Pesquisadores e instituições do mundo inteiro já comprovaram os benefícios das aulas de dança para prevenção e também para o tratamento de doenças neurodegenerativas, como o Parkinson e a doença de Alzheimer, além de outros problemas de saúde mental e física.
Aqui no Brasil, uma pesquisa da Universidade de Brasília (UNB) demonstrou que a dança tem grande impacto sobre a autonomia nas atividades básicas da vida cotidiana em idosos portadores de Alzheimer.
Poxa, mas essa matéria não era sobre o flamenco?
E é. Segundo Reginaldo Jimenez, entusiasta dos efeitos terapêuticos da dança e da cultura espanhola, proprietário e professor há 18 anos na escola belo-horizontina Soleá Tablao Flamenco, o ritmo de origem cigana é uma excelente atividade física, que explora a concentração e mantém a memória ativa, com contagens de passos e exigências da coordenação motora. “Tenho alunos dos 3 aos 92 anos, logo, é de se imaginar que os objetivos variam. Tenho alunos que acreditam ter tido origem cigana em vidas passadas, outros que vêm indicadas pelo analista, mulheres que querem se sentir mais sensuais e seduzir o companheiro, pesquisadores da dança, bailarinos, e também quem busca uma atividade física que pode ser individual ou em família”, resume o professor.
Dançar em família foi o que fez a engenheira Maria Beatriz de Freitas Lanza, de 44 anos. Aluna há pouco mais de um ano, ela ia ao Soleá apenas para levar a filha, Ana Tereza, de 12 anos, a Tetê. A menina buscava uma atividade física e já tinha tentado natação – mas tinha otites frequentes – e ginástica olímpica, mas, por ser muito alta para a idade, não se adaptou. Tentou ainda vôlei e balé, mas não teve uma boa experiência com essas modalidades, sentia dores e os professores não observavam tão detalhadamente o perfil de cada aluna. “Sempre passava na porta do Soleá e resolvi entrar. Fui muito bem recebida, minha mãe disse que eu poderia experimentar e comecei as aulas em março de 2012. Não pretendo parar”, conta Tetê.
Beatriz, que no dia a dia corrido às vezes tinha que ficar esperando a filha terminar a aula, percebeu que poderia ganhar com aquele tempo, antes perdido. “O acolhimento que temos é irresistível. Existe todo um cuidado com os alunos, de todas as idades. É uma extensão da minha família. Se eu preciso resolver outra coisa e a Tetê tem que me esperar aqui, fico tranquila. Meu marido vem para as apresentações e para os eventos gastronômicos, ninguém fica excluído”, afirma a engenheira.
Outro aspecto positivo para a aluna é a combinação do prazer de dançar com o exercício físico: a flexibilidade com o perfil do aluno favorece o aprendizado. “Nós duas recuperamos o prazer de aprender. Além disso, eu sentia muitas dores no ombro e no pescoço. Não sinto mais. Já precisei fazer uma cirurgia de varizes e hoje vejo que minha circulação está muito melhor com as aulas. Combinado com o cuidado e o carinho que todos têm com os alunos e colegas, libero a tensão da rotina e ainda faço amizades”, resume Beatriz.
Boa forma x Poder
Entre os efeitos para o bem-estar físico, estão o enrijecimento muscular, principalmente das pernas, glúteos (bumbum), bíceps e tríceps (músculo do tchauzinho), a prevenção de estrias e celulite, além da melhora da postura e também da circulação, evitando a formação de varizes. Além disso, mesmo as pessoas com alguma deficiência física podem desfrutar da aula e participar das coreografias. “Já tive uma aluna com perna mecânica, por exemplo, que não teve dificuldade em se integrar. Recebo também indicação de alunos com artrite e artrose, por exemplo, que auxiliam o tratamento médico com a prática das castanholas”, explica Reginaldo.
Mas o flamenco tem um outro lado, que é muito peculiar dessa manifestação artística espanhola, incluída pela Unesco em 2010 na Lista Representativa do Patrimonio Cultural Imaterial da Humanidade: ainda que seja praticada por homens e mulheres, a dança flamenca atribui à mulher papel de líder. “Além de não haver a condução da mulher pelo homem, como na dança de salão, há elementos culturais que favorecem a abertura, a sensualidade e o poder feminino – o decote, a projeção do colo, a força. Isso é um símbolo da autoconfiança da mulher de origem cigana – é ela que escolhe os rumos. Hoje, algumas mulheres tentam colocar essa consciência de fora para dentro – com o silicone, por exemplo. Mas aqui, isso vem de dentro, da postura diante da vida. Até a forma de a mulher sentar em uma cadeira no espetáculo de flamenco é diferente, com as pernas abertas, em pose desafiadora”, filosofa Reginaldo.
Terapêutico para corpo e alma, a aula de flamenco é uma oportunidade também para aprender um pouco mais da cultura, história, costumes e gastronomia espanhola. Tanto que, logo que se interessou pelo estilo de dança, Reginaldo chegou à conclusão que precisaria 'beber na fonte' e passou um período na Espanha, onde chegou a integrar uma companhia artística de Sevilha, cidade localizada no sudoeste do país europeu. “O flamenco se tornou minha religião, e o palco é onde faço minha oração”, resume o professor.
Companhias de dança
Além de oferecer aulas para pessoas de todas as idades, o Soleá reúne quatro companhias de dança, que se apresentam em todo o Brasil. O Soleá tem orgulho de ter formado muitos profissionais. “Somos a escola que mais formou professores de flamenco em Belo Horizonte”, afirma. Hoje, os bailarinos se dividem em:
Hombres – companhia masculina
Ballet Flamenco Soleá – companhia mista, que existe há 17 anos
Corpo de Baile Soléa – formada por adolescentes
Las Brujas del Flamenco – formadas por mulheres acima de 50 anos
Integrante desta última companhia, a veterinária Solange Gandra Soares, de 54 anos, conheceu o flamenco há seis. Ela, a irmã e uma amiga queriam fazer uma atividade física, mas não gostavam de academia. Viram reportagens sobre o flamenco e procuraram na internet onde poderiam praticar. Hoje, as sobrinhas de Solange também são alunas. “O sapateado ruidoso do flamenco me levou a outras atividades físicas. Hoje, não deixo de fazer caminhada regularmente”, explica a veterinária.
Um aspecto que a aluna também destaca é o ambiente. “Aqui tenho uma imensa família. Conheço praticamente todos os alunos, mesmo os de outros horários, porque a escola promove eventos e festivais que reúnem as turmas. E descobri também, apesar de nunca ter me envolvido em atividades artísticas, que eu amo o teatro, as coxias, o palco”, revela Solange. Fisgada pela cultura flamenca, ela também já visitou a Espanha para ver a tradição de perto. “Visitamos a Bienal do Flamenco em Sevilha e a sensação de vê-los dançar com tanta paixão é inspiradora. Nossa visão sobre a dança muda”, relata.
Reginaldo não esconde que um dos seus objetivos é fazer das aulas um ponto de encontro e de alegria. “A madeira do palco e o som do sapato têm esse poder de canalizar a energia que está guardada”, aponta. Mas nem só de um bom sapato (veja na seção 'Quer ir também?' os detalhes) vive o flamenco. Os acessórios da dança incluem a castanhola, o abanico (leque), o sombrero (chapéu), o mantón (xale), a bata de cola (saia com cauda mais longa), o pandeiro e o bastón (bengala).
Os objetos vão sendo incorporados à coreografia na medida em que o aluno evolui, com o passar dos anos. Para usar a bata de cola, por exemplo, são necessários pelo menos cinco anos. “E muita autoconfiança”, brinca Reginaldo Jimenez.
