Muitas vezes, a mágoa e os demais sentimentos negativos que acompanham o término de um relacionamento não surgem a partir do fim: são evidenciados por ele. Partindo desse pressuposto e de sua experiência no tratamento de casais em crise, o psicólogo Alexandre Bez resolveu falar sobre os principais obstáculos de um relacionamento, em forma de romance. “No livro O que era doce, virou amargo!!! (Juruá Editora), pego pontos da psicologia e os diluo, mixando teorias psicológicas com romance, para não configurá-lo como autoajuda”, detalha.
Estudos, pesquisas e mais de 100 filmes são usados para explicar funções mentais capazes de desnortear uma relação, como medo ou impulsividade. Usando como pano de fundo a vida amorosa de James Morgan — um psicólogo com dor de cotovelo incumbido de fazer um estudo sobre por que a maioria dos casais não consegue manter uma desenvoltura natural —, Bez conta que seu objetivo principal é analisar componentes emocionais negativos que impedem uma relação saudável.
Em 19 anos de atendimento em consultório, Alexandre Bez conta que já viu de tudo. O primeiro passo rumo ao fracasso conjugal, segundo ele, é a falta de habilidade do casal em se policiar, no que diz respeito à manutenção do relacionamento. E não adianta achar que, para manter um namoro ou um casamento, o batido “como foi o seu dia” é suficiente. Conversar sobre coisas pessoais, envolvendo gostos e assuntos inerentes às particularidades do parceiro seria um caminho mais funcional para evitar que o relacionamento vá para o buraco.
Entre os motivos que levam ao término, Bez cita como mais comuns a passividade, a imaturidade e a imprudência relacional. O primeiro caso seria bem ilustrado por um homem que se abstém de escolher o filme a que o casal assistirá no cinema ou o que quer jantar. Sujeitos imaturos inviabilizam um relacionamento por não conseguirem lidar com problemas. Um outro cenário está relacionado a comentários negativos sobre o parceiro em público — comportamento fatal para o relacionamento.
Se o casal tiver que se separar, Bez defende que a ideia de protocolo a ser seguido não existe — o que há são medidas que ajudam na recuperação, como cortar toda e qualquer comunicação virtual. Depois, definir o que fazer: partir para outra imediatamente, provocar ciúmes ou se recolher? “É preciso entender o término para entender a estrutura do que virá.” No caso dos ex-casais que querem se tornar amigos, ele diz que é preciso ter certeza de que o sentimento não é unilateral. “Às vezes, o relacionamento precisa de um tempo para começar de novo e de maneira mais amigável. Só dá para ser amigo quando não há sentimento de volta.”
A aposentada Nilda Roder Kai, 72 anos, está entre os dois extremos: apesar de não ter nenhuma vontade de voltar com o ex-marido, os dois dividem o mesmo teto há anos.Tudo começou com o casamento, em 1973, que rendeu três filhos e durou 13 anos. Depois do término, o ex-casal dividiu os bens e ela voltou para o interior de São Paulo com os rebentos, onde mora até hoje. Ela passou em um concurso, vendeu o apartamento que tinha e conseguiu se manter e educar os filhos.
Os três cresceram e saíram de casa. Após um tempo, um dos filhos foi visitar o pai e ficou assustado com o que viu. “Ele disse que o pai estava doente e sozinho. Sugeriu que eu o acolhesse.” Depois que se separaram, Nilda conta que o ex-marido foi tentar a vida no Japão. Adoentado e sem dinheiro, voltou ao Brasil. “Como eu morava em uma casa de três quartos sozinha, ele veio para cá.” O ex-marido voltou ao convívio da aposentada há sete anos. Atualmente, os dois moram juntos, mas cada um para seu lado. O começo foi complicado, já que o novo morador não tinha renda. Nilda, porém, não reclama.
Mas comentários sobre a configuração da sua casa são frequentes. “Algumas pessoas diziam que, se fossem com elas, o colocavam no olho da rua”, exemplifica. Nilda nem liga. Independente e “à frente do seu tempo”, como se define, ela cuida da vida agitadíssima. “Vou para onde eu quero, faço minhas coisas e ele faz as dele. Acho que o fato de estar casada me podaria um pouco.”
A relação dos famosos
Veja alguns artistas que conseguiram superar o término e outros que não aceitaram muito bem o fim do relacionamento
Amigos
A jornalista Marília Gabriela e o ator Reynaldo Gianecchini se casaram em 1999 e ficaram juntos por sete anos. Após a separação, contudo, os dois já deram diversas declarações na imprensa de que sentem grande carinho um pelo outro.
Os atores Cleo Pires e João Vicente de Castro foram casados por quatro anos. O relacionamento terminou em dezembro de 2012. Cada um já arrumou um novo amor e os dois seguem amigos.
Ex e inimigos
Quando a atriz Nívea Stelmann e o jogador de futebol Elano começaram o relacionamento, em 2011, ele era casado. Depois de idas e vindas, Nívea ameaçou divulgar fotos íntimas do jogador, mas os advogados de Elano conseguiram uma liminar para impedi-la. No mês seguinte, a atriz entrou na Justiça conta Elano, por invasão de domicílio, atentado ao pudor e danos morais. O processo foi encerrado em abril de 2012 com um acordo: Nívea se comprometeu a não divulgar as fotos, sob pena de ter que desembolsar R$ 50 mil de indenização.
Os atores Luana Piovani e Dado Dolabella chegaram a ficar noivos, passaram dois anos e quatro meses juntos, mas o namoro não suportou a série de brigas e crises. Até mesmo um processo judicial foi movido contra o ator, acusado de agredir a camareira de Luana, que tentava apartar uma briga do casal.