Apesar da alta incidência, a doença tem grandes chances de cura se diagnosticada precocemente. Santana explica que a adequação do tratamento ao bicho é fator determinante. Mesmo que o quadro não se reverta, esse cuidado permite uma sobrevida muito melhor, especialmente entre fêmeas jovens. Nina é um exemplo de superação. A boxer de 11 anos foi diagnosticada em abril deste ano e, hoje, pode ser considerada uma vencedora. Sua dona, a aposentada Josilene Pessoa Lodi, 59 anos, conta que já havia reparado alguns nódulos na região mamária de Nina, mas decidiu levá-la ao veterinário quando outros sintomas se apresentaram.
Há algum tempo, Nina, que nunca cruzou, vinha apresentando problemas logo após o período do cio, que eram diagnosticados como gravidez psicológica. “Passavam uns dois ou três meses depois do cio e ela ficava sem apetite, estressada, muito ofegante”, conta Josilene. A família, que já estava acostumada com esses sintomas, demorou a avaliar a gravidade da situação. Josilene conta que a “ficha caiu” quando, ao voltar de uma viagem, encontrou a cadelinha em um estado de prostração. No veterinário, o primeiro diagnóstico foi de pressão alta. Mas o profissional reavaliou o quadro quando viu os nódulos nas mamas.
A partir daí, Nina passou por um a bateria de exames, que confirmaram o câncer e acusaram ainda uma metástase nos pulmões. O tratamento seguiu o padrão. “Quando se diagnostica o câncer de mama, o procedimento recomendado é a castração e a mastectomia radical bilateral”, explica Edmundo. O médico explica que o ideal é fazer duas cirurgias, pois o procedimento é agressivo.
Nina passou pela primeira cirurgia imediatamente, no qual foi feita a retirada do útero e de um lado das mamas. Cerca de 20 dias depois, foi feito o segundo procedimento. Como a boxer já tem idade avançada, ela não iniciou tratamento com quimioterapia para as metástases. Josilene explica que o veterinário a orientou a esperar, pois a doença poderia regredir naturalmente após as cirurgias. A próxima visita de Nina ao veterinário será decisiva. Serão realizados exames para verificar a remissão do câncer. Josilene se emociona ao falar da doença da mascote. “Receber essa notícia é bem ruim, ela é a minha companheira. Somos nós duas, onde eu vou, ela vai atrás. É muito triste”, completa.
Diante do diagnóstico tardio, a recuperação de Nina é promissora. Alexandra Greuel explica que, quando a cirurgia é feita antes da metástase, a maioria dos casos obtém cura completa. Já nos casos em que o tumor se espalhou, o número de cães que sobrevive diminui muito. O tratamento, é bom frisar, não se restringe a cirurgia. Também existe a opção da quimioterapia, geralmente, acompanhada de uma dieta especial para manter os níveis de proteínas, vitaminas e ômega 3.
Prevenção ainda é a melhor abordagem. Edmundo Santana explica que a maior causa do câncer de mama em cadelas e gatas é o uso de medicamentos hormonais. “O uso do anticocepcional é decisivo no desenvolvimento do câncer”, explica. Evitar qualquer tipo de hormônio externo nas mascotes já é um grande passo para prevenir a doença, mas aquelas que nunca tomaram anticoncepcional não estão livres de complicações. Alexandra acrescenta que a medida preventiva mais segura é a castração precoce. A especialista explica que, quando o procedimento é feito antes do primeiro cio, a chance de a cadela desenvolver o câncer é de apenas 0,05%. A partir do segundo cio, elas aumentam, e a partir do terceiro, já não traz benefícios.
Os veterinários falam também da importância de se estar sempre atento ao pet. É recomendado fazer o equivalente ao autoexame das mamas, ou seja, os donos, em um momento de carinho ou brincadeira, devem apalpar a região à procura de alterações. Qualquer caroço, por menor que seja, deve ser levado em consideração, e o pet deve ser levado imediatamente ao veterinário. “Não pode esperar para ver se vai crescer. Mesmo se for do tamanho de um grão de arroz, tem que ir ao médico”, completa Alexandra.
Mesmo com esses cuidados, o ideal, quando não se pretende colocar a cadela para cruzar, é a retirada do útero e dos ovários. Os tumores são alimentados por hormônios e, quanto menor a produção hormonal, menores as chances de ocorrer o mal. “A melhor forma de prevenção é a castração”, reforça Santana.