A portinha da escola de dança, para quem passa na rua, parece pequena. Por dentro, no entanto, a casa é grande e cheia do cuidado citado pelos alunos entrevistados. Quando conversávamos, antes da aula, o professor me ofereceu água. Quando subimos as escadas para o tablado, esqueci minha garrafinha na mesa. Mas quem disse? Milagrosamente, ela apareceu na sala de aula. Sem falar na saia de bolinhas, exatamente do meu tamanho, emprestada. Mágica.
Minha aula foi feita com alunas mais experientes, mas o roteiro foi adaptado para que eu pudesse absorver melhor cada passo. Primeiro, as castanholas. Dá para perceber claramente como, na rotina da redação, negligenciamos as articulações da mão – é só mouse e teclado. Alguns dedinhos quase não conseguiram executar as tarefas - e o toque exige todos os dedos da mão.
Depois, um alongamento suave, que prepara o corpo para dança. Foi interessante observar a postura, a disposição e a concentração das alunas. O peito para fora, o queixo, para cima, o olhar, expressivo. E estamos só no alongamento.
Em seguida, aquecimento para os pés, que já me deu uma ideia das exigências de coordenação motora durante a dança. A partir daí, foram apresentados os movimento de braço, a pegada da saia, o balanço dos quadris e a sensibilidade ao ritmo – é importante aprender a não acelerar ou atravessar a música.
Na última parte, acompanhei uma coreografia que as alunas já estavam ensaiando há algum tempo, para apresentar no festival da escola. Em alguns momentos, confesso que escolhi acompanhar ou com os pés, ou com os braços. Mas, no final da aula, já estava conseguindo fazer quase todos os movimentos sincronizados com a turma. E olha, mesmo sem sentir cansaço – verdade, eu não senti – suei bastante.
Por fim, a aula trouxe uma atividade lúdica, com velas. A referência à fogueira e o círculo em torno do fogo levam imediatamente ao cenário cigano e à energia forte do flamenco. Enquanto a turma das 18h30 se dispersava, chegava a turma das 20h, formada por homens e mulheres. Eu estava com sede, mas não cansada. O efeito foi de ânimo novo: uma forma de utilizar a energia sem descartá-la. A palavra final é renovação.
Quer ir também?
O quê? Dança flamenca
Onde? Soleá Tablao Flamenco - Rua Sergipe 1199B, Savassi, Belo Horizonte (31 3282-2444) https://solea.com.br/ e https://www.facebook.com/pages/Soleá-Tablao-Flamenco/185583914811187?fref=ts
Preço?
Horários promocionais (durante o dia): R$100/mês, sendo que o aluno pode escolher fazer duas aulas por semana, com uma hora de duração cada; ou uma vez por semana, sendo que a aula tem 1h30 de duração.
À noite, o horário é nobre e o preço passa para R$120. São dois horários: de 18h30 a 20h e de 20h a 21h30.
Investimento em equipamentos? O sapato para prática do flamenco é importado e custa de R$280 a R$600. A castanhola de fibra custa R$180 e a saia sai por R$100. Com um investimento inicial de R$560, a escola divide o valor em até 5 vezes.
Pré-requisitos: Não tem. Mesmo.
Contraindicações: É necessário fazer uma avaliação médica, como em qualquer atividade física, mas o risco é baixo.
Dicas: Não vá fazer a aula experimental com um sapato que você goste, porque ele será bastante judiado. Vá de saia comprida e uma blusa/collant bem justo, mas que não impeça os movimentos. Eu fui com uma blusa mais larga e ficou meio marmota com a saia.
Avaliação final: Quem não quer passar algumas horas por semana em um ambiente magnético, que exala carinho, respeito, alegria, força, beleza e cultura? O aluno que pensa em seu futuro no flamenco – ah, quero usar o chapéu, quero saber tocar as castanholas, quero dançar junto com o corpo de baile - é bem esperto: investe na saúde agora, para ter um futuro muito mais feliz.
