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CONTRA TODOS OS MALES
Grupos de caminhada e de Lian Gong ganham bairros de Belo Horizonte, atraindo cada vez mais adeptos. Praticantes dizem estar mais felizes e saudáveis
Ocupar os espaços públicos da cidade há tempos se tornou uma regra em Belo Horizonte. Seja por motivos culturais, ideológicos ou em prol do coletivo, os belo-horizontinos ocupam praças, ruas ou parques em sua busca pessoal. Umas delas, que vem se tornando tendência, é em nome do bem-estar e do autoconhecimento. Na contramão do que apontam os dados de órgãos de saúde, que mostram que o país é composto por 80% de sedentários, aqui muitos arregaçaram as mangas e acordam cedo ou dormem tarde para não deixar de se exercitar. Prova disso é a adesão a programas gratuitos e orientados na cidade. A prática chinesa Lian Gong em 18 terapias, por exemplo, tornou-se sucesso e já atrai cerca de 10 mil pessoas de BH que buscam estar bem de corpo e alma. Outra atividade com o mesmo propósito é o grupo de caminhada, que vem atraindo cada vez mais adeptos.
Presente em praças, parques e centros de saúde, a atividade chinesa, que, apesar da grafia, se pronuncia “liam cum”, é oferecida em 202 locais. É considerada por especialistas o suprassumo da qualidade de vida e, para quem faz, o melhor remédio contra as dores no corpo e os males da alma. No mapa da cidade, não há regional que não contemple o programa, trazido para a capital em 2007. Desenvolvida pelo médico chinês Zhuang Yuen Ming, na década de 1960, a prática é uma ginástica terapêutica, como destaca a presidente do Instituto Mineiro de Tai Chi e Cultura Oriental, Maristela Botelho.
Juíza da técnica pelo Ocidente, Maristela está sempre em contato com a China para se atualizar na atividade e diz que Belo Horizonte é a cidade que mais oferece a prática no Brasil. “Sou responsável por capacitar instrutores. São médicos, enfermeiros , fisioterapeutas, entre outros. Temos 277 formados”, garante. Ela explica que a Lian Gong é uma ginástica terapêutica elaborada para tratar e prevenir as dores do corpo. “É uma prática bem popular na China para a prevenção e promoção da saúde”, diz. A técnica, de acordo com ela, atua no sistema muscular, ossos e tendões, além de trabalhar as emoções. “Ela tem a missão de potencializar as funções dos órgãos internos”, ressalta.
PREVENÇÃO
Dividida em séries de três partes, com seis movimentos em cada uma, o que justifica o nome Lian Gong em 18 terapias, as sessões são progressivas e diferenciadas. Há aquelas que , no primeiro bloco de exercícios, são voltadas para a prevenção de dores na região do pescoço e dos ombros. Depois, seis movimentos são direcionados para a região lombar. Em seguida, pernas e glúteos. “Há sessões criadas por Zhuang Yuen mais voltadas para a modernidade. São 18 movimentos que tratam articulações e potencializam os órgãos internos”, diz Maristela.
O EM acompanhou uma aula no Bairro Sagrada Família, na Região Leste de BH. Em ritmo lento, o que lembra muito a ioga, as aulas são feitas com trilhas sonoras chinesas. Quem está no comando é a enfermeira Ana Maria Martins Marques, que desde 2008 é instrutora de Lian Gong e diz que, além dos benefícios na saúde, o trabalho é também um caminho para o autoconhecimento. “O praticante passa a ter mais noção do corpo e a prestar mais atenção nele. Há quem conseguiu, com isso, largar medicamentos como calmantes para dormir e até insulina”, conta. À aposentada Ângela Otoni Jacobis, de 57 anos, a prática deu equilíbrio, disposição e reduziu as dores no corpo. “Todo mundo deveria fazer. Até meu sono melhorou, é maravilhoso”, contou. Sua colega Hilda Maria Boamorte, de 59, acha o mesmo e garante que até emagreceu dois quilos. Para praticar não é preciso recomendação médica. “A grande vantagem da técnica é que não há limitação”, defende Ana Maria.
Mais disposição
Para quem gosta de sair do lugar, a dica é caminhar. Prática defendida por 10 em cada 10 médicos, a atividade pode ser mais prazerosa e atraente se feita em grupo. Amparado por acompanhamento profissional, o Programa Caminhar – iniciativa da Secretaria de Esportes e Lazer – está presente em 27 núcleos vinculados aos centros de referência de assistência social (Cras) em todas as regionais da capital. Apesar de a porta de entrada nos grupos serem os próprios Cras, nada impede que a comunidade participe. “O importante é que tenha um encaminhamento médico. Respaldada por essa autorização, a pessoa ainda passa por uma avaliação física”, explica a supervisora técnica da Secretaria de Esporte e Lazer no Cras Santa Rita de Cássia, Renata dos Reis Coelho.
Todos os grupos são acompanhados e orientados por um monitor de educação física, que conduz os alongamentos e ainda registra o tempo e a distância percorrida por cada participante, o que possibilita acompanhar a evolução física dia a dia. “Ainda fazemos reavaliação a cada três meses. No teste, a pessoa percorre 1.600 metros na maior velocidade que consegue e, a partir daí, realizamos a avaliação”, observa o coordenador do Programa Caminhar, Adilson Márcio de Castro. Os encontros ocorrem duas vezes por semana, mas o orientação é de que os interessados estendam a atividade física para, pelo menos, mais dois dias ao longo da semana.
Com 80 anos e muita disposição, a aposentada Antônia Alves da Silva vê o grupo que se reúne todas as terças e quintas-feiras na Barragem Santa Lúcia não apenas como colegas de caminhada. “Fiz muitas amizades aqui e sempre fazemos passeios juntos”, conta. A recuperação de uma lesão na perna é um dos grandes incentivos para ela chegar à pista de cooper às 7h. “Estava andando com duas muletas, agora não vejo a hora de me livrar da bengala, que ainda me ajuda quando sinto dor”, conta. A companheira Ivone Freitas Oliveira, de 44 anos, buscou o grupo de caminhada há quase cinco anos para se livrar da pressão alta. “Hoje, tomo menos remédio, estou mais disposta e tenho mais qualidade de vida”, garante a dona de casa.
Para completar, o programa ainda conta com equipes itinerantes, que visitam nove pistas de cooper na cidade, como as localizadas nas avenidas Bernardo Vasconcellos, na Região Nordeste, e Silva Lobo, na Região Oeste. “Fazemos avaliação física com medição da pressão, percentual de gordura e índice de massa corporal”, conta Adilson. Cada pista recebe o programa a cada quinze dias, entre as 7h e as 9h20, e está aberta a todos os interessados. Somadas as atividades nos 27 núcleos e o acompanhamento nas pistas de caminhada, o Programa Caminhar pretende chegar ