“O que sempre achei diferente é a abordagem do negro e do branco. O negro parece que se sente no direito de chegar em você porque você também é negra. Ele já fala assim: ‘Nós que somos dessa raça bonita…’ A raça não pode ser um quesito para ficar junto. Sempre convivi com homens brancos. Em qualquer reunião que vá, provavelmente, sou a única negra. Até por isso acho que a maioria dos meus relacionamentos foi com homens brancos. Namorei cinco vezes: dois negros e três brancos. Comecei a me sentir atraída por negros quando já era mais velha, porque não tinha contato com os negros.
Nos meus relacionamentos, nunca passei por situações de preconceito, mas já tive medo. Quando a gente toma consciência da nossa raça, temos medo. Quando era pequena, não me preocupava se era negra ou era branca, mas, quando estamos em um relacionamento, tememos não pelo rapaz com quem estamos saindo, mas pela família dele. Se ele quis namorar com você, é porque ele te aceita da cor que é, mas a família dele não é obrigada a pensar da mesma forma.
A primeira imagem que o homem tem é de que a negra é muito sexualizada. Acha que nós gostamos de uma abordagem mais ríspida, e não é assim. Também existe uma abordagem maior por parte dos estrangeiros. Ser negra está na moda.
Não acontece comigo, mas acontece com outras negras, de se sentirem excluídas em certos ambientes. Normalmente, não sinto essa coisa, porque já chego querendo ser diferente. Nem mais nem menos, mas chamando a atenção. Muitas negras querem ser iguais a todas as pessoas da festa e aí elas se sentem excluídas. Já fui muito questionada e até excluída do meio. Me acusam de não entender o movimento. Eu não vivi essa realidade. Posso respeitar, apoiar a causa, mas não lutar com a mesma força de alguém que sofreu.”