De tarde, por volta das 15h, eu e uma amiga andávamos na região centro-sul de Belo Horizonte, perto da Praça da Liberdade, quando notei que um homem andava atrás da gente. Como o local era movimentado, era dia e parecia uma situação corriqueira, segui caminho. De repente, levo um tapa/aperto forte na bunda, acompanhado de um desses sussurros nojentos no ouvido, dizendo “Que delííííciiaaa....”. E o autor saiu andando no mesmo passo, como se o ocorrido fosse normal e de direito dele. A minha vontade era de ter dado um soco, gritado, arranhado, mas só fiquei sem reação, chocada.
Esta é uma das histórias que o Saúde Plena ouviu ao indagar homens e mulheres sobre o assédio na rua. Fato comum e incorporado ao cotidiano, esse comportamento passou a ser discutido de forma mais intensa após a divulgação, na última semana, dos resultados da pesquisa ‘Chega de Fiu Fiu’. Passado o rebuliço que os números causaram nas redes sociais, motivando uma guerra de posts em blogs e linhas do tempo de famosos e anônimos, ouvimos a idealizadora da campanha sobre os objetivos do questionário, mas também buscamos a opinião de representantes da sociologia, da ciência política e do direito - além dos homens, é claro - sobre a situação enfrentada por mulheres no mundo inteiro, todos os dias, com menor ou maior gravidade.
A pesquisa recebeu vários questionamentos quanto à sua validade e método, conforme você lerá nas próximas páginas, mas afinal: assédio na rua é normal? É violência? Está vinculado a um cenário mais amplo de preconceito? CLIQUE NOS LINKS ABAIXO E LEIA A REPORTAGEM COMPLETA:
Primeira parte: Conheça histórias de assédio e veja os detalhes da pesquisa que incendiou o debate
Segunda parte: Assédio sexual na visão dos homens: a culpa é da roupa?
Terceira parte: Quando o assédio sexual vira caso de polícia: mulheres coitadinhas ou mulheres sem voz?