Um dos pilares da qualidade de vida, espera-se que a maioria das pessoas tenha vida sexual saudável e satisfatória sem drogas. Os aspectos que envolvem essa perigosa combinação entre drogas e comportamento sexual, principalmente entre adultos jovens e adolescentes, é um dos temas abordados no recém-lançado livro Sexualidade: do prazer ao sofrer, da Editora Roca, organizado por Alessandra Diehl e Denise Leite Vieira.
Entre outros assuntos, elas mostram de que forma drogas como álcool e maconha têm efeitos mistos, interferindo na relação estímulo/percepção/reação sexual. Segundo a psiquiatra Alessandra Diehl, colaboradora da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad) do Instituto Nacional de Políticas do Álcool e Drogas (Inpad), as drogas podem interferir em qualquer estágio do ciclo de resposta sexual humano: desde o desejo até a resolução.
O Ecstasy, por exemplo, ganhou as festas na década de 1980 com a promessa de aumentar o interesse sexual, assim como a sensação de proximidade e intimidade com terceiros. Muitos usuários dizem sentir vontade de tocar as pessoas e que o efeito é mais sensorial que propriamente sexual. No entanto, há evidência científica de aumento de risco de sexo desprotegido e maior número de parcerias sexuais na vigência do uso.
Também há quem acredite que a maconha tenha capacidade de aumentar a libido, prolongar o orgasmo e favorecer o encontro sexual. “Não se sabe ao certo se esses efeitos seriam dose-dependentes ou não, ou seja, quanto maior o consumo, maior o efeito. Tudo indica que deve existir algo complicado nessa relação, apesar das polêmicas e controvérsias entre os apaixonados pela erva, que a glorificam”, explica a estudiosa.
Pesquisadores ainda estão em busca de respostas para entender o real papel da maconha na esfera sexual. Mas os poucos estudos disponíveis revelam que existe associação do uso da droga e aumento do número de parcerias sexuais, dificuldade de atingir o orgasmo para os homens e dificuldades de ereção. Outros estudos têm apontado desenvolvimento de infertilidade em ambos os gêneros.
LÍCITAS
Mas o comprometimento na sexualidade pode estar bem mais próximo. Já está comprovado que o cigarro leva à disfunção sexual em homens. As mulheres podem ter os mesmos efeitos. Já o álcool causa diminuição da libido e, em longo prazo, disfunção sexual, embora tenha efeito no processo de desinibição quando utilizado em baixas doses, às vezes facilitando o encontro sexual.
“O álcool tem efeitos tóxicos diretos sobre os testículos e ovários, além do fígado. Ele aumenta o catabolismo de testosterona e sua transformação em estrogênio, levando a disfunções sexuais após exposição e abuso crônico. Nas mulheres, pode interferir na lubrificação vaginal e na capacidade de atingir o orgasmo. A ação depressora do álcool também pode causar sonolência e diminuir o desejo sexual.”
MITO OU VERDADE?
MITO: O uso de estimulantes sexuais por indivíduos sem disfunção erétil não causa nada.
Jovens saudáveis têm feito uso recreativo de medicamentos para tratamento da disfunção erétil. Combinados com outras drogas, como Ecstasy, a tentativa é aumentar a autoconfiança, prolongar a excitação e melhorar o desempenho sexual. Acredita-se que isso pode provocar arritmias e quadros semelhantes a uma crise de pânico.
VERDADE: Cocaína em dose baixa pode aumentar tesão.
A cocaína talvez seja a droga mais emblemática na questão da sexualidade, pois os efeitos na atividade sexual são dose- dependentes e podem tanto gerar aumento do prazer e da intensidade do orgasmo quanto piorar o desempenho sexual. Os efeitos agudos da cocaína são estimulantes, mas a longo prazo ela provoca disfunções sexuais.
VERDADE: GHB é a droga do estupro.
Muitos tratam o gamahidroxibutirato (GHB) como ‘rape drugs’, ou seja, uma droga do estupro por ser facilmente colocada em bebidas e utilizada para atos criminosos. Mas o uso do GHB também pode ser motivado, principalmente em homens, pelos seus efeitos de relaxamento, aumento da libido e da sonolência.
MITO: O Crystal não é uma droga perigosa com relação ao sexo.
O abuso de metanfetamina – Crystal, Meth ou Tina – tem gerado preocupações clínicas e psicológicas, especialmente entre homens que fazem sexo com homens. Intercurso anal desprotegido e compartilhamento de seringas, que expõem as pessoas ao risco de HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, podem ocorrer por influência dessa droga.