Aqui no Brasil, uma pesquisa da Universidade de Brasília (UNB) demonstrou que a dança tem grande impacto sobre a autonomia nas atividades básicas da vida cotidiana em idosos portadores de Alzheimer.
Poxa, mas essa matéria não era sobre o flamenco?
Veja a galeria de fotos da aula de flamenco!
Conheça a história do fundador da escola e surpreenda-se!
Conheça a história do fundador da escola e surpreenda-se!
E é. Segundo Reginaldo Jimenez, entusiasta dos efeitos terapêuticos da dança e da cultura espanhola, proprietário e professor há 18 anos na escola belo-horizontina Soleá Tablao Flamenco, o ritmo de origem cigana é uma excelente atividade física, que explora a concentração e mantém a memória ativa, com contagens de passos e exigências da coordenação motora. “Tenho alunos dos 3 aos 92 anos, logo, é de se imaginar que os objetivos variam. Tenho alunos que acreditam ter tido origem cigana em vidas passadas, outros que vêm indicadas pelo analista, mulheres que querem se sentir mais sensuais e seduzir o companheiro, pesquisadores da dança, bailarinos, e também quem busca uma atividade física que pode ser individual ou em família”, resume o professor.
Dançar em família foi o que fez a engenheira Maria Beatriz de Freitas Lanza, de 44 anos. Aluna há pouco mais de um ano, ela ia ao Soleá apenas para levar a filha, Ana Tereza, de 12 anos, a Tetê. A menina buscava uma atividade física e já tinha tentado natação – mas tinha otites frequentes – e ginástica olímpica, mas, por ser muito alta para a idade, não se adaptou. Tentou ainda vôlei e balé, mas não teve uma boa experiência com essas modalidades, sentia dores e os professores não observavam tão detalhadamente o perfil de cada aluna. “Sempre passava na porta do Soleá e resolvi entrar. Fui muito bem recebida, minha mãe disse que eu poderia experimentar e comecei as aulas em março de 2012. Não pretendo parar”, conta Tetê.
Beatriz, que no dia a dia corrido às vezes tinha que ficar esperando a filha terminar a aula, percebeu que poderia ganhar com aquele tempo, antes perdido. “O acolhimento que temos é irresistível. Existe todo um cuidado com os alunos, de todas as idades. É uma extensão da minha família. Se eu preciso resolver outra coisa e a Tetê tem que me esperar aqui, fico tranquila. Meu marido vem para as apresentações e para os eventos gastronômicos, ninguém fica excluído”, afirma a engenheira.
Outro aspecto positivo para a aluna é a combinação do prazer de dançar com o exercício físico: a flexibilidade com o perfil do aluno favorece o aprendizado. “Nós duas recuperamos o prazer de aprender. Além disso, eu sentia muitas dores no ombro e no pescoço. Não sinto mais. Já precisei fazer uma cirurgia de varizes e hoje vejo que minha circulação está muito melhor com as aulas. Combinado com o cuidado e o carinho que todos têm com os alunos e colegas, libero a tensão da rotina e ainda faço amizades”, resume Beatriz.
Boa forma x Poder
Entre os efeitos para o bem-estar físico, estão o enrijecimento muscular, principalmente das pernas, glúteos (bumbum), bíceps e tríceps (músculo do tchauzinho), a prevenção de estrias e celulite, além da melhora da postura e também da circulação, evitando a formação de varizes. Além disso, mesmo as pessoas com alguma deficiência física podem desfrutar da aula e participar das coreografias. “Já tive uma aluna com perna mecânica, por exemplo, que não teve dificuldade em se integrar. Recebo também indicação de alunos com artrite e artrose, por exemplo, que auxiliam o tratamento médico com a prática das castanholas”, explica Reginaldo.
