Saúde

Exercícios diários de gentileza contribuem para que as pessoas sejam menos complicadas e mais otimistas

Perceber algumas situações que mereçam agradecimento é um bom começo para viver melhor e feliz

Leila Ferreira, escritora: %u201CO peso na alma transparece no estresse%u201D
Ser gentil, delicado, solidário, agradecido e bem-humorado são apenas algumas das posturas adotadas frente à vida entre aqueles que querem dar mais cor e suavidade à rotina. Gestos simples de cortesia, como cumprimentar o motorista e o cobrador ao entrar no ônibus, já proporcionam mais sutileza ao trajeto. E assim pode ser em qualquer situação. “O peso na alma transparece no estresse, no mau humor, na irritabilidade, mas também na falta absurda de gentileza que expressam comportamentos grosseiros e de individualismo radical”, observa a escritora Leila Ferreira, que acredita que a gentileza e o bom humor são os fatores primordiais na busca por uma alma mais desapegada e descomplicada.


Em uma passagem de seu livro A arte de ser leve, ela é categórica. “Quem escolhe fazer de seu cotidiano um exercício de delicadeza e respeito, certamente tem mais chances de envelhecer com leveza.” A diretora de RH e comunicação da Forno de Minas, Hélida Mendonça, de 52 anos, valoriza esses gestos, que considera parte da formação. “Cumprimentar as pessoas com um sorriso e um bom-dia é da gente. Quem dera se as pessoas fossem mais gentis”, almeja.

A psiquiatra Sofia Bauer lançou recentemente a 'Cartilha do otimismo', um guia com várias dicas de como ser positivo diante da vida
Gentileza que, muitas vezes, pode não gerar gentileza, mas que deve continuar sendo perpetuada, mesmo que o cobrador ou o motorista não respondam de volta com a mesma cordialidade. O exercício é exaustivo, assim como a tentativa de ser otimista, mesmo quando tudo parece conspirar contra. Em sua Cartilha do otimismo, a psiquiatra Sofia Bauer pontua várias atitudes de fomento à psicologia positiva, arma na prevenção de uma vida marcada por doenças, sofrimento e dores do corpo e da mente.

A psiquiatra garante que o otimismo pode ser aprendido ao longo de um ano de dedicação às mudanças de atitudes. Um bom exercício de aprimoramento é a gratidão. Terminar o dia e pontuar situações que mereçam agradecimento expandem o olhar sobre as pequenas coisas que dão sabor e enriquecem a vida. “O deprimido, pessimista vai ver sempre as mesmas coisas. Almoço, trabalho, família. Mas aí abrimos sua mente. Neste dia não choveu? Não é algo agradável que temos que agradecer?”, observa Sofia. Meditar, fazer atividades físicas e praticar o bem são outros pontos básicos que podem ser implementados rumo a uma postura mais positiva.

Não se trata do positivismo idealista, mas daquele que, no primeiro momento, pode até se assemelhar a um sonho, o ideal, mas que no longo prazo tem embasamento e sustentação para ser executado. “O pessimismo está sendo realista agora e, por isso, não anda de medo. Essa postura trava e impede o crescimento e o sucesso, enquanto o otimismo torna as pessoas mais saudáveis psíquica e fisicamente, garante bons relacionamentos e, o melhor de tudo, proporciona sucesso”, observa. Prontos para lastimar diante de qualquer circunstância, os reclamões estão, geralmente, deprimidos e devem procurar ajuda.

Hélida Mendonça, da Forno de Minas, valoriza pequenos gestos como um bom dia e outras gentilezas cotidianas
RELAÇÕES
A leveza facilita a comunicação e é um combustível fundamental das relações pessoais, avalia Leila Ferreira. “O casamento fica menos complicado, assim como as relações profissionais. A leveza enriquece os relacionamentos”, avalia. Tanto o leve como o pesado são capazes de contaminar o ambiente que frequentam. Por isso, uma dica importante é tentar se cercar de pessoas e lugares que ajudam a tornar esse processo mais rápido e prazeroso. “É preciso cavar, procurando lugares e pessoas que o ajudem a ser mais leve. É uma prospecção mesmo, um exercício homeopático”, garante Leila.



IMPORTÂNCIA DA RESILIÊNCIA

“Ser leve não significa ser alegre, simpático, bem humorado e animado o tempo todo. Principalmente no ambiente de trabalho, esse comportamento pode não agradar a todos. Isso é importante sim, mas a leveza vai além disso. Acredito também na importância de ser resiliente e conseguir se adaptar aos diferentes perfis de pessoas com as quais convivemos. Entender suas diferenças e se sentir bem com isso. Acredito que boa parte do sucesso daqueles que são leves se deve a essa capacidade de lidar com a adversidade para conseguir atingir os objetivos.”

Mariana Godinho, fonoaudióloga especialista em gestão de pessoas e consultora da Act Comunicação Empresarial

A reportagem continua...
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