielite, que é absorvida no trato digestivo. Há também a vacina contra a gripe entregue via nasal e a terapia nasal contra cólera, febre tifoide e rotavírus. Mas, de acordo com os pesquisadores americanos, o resultado não é tão consistente quanto o alcançado com as nanocápsulas.
“Descobrimos que as nanocápsulas foram resistentes na via respiratória e tivemos resultados além do esperado. Houve imunização sistêmica”, destaca Adrienne Li, pesquisadora do Departamento de Engenharia Biológica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. A integrante do estudo acredita que a estrutura criada pode se transformar em um método que revolucione a aplicação de vacinas. As nanocápsulas são formadas por combinações de proteínas cobertas de lipídeos. A união faz com que elas fiquem densas e fortes — condição para resistir à ação do muco nasal. Os resultados alcançados foram detalhados na edição de hoje da revista científica Science Translational Medicine.
Para testar a eficácia das nanocápsulas, os cientistas fizeram um experimento com camundongos. Uma parte das cobaias recebeu doses da vacina em spray. A outra, o tratamento tradicional, ou seja, aplicações por meio de injeção. Os bichos imunizados com as nanocápsulas receberam proteção nos pulmões, no intestino e no trato reprodutivo. Isso foi possível porque houve uma ativação das células T, que são responsáveis pela defesa imunológica contra vírus, bactérias e fungos. “Essa resposta imune generalizada indica que o local de administração da vacina é um fator importante para a proteção de doenças infecciosas”, avalia Li.
De acordo com Darrel Irvine, autor da pesquisa americana de nanocápsulas, se a eficácia da vacina via aerosol na mucosa for confirmada em animais maiores, a abordagem pode ser útil para o desenvolvimento de imunizações contra agentes patogênicos respiratórios, como os causadores da gripe, e outros micro-organismos que representam risco à saúde humana. “Essas vacinas podem ajudar a proteger contra a influenza, mas a prevenção se estende às doenças sexualmente transmissíveis, como o papilomavírus humano (HPV), o HIV e o herpes”, prevê o professor de engenharia biológica da Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos.
Irvine cogita até a exploração da técnica para combater células tumorais. “As minicamadas poderiam ajudar a aumentar as células de proteção no corpo e a inibir as estruturas infecciosas do câncer. São resultados promissores. Pretendemos, o quanto antes, seguir adiante”, diz.
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O Brasil também pesquisa a vacina em spray. O projeto acontece na Universidade de São Paulo (USP). Segundo o professor Marco Antônio Stephano, que orienta o projeto do biólogo Jony Yoshida, é uma vacina feita à base de quitosina, substância presente na casca de crustáceos, como camarões e caranguejos.
Com essa formação, a vacina gruda na mucosa nasal, facilitando que o princípio ativo seja absorvido pelo organismo. “Já testamos a eficácia em ratos e os resultados foram animadores. Agora, estamos em fase de adaptação para que essa vacina seja produzida em pó. Nossa esperança é que, daqui a cerca de seis anos, ela já esteja disponível para uso em humanos”, diz Stephano.
Sobre o estudo dos pesquisadores americanos, Stephano acredita que tem boa aplicabilidade e poderá, de fato, ser uma alternativa importante na hora da imunização. O pesquisador faz um comparativo com a vacina brasileira. “Ambas vão trazer vantagens significativas para a medicina, mas o nosso modelo de nanopartículas é mais barato. Isso poderá ser determinante para oferecer à população uma vacina de baixo custo com efeitos atestados.”
Já existem imunizações em spray aprovadas para uso humano. Uma das mais conhecida é a contra poliomielite, que é absorvida no trato digestivo. Há também a vacina contra a gripe entregue via nasal e a terapia nasal contra cólera, febre tifoide e rotavírus. Mas, de acordo com os pesquisadores americanos, o resultado não é tão consistente quanto o alcançado com as nanocápsulas.