Mau hálito pode ser sintoma de algo mais sério com a saúde do bichinho de estimação

Veterinário explica que hálito forte é sempre consequência de problema de saúde. Em cães e gatos, a principal causa é a doença periodontal

por Revista do CB 25/07/2013 09:00

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Zuleika de Souza/CB/D.A Press
Logan recebe a escovação de seu dono, Marcos Vinícius: o lulu da pomerânia passou por maus bocados devido a uma periodontite (foto: Zuleika de Souza/CB/D.A Press)
Muitas vezes, estamos brincando com nossos cães e gatos e sentimos um odor desagradável. A sensação não é nada boa e a nossa primeira reação é afastá-los e não dar tanta atenção ao problema. É que o mau hálito não é exclusividade dos humanos. Mas o que fazer? A maioria das pessoas opta por dar algum alimento que neutralize o odor momentaneamente e acha que está resolvido. De acordo com o médico-veterinário Marcello Roza, esse é um erro comum, que mascara problemas maiores.

O veterinário explica que o hálito forte é sempre consequência. Em cães e gatos, a principal causa é a doença periodontal, caracterizada pela alta incidência de placa bacteriana. O mal atinge cerca de 85% dos bichos com mais de 3 anos, avalia o especialista. Algumas espécies têm predisposição genética, o agravamento do quadro, porém, decorre da falta de escovação.

“A placa leva de 24 a 48 horas para ser formada. Depois disso, ocorre a calcificação e a formação do tártaro”, explica a veterinária Lívia Amaral Dreer. Ela ressalta a importância da escovação diária e do tratamento de eventuais inflamações na gengiva do pet (frequentemente, elas levam à extração de dentes). Em casos extremos, o próprio osso da mandíbula fica fragilizado. “Perder um dente é o mínimo, o risco de ter algo mais sério é muito alto”, completa Marcello. O pior cenário ocorre quando as bactérias entram na corrente sanguínea, espalhando a infecção pelo corpo, com consequências terríveis para coração, pulmões e rins.

Logan, um cão da raça lulu da pomerânia hoje com 6 anos, foi vítima da doença periodontal em seu segundo ano de vida. “Ele começou com o mau hálito e os dentes amarelados”, conta o seu dono, o empresário Marcos Vinícius de Oliveira, 31. Logan acumula muita placa bacteriana. Quando era filhote, o problema era amenizado por brinquedos de morder que ajudam a limpar os dentes, mas com o tempo o cão perdeu o interesse nas brincadeiras. Marcos conta que só percebeu que algo estava errado após ser alertado por um veterinário. Infelizmente, a doença periodontal já estava em um estado avançado.

Marcos conta que ficou preocupado, pois seu pet precisou passar uma limpeza mais profunda, que exige sedação e envolve alguns riscos. Hoje, o empresário não descuida da escovação. “É muito corrido, faço sempre que possível, pelo menos quatro vezes por semana”, explica. A prevenção de Logan conta também com uma limpeza no veterinário a cada um ou dois anos, além de alguns artifícios que ajudam, como uma substância que adicionada à água do animal amolece a placa e facilita a retirada na escovação e o chew, tiras mastigáveis que ajudam a remover as bactérias.

A halitose pode ainda ser consequência de feridas ou tumores na boca do animal e da presença de corpos estranhos presos na cavidade oral. Pode também ter sua origem em problemas renais, como a uremia, por exemplo. Quandos os rins não estão funcionando bem, o sangue não é totalmente filtrado e a presença de substâncias estranhas na corrente sanguínea pode resultar no odor forte. Da mesma forma, alterações estomacais precisam ser averiguadas. Por isso, checapes periódicos são tão importantes.

Um detalhe interessante: os gatos costumam ter o hálito mais suave do que os cães. Isso ocorre, explica Marcello Roza, porque os felinos domésticos têm alimentação mais regrada. Oferecer restos de comida para os pets está fora de cogitação.

Em resumo, se você quer cuidar da saúde bucal da sua mascote, invista em cuidados diários, com produtos específicos para animais — a pasta dental usada por humanos contém sabão, para dar espuma, e flúor, componentes que podem irritar o estômago de cães e gatos. Produtos paliativos, como o chew e os que equivalem a enxaguantes bucais, não são contraindicados, mas não dispensam a observação mais atenta de um profissional.