Mas o flamenco tem um outro lado, que é muito peculiar dessa manifestação artística espanhola, incluída pela Unesco em 2010 na Lista Representativa do Patrimonio Cultural Imaterial da Humanidade: ainda que seja praticada por homens e mulheres, a dança flamenca atribui à mulher papel de líder. “Além de não haver a condução da mulher pelo homem, como na dança de salão, há elementos culturais que favorecem a abertura, a sensualidade e o poder feminino – o decote, a projeção do colo, a força. Isso é um símbolo da autoconfiança da mulher de origem cigana – é ela que escolhe os rumos. Hoje, algumas mulheres tentam colocar essa consciência de fora para dentro – com o silicone, por exemplo. Mas aqui, isso vem de dentro, da postura diante da vida. Até a forma de a mulher sentar em uma cadeira no espetáculo de flamenco é diferente, com as pernas abertas, em pose desafiadora”, filosofa Reginaldo.
Terapêutico para corpo e alma, a aula de flamenco é uma oportunidade também para aprender um pouco mais da cultura, história, costumes e gastronomia espanhola. Tanto que, logo que se interessou pelo estilo de dança, Reginaldo chegou à conclusão que precisaria 'beber na fonte' e passou um período na Espanha, onde chegou a integrar uma companhia artística de Sevilha, cidade localizada no sudoeste do país europeu. “O flamenco se tornou minha religião, e o palco é onde faço minha oração”, resume o professor.
Companhias de dança
Além de oferecer aulas para pessoas de todas as idades, o Soleá reúne quatro companhias de dança, que se apresentam em todo o Brasil. O Soleá tem orgulho de ter formado muitos profissionais. “Somos a escola que mais formou professores de flamenco em Belo Horizonte”, afirma. Hoje, os bailarinos se dividem em:
Hombres – companhia masculina
Ballet Flamenco Soleá – companhia mista, que existe há 17 anos
Corpo de Baile Soléa – formada por adolescentes
Las Brujas del Flamenco – formadas por mulheres acima de 50 anos
Integrante desta última companhia, a veterinária Solange Gandra Soares, de 54 anos, conheceu o flamenco há seis. Ela, a irmã e uma amiga queriam fazer uma atividade física, mas não gostavam de academia. Viram reportagens sobre o flamenco e procuraram na internet onde poderiam praticar. Hoje, as sobrinhas de Solange também são alunas. “O sapateado ruidoso do flamenco me levou a outras atividades físicas. Hoje, não deixo de fazer caminhada regularmente”, explica a veterinária.
Um aspecto que a aluna também destaca é o ambiente. “Aqui tenho uma imensa família. Conheço praticamente todos os alunos, mesmo os de outros horários, porque a escola promove eventos e festivais que reúnem as turmas. E descobri também, apesar de nunca ter me envolvido em atividades artísticas, que eu amo o teatro, as coxias, o palco”, revela Solange. Fisgada pela cultura flamenca, ela também já visitou a Espanha para ver a tradição de perto. “Visitamos a Bienal do Flamenco em Sevilha e a sensação de vê-los dançar com tanta paixão é inspiradora. Nossa visão sobre a dança muda”, relata.
Reginaldo não esconde que um dos seus objetivos é fazer das aulas um ponto de encontro e de alegria. “A madeira do palco e o som do sapato têm esse poder de canalizar a energia que está guardada”, aponta. Mas nem só de um bom sapato (veja na seção 'Quer ir também?' os detalhes) vive o flamenco. Os acessórios da dança incluem a castanhola, o abanico (leque), o sombrero (chapéu), o mantón (xale), a bata de cola (saia com cauda mais longa), o pandeiro e o bastón (bengala).
Os objetos vão sendo incorporados à coreografia na medida em que o aluno evolui, com o passar dos anos. Para usar a bata de cola, por exemplo, são necessários pelo menos cinco anos. “E muita autoconfiança”, brinca Reginaldo Jimenez.
