Saúde

Academias inovam com equipamentos para alunos com limitações articulares

Práticas vão muito além de corrida e natação e a melhor atividade física é a que faz bem e respeita as limitações de cada um

Renata Rusky

Uma lesão no joelho impediu que Marcella fizesse atividades de impacto. A solução foi conjugar sessões de bicicleta e musculação
As academias estão cheias de aulas coletivas e aparelhos diferentes. A variedade é tanta que fica difícil escolher ou mesmo ser fiel a apenas uma das opções oferecidas em prol da saúde. Dá para aparecer um dia na aula de spinning, em outro na de jump e, no fim da semana, quem sabe, investir em alguma modalidade mais leve, já que o cansaço começa a bater. Entre as modalidades aeróbicas mais populares estão o spinning, o running indoor e o kangoo jump. A dúvida é o que cada exercício faz por você.


De acordo com o personal trainer Rodrigo Rezende, não há problema algum em frequentar aulas diferentes em uma mesma semana e a melhor atividade física é a que faz bem e respeita as limitações de cada um. “Todas trazem benefícios cardiovasculares, fazem perder peso — se acompanhada de uma alimentação balanceada — e diminuem a pressão arterial. A atividade ideal só depende da pessoa”, garante.

Bicicleta x corrida

O gasto de calorias depende da velocidade com que se faz o exercício, da força investida e do peso do indivíduo. De acordo com o educador físico Gilberto Cavalini, coordenador das aulas coletivas de uma academia da cidade, queima-se de 600kcal a 800kcal em uma sessão de 50 minutos de spinning ou corrida. Esse valor pode chegar a 1.000kcal em treinos mais pesados.

A corrida tem a vantagem de poder ser praticada ao ar livre. Alguns percursos, inclusive, potencializam a perda de calorias. “Isso pode dar a dinâmica que algumas pessoas precisam. Assim, nos dias de musculação, o aluno corre na academia mesmo. Nos dias voltados exclusivamente para a corrida, pode escolher uma bela paisagem”, detalha Rodrigo Rezende.

A principal objeção à atividade é o impacto. Correr força as articulações e o risco de lesões sempre existe. Por isso, é preciso estar atento. “Qualquer dor deve ser tratada por um médico”, recomenda Rezende. A estudante Marcella Seder, 18 anos, por exemplo, deve se manter longe da corrida. Ela sempre praticou esportes — seus preferidos eram o futsal e o vôlei —, mas precisou parar após uma lesão no joelho. “Estávamos só brincando e empurraram meu joelho pela lateral e isso deslocou minha patela. Chorei muito quando o médico disse que eu não poderia mais jogar”, conta. Por causa desse episódio, Marcella ficou oito meses sem fazer exercício algum.

Bernadete Hulak é adepta do walking dance, modalidade com movimentos de dança em cima da esteira
Atualmente, a jovem tem carta branca para praticar musculação e pedalar. O spinning, mesmo sendo um exercício superpuxado, está liberado. A principal vantagem da bicicleta é que ela não impacta as articulações, como os joelhos. Mas há outra: ela trabalha grupos musculares mais diversificados do que a corrida, incluindo os do bumbum, os dos quadris e parte dos das costas.

Atividades lúdicas

Algumas modalidades são mais do que simples exercícios físicos para perder peso: envolvem entretenimento e lazer. Isso não significa que o esforço corporal envolvido seja pequeno. O jump é um bom exemplo. Consiste, basicamente, em pular e dançar, mas o gasto calórico não é brincadeira. Pode ser feito sobre um trampolim (o jump convencional), ou com a ajuda de botas especiais (o kangoo jump). “A vantagem das botas é que absorvem até 80% do impacto, tornando o kangoo recomendável até a quem está se recuperando de cirurgias”, afirma Lucas D’Avila, professor da modalidade.

Queima-se de 500kcal a 800kcal em uma aula. D’Avila acrescenta: “É uma atividade completa no sentido de gasto de energia e também é divertida. Não é como o spinning, em que se fica parado no mesmo lugar — as pessoas andam para todos os lados”. Mexem-se braços, pernas e tronco, fortalecendo diversos músculos. Assim, os praticantes adquirem maior consciência corporal e equilíbrio. Como não é praticado diretamente no chão, o risco de lesão é baixo.

A aluna Déborah Câmara Dias Sobrino, 30 anos, é só elogios e até já adquiriu as botas, que custam, em média, R$ 700. “Eu nem vejo o tempo passar na aula. O kangoo une atividade física e bem-estar, ao som de hits musicais e na companhia de pessoas que conheci aqui e se tornaram muito amigas — temos até um grupo no Whatsapp”, conta. Com acompanhamento nutricional, Déborah perdeu 8kg em cerca de 5 meses.

Déborah Sobrino já até adquiriu suas próprias botas para praticar o kangoo jump: divertido e intenso ao mesmo tempo
Uma novidade em se tratando de atividades físicas divertidas é o walking dance, espécie de dança em cima da esteira. Ela é fruto da parceria entre uma grande academia e a Universidade de São Paulo (USP), cujo laboratório de biomecânica vem analisando os benefícios da prática. “Foram estabelecidas certas condições para garantir o aproveitamento da atividade e eliminar riscos: a esteira não pode ultrapassar a velocidade de 5km/h, com inclinação máxima de 5%”, informa Gilberto Cavalini.

Na aula, há pessoa de 23 a 68 anos. É recomendada a todos e a inclinação de 5% faz com que até os jovens saiam ofegantes. Para Bernadete Hulak, 54 anos, o walking dance une o útil ao agradável. “São dois benefícios: queimar caloria e o prazer de dançar. Eu adoro.” Ela considera a modalidade uma terapia e adora a professora. “Com atividades diferentes assim, a gente não enjoa”, explica a empresária, que “aposentou” o spinning e a corrida por tempo indeterminado.

O exercício e é um pouco mais leve que o jump, a corrida ou o spinning, com a queima de cerca de 500kcal por treino de 50 minutos. “É uma atividade para quem sofreu alguma lesão e não pode pegar tão pesado no exercício ou que já está cansado de academia mesmo”, explica Cavalini. Ele garante que, apesar da queima ser relativamente baixa, é possível emagrecer praticando o walking dance, mas, em todos os casos, alimentação adequada é indispensável.