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“Com o sinal do SRS elevado, podemos rapidamente gerar imagens de alta resolução, que proporcionam detalhes da forma como as células são organizadas nos tecidos. A diferença mais óbvia entre o cérebro normal e o tumor infiltrado é a forma como as células são dispostas. Os tumores são cheios de células hermeticamente embaladas e de muitos vasos sanguíneos minúsculos. Já as células normais do cérebro são bem organizadas em regiões específicas, denominadas núcleos ou camadas que compõem o córtex”, esclarece Daniel Orringer, coautor do estudo e pesquisador da Universidade de Michigan.
Diretor do Centro de Câncer de Brasília (Cettro), o médico Murilo Buso explica que a técnica pode ter efeitos significativos para a melhora da cirurgia. Isso porque, embora a frequência da doença não seja alta, o glioblastoma multiforme é o mais agressivo entre os tumores cerebrais. “O tempo de vida, mesmo com a intervenção cirúrgica, é de em média 16 meses. Trata-se de um câncer infiltrativo, que é de difícil cura, pois fica junto aos tecidos saudáveis”, explica o médico, que diz não existirem causas aparentes para o desenvolvimento da doença, diagnosticada geralmente por ressonância magnética ou tomografia computadorizada.
Para a médica Daniele Ferreira Neves, do Centro de Tratamento Oncológico Oncoclínica, no Rio de Janeiro, a ferramenta SRS, caso seja aprimorado o estudo, poderá ser usada para identificar outros tipos de câncer cerebral. “Seria bem maior a chance de cura com a possibilidade de ter mais detalhes sobre a margem do tumor, que poderá ser retirado por inteiro”, explica. Hoje, segundo ele, há uma necessidade de combinação de intervenções pela dificuldade do procedimento cirúrgico. “Infelizmente, hoje, a otimização da cirurgia não é aplicável, por isso a necessidade de tratamento com radioterapia e quimioterapia para eliminar as células com câncer que não são extraídas durante a cirurgia”, explica a oncologista.

Próxima etapas
Segundo Daniel Orringer, da Universidade de Michigan, a maior surpresa durante a pesquisa foi saber que a SRS poderia revelar tumores em regiões do cérebro que parecem normais ao olho nu. “Com a ferramenta, foi possível mostrar uma clara fronteira entre os dois”. O pesquisador conta que havia uma frustração entre os integrantes da equipe devido à dificuldade em diferenciar o tumor cerebral durante as cirurgias. “Nós pensamos que a magnitude desse problema estava subestimada. Agora, estamos animados com a SRS porque ela oferece uma forma que poderá ajudar na remoção completa do câncer”, avalia.
Autor principal do estudo, Minbiao Ji diz que o próximo objetivo do grupo de pesquisadores é coletar imagens de tumores em cérebros humanos e implementar uma ferramenta com SRS que seja mais acessível no ato da cirurgia. “Como a SRS fica inviável para algumas salas de cirurgia por causa do tamanho do equipamento, já estamos estudando a viabilização de uma sonda de SRS que emita as luzes. Do tamanho de uma escova de dentes, ela teria componentes de baixo custo e fibra ótica e ajudará sobremaneira o médico e o paciente”, finaliza.
Desenvolvimento silencioso
De forma geral, os tumores cerebrais aparecem isolados e, quando diagnosticados, a doença já está avançada. Sintomas como dor de cabeça intensa, convulsão e diminuição dos sentidos em algumas partes do corpo podem sinalizar a enfermidade. Especialistas reforçam a importância da visita regular ao médico para que sejam possíveis o diagnóstico e o tratamento precoce da doença.