A portinha da escola de dança, para quem passa na rua, parece pequena. Por dentro, no entanto, a casa é grande e cheia do cuidado citado pelos alunos entrevistados. Quando conversávamos, antes da aula, o professor me ofereceu água. Quando subimos as escadas para o tablado, esqueci minha garrafinha na mesa. Mas quem disse? Milagrosamente, ela apareceu na sala de aula. Sem falar na saia de bolinhas, exatamente do meu tamanho, emprestada. Mágica.
Minha aula foi feita com alunas mais experientes, mas o roteiro foi adaptado para que eu pudesse absorver melhor cada passo. Primeiro, as castanholas. Dá para perceber claramente como, na rotina da redação, negligenciamos as articulações da mão – é só mouse e teclado. Alguns dedinhos quase não conseguiram executar as tarefas - e o toque exige todos os dedos da mão.
Depois, um alongamento suave, que prepara o corpo para dança. Foi interessante observar a postura, a disposição e a concentração das alunas. O peito para fora, o queixo, para cima, o olhar, expressivo. E estamos só no alongamento.
Em seguida, aquecimento para os pés, que já me deu uma ideia das exigências de coordenação motora durante a dança. A partir daí, foram apresentados os movimento de braço, a pegada da saia, o balanço dos quadris e a sensibilidade ao ritmo – é importante aprender a não acelerar ou atravessar a música.
Na última parte, acompanhei uma coreografia que as alunas já estavam ensaiando há algum tempo, para apresentar no festival da escola. Em alguns momentos, confesso que escolhi acompanhar ou com os pés, ou com os braços. Mas, no final da aula, já estava conseguindo fazer quase todos os movimentos sincronizados com a turma. E olha, mesmo sem sentir cansaço – verdade, eu não senti – suei bastante.
Por fim, a aula trouxe uma atividade lúdica, com velas. A referência à fogueira e o círculo em torno do fogo levam imediatamente ao cenário cigano e à energia forte do flamenco. Enquanto a turma das 18h30 se dispersava, chegava a turma das 20h, formada por homens e mulheres. Eu estava com sede, mas não cansada. O efeito foi de ânimo novo: uma forma de utilizar a energia sem descartá-la. A palavra final é renovação.
Quer ir também?
O quê? Dança flamenca
Onde? Soleá Tablao Flamenco - Rua Sergipe 1199B, Savassi, Belo Horizonte (31 3282-2444) https://solea.com.br/ e https://www.facebook.com/pages/Soleá-Tablao-Flamenco/185583914811187?fref=ts
Preço?
Horários promocionais (durante o dia): R$100/mês, sendo que o aluno pode escolher fazer duas aulas por semana, com uma hora de duração cada; ou uma vez por semana, sendo que a aula tem 1h30 de duração.
À noite, o horário é nobre e o preço passa para R$120. São dois horários: de 18h30 a 20h e de 20h a 21h30.
Investimento em equipamentos? O sapato para prática do flamenco é importado e custa de R$280 a R$600. A castanhola de fibra custa R$180 e a saia sai por R$100. Com um investimento inicial de R$560, a escola divide o valor em até 5 vezes.
Pré-requisitos: Não tem. Mesmo.
Contraindicações: É necessário fazer uma avaliação médica, como em qualquer atividade física, mas o risco é baixo.
Dicas: Não vá fazer a aula experimental com um sapato que você goste, porque ele será bastante judiado. Vá de saia comprida e uma blusa/collant bem justo, mas que não impeça os movimentos. Eu fui com uma blusa mais larga e ficou meio marmota com a saia.
Avaliação final: Quem não quer passar algumas horas por semana em um ambiente magnético, que exala carinho, respeito, alegria, força, beleza e cultura? O aluno que pensa em seu futuro no flamenco – ah, quero usar o chapéu, quero saber tocar as castanholas, quero dançar junto com o corpo de baile - é bem esperto: investe na saúde agora, para ter um futuro muito mais feliz.