Saúde

Brasil dobra o número de doações de órgãos em dez anos

Ministério da Saúde divulgou nesta quarta-feira o balanço de transplantes do primeiro semestre deste ano e lançou a Campanha Nacional de Doação de Órgãos. Confira mitos e verdades sobre a doação

O Ministério da Saúde divulgou nesta quarta-feira (25) os dados do balanço de transplantes do primeiro semestre deste ano, durante evento para apresentar a nova Campanha Nacional de Doação de Órgãos (assista ao vídeo abaixo). Nos últimos dez anos, o Brasil dobrou o número de doadores, passando de 7.500 para 15.141 cirurgias. Apenas no primeiro semestre de 2013, foram realizados 11.569 procedimentos.


O Brasil é responsável pelo maior sistema público de transplante do mundo, com 27 centrais de notificação, captação e distribuição de órgãos, 11 câmaras técnicas nacionais, 748 serviços distribuídos em 467 centros, 1047 equipes de transplantes e 71 organizações de procura por órgãos.

De acordo com o Ministério, mais de 50% das famílias brasileiras, ao perder um ente, são favoráveis à doação de órgãos. Em 2010, havia 59.728 na fila aguardando no Sistema Brasileiro de Transplantes. Eram pessoas que já estavam prontas para a cirurgia e em avaliação médica. Já em 2013, houve uma redução de 35% neste número, passando para 38.759 (até junho) pessoas em espera.

Equipe médica realiza transplante de rim no Hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte: Brasil é responsável pelo maior sistema público de transplante do mundo
De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), no entanto, ainda há um longo caminho a percorrer. “Se considerarmos todos os fatores que impedem que uma notificação de potencial doador se concretize em uma real doação, como contraindicação médica, a recusa familiar ainda representa quase a metade deles”, relata Dr. José O. Medina Pestana, presidente da ABTO e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Embora pesquisas comprovem que a vontade de ser um doador é muito maior do que o número real, é triste saber que, na maioria dos casos, esse último desejo não se realiza simplesmente pela falta de diálogo familiar. Vencer essa barreira depende de um gesto simples. Converse com a sua família e ajude a salvar milhares de pessoas que hoje esperam por uma doação", reforça o médico.

A ABTO divulgou também uma série de mitos e verdades sobre a doação de órgãos, lembrando que nesta sexta-feira (27) será comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Teste seus conhecimentos:

 
MITO: Para me declarar doador, preciso disponibilizar essa informação no meu RG ou CNH?
VERDADE:As informações que constavam no Registro Geral (RG) e na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) perderam a validade há mais de uma década, em 2000. Em muitos casos, por falta de informação, as pessoas forneciam respostas negativas sem ao menos refletir sobre esse assunto tão importante.

De acordo com o Ministro da Saúde, Antônio Padilha, mais de 50% das famílias brasileiras, ao perder um ente, são favoráveis à doação de órgãos. Mas a ABTO diz que há um longo caminho a percorrer
MITO: Para se tornar um doador, é preciso deixar um registro por escrito?
VERDADE
:Para se tornar um doador de órgãos e tecidos, você só precisa informar esse desejo a seus familiares. Eles são os únicos que podem autorizar a doação, sem que haja necessidade de deixar nada por escrito. Embora a única forma de se tornar um doador de órgãos seja avisando verbalmente sua família, hoje já é possível se declarar um doador no Facebook. Para fazer isso, clique em “Evento Cotidiano”, depois em “Saúde e Bem-Estar” e encontre a opção “Doador de Órgãos”. Não se esqueça de marcar um familiar na publicação!

MITO: Se o médico souber que eu sou doador, ele não vai se esforçar para me salvar após um acidente?
VERDADE:A equipe médica que atende uma pessoa na emergência tem como prioridade salvar vidas, além de não ter conhecimento sobre a decisão do paciente de ser um doador. Apenas após a morte encefálica comprovada e com o consentimento da família é que uma outra equipe médica, especializada em transplantes, é chamada.

