Cientistas desenvolvem tecido de coração humano

Equipe da Universidade de Pittsburgh usou células-tronco pluripotenciais induzidas para criar células precursoras cardíacas. Procedimento é controverso

por AFP / Relaxnews 15/08/2013 18:02

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Cientistas disseram na última terça-feira ter usado células-tronco para desenvolver tecido cardíaco humano que se contraiu espontaneamente em uma placa de petri, representando um avanço na busca da produção de órgãos para transplante. Uma equipe da Universidade de Pittsburgh, Pensilvânia, usou células-tronco pluripotenciais induzidas (iPS), geradas a partir de células-tronco humanas, para criar células precursoras cardíacas denominadas MCPs.

As iPS são células humanas maduras, "reprogramadas" para um estado versátil e primitivo, a partir do qual elas podem ser induzidas a desenvolver qualquer tipo de célula do corpo. As células cardíacas primitivas criadas desta forma foram colocadas no "scaffold" (andaime, numa tradução literal) do coração de um camundongo, do qual os cientistas removeram todas as células cardíacas originais, redigiram na revista Nature Communications.

O "scaffold" é uma rede de tecido não vivo, composto de proteínas e carboidratos à qual as células aderem e crescem. Inseridas neste andaime tridimensional, as células precursoras cresceram e desenvolveram músculo cardíaco e, após 20 dias sendo alimentadas com sangue, o órgão reconstruído da cobaia "começou a se contrair novamente à taxa de 40 a 50 batimentos por minuto", informou em um comunicado a Universidade de Pittsburgh.

"Ainda estamos longe de fazer um coração humano completo", acrescentou o pesquisador sênior Lei Yang. É preciso encontrar formas para fazer o coração se contrair forte o suficiente para bombear sangue de forma eficaz e reconstruir o sistema de condução elétrica do coração.

"No entanto, nós oferecemos uma nova fonte de células - células MCPs derivadas de iPS - para a futura engenharia de tecido cardíaca", informou Yang em e-mail à AFP. "Esperamos que nosso estudo seja usado no futuro para recolocar um pedaço do tecido danificado por um ataque cardíaco ou talvez um órgão inteiro em pacientes com doença cardíaca", acrescentou.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 17 milhões de pessoas morram de problemas cardiovasculares todos os anos, a maioria vítima de doenças do coração. Devido à falta de doadores de órgãos, "a insuficiência cardíaca terminal é irreversível", destacou o estudo.

Mais da metade de pacientes com doenças cardíacas não se beneficia do uso de medicamentos. "A engenharia do tecido cardíaco representa uma grande promessa, com base na reconstrução do músculo cardíaco específico do paciente", escreveram os cientistas. Até alguns anos atrás, quando as células iPS foram criadas, a única forma de se obter células-tronco era coletá-las de embriões humanos. Seu uso é controverso porque requer a destruição do embrião, um processo rejeitado, entre outros, por conservadores religiosos.