MITO: A família de quem recebe o órgão é quem paga pela operação?
VERDADE:Nenhuma das duas famílias – seja a do doador ou do receptor do órgão transplantado – têm qualquer tipo de despesa com a operação. O Sistema Único de Saúde (SUS) é o maior programa público de transplantes do mundo e se responsabiliza pelos gastos da operação e pelo fornecimento vitalício das medicações necessárias para evitar a rejeição do órgão transplantado.

MITO: É verdade que a doação deixa marcas profundas no corpo, que atrapalham na hora do enterro?
VERDADE:Como todos os órgãos doados são removidos por meio de cirurgia, o corpo dos doadores pode ser velado ou cremado normalmente.

MITO: Idosos ou pessoas que estavam doentes não podem doar órgãos?
VERDADE:Todas as pessoas são consideradas potenciais doadores de órgãos, independentemente da idade ou do histórico médico. O fator determinante para a doação é única e exclusivamente a condição de saúde do doador após a confirmação da morte encefálica. Mesmo doenças sexualmente transmissíveis, exceto HIV, não contraindicam a doação de órgãos, mas podem impedir a doação de sangue e de tecidos.

MITO: Existem várias religiões são contra ou proíbem a doação de órgãos?
VERDADE:Todas as religiões pregam os princípios da solidariedade e do amor ao próximo, características que estão presentes no ato da doação de órgãos. Até mesmo as religiões contrárias à transfusão de sangue, como Testemunhas de Jeová, não interferem na decisão da doação de órgãos e tecidos.

MITO: Cada doador de órgão pode mesmo salvar uma vida?
VERDADE:Um único doador de órgãos salva em média de oito a 10 pessoas, chegando a 20, com o transplante de córneas, coração, pulmões, rins, fígado, pâncreas, pele, ossos e válvulas cardíacas.

 

Com o tema 'Não deixe a vida se apagar. Seja doador de órgão. Fale com sua família', a nova campanha nacional pretende ajudar o país a alcançar a meta de 15 doadores por milhão de habitantes até 2014

Nova Campanha
A fila de espera para transplantes de órgãos diminuiu e quatro Estados estão sendo considerados com fila zero para transplante de córnea, em que o paciente recebe quase que imediatamente o transplante: São Paulo, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Outros sete reduziram o tempo para alguns meses. O transplante de córnea representa 60% das cirurgias.

A previsão é que o número de doadores para cada 1 milhão de pessoas seja de 13,5 em 2013. Em 2012, foram 12,8 doadores para cada milhão. Em 2011 esse número foi de 11,6 doadores e, em 2010, foi de 9,9. A meta é chegar a 15 doadores por milhão em 2014. Com o tema “Não deixe a vida se apagar. Seja doador de órgão. Fale com sua família”, a nova campanha nacional de doação de órgãos pretende ajudar o país a alcançar a meta de 15 doadores por milhão de habitantes até 2014.

Para incentivar a doação de órgãos, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assinou duas portarias que qualificam e ampliam a oferta de transplantes, além de garantir mais recursos para centrais de transplante no Brasil. Serão disponibilizados entre R$ 100 mil e R$ 200 mil para estruturação, funcionamento e qualificação de centrais de transplantes. O recurso também servirá para o aumento do teto financeiro para cadastramento de doadores no Redome (Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea).

O Ministério da Saúde também vai disponibilizar R$ 50 milhões para a realização de exames. O objetivo é ampliar as possibilidades de identificação de doadores geneticamente compatíveis. A campanha será divulgada da mídia e nas redes sociais. Por meio da página do Ministério da Saúde no Facebook, 135 mil internautas já declararam a vontade de serem doadores. Para se declarar, compartilhar ou divulgar a ideia, acesse https://www.facebook.com/DoacaodeOrgaos.

Assista ao vídeo da nova campanha do Ministério:

Com informações do Ministério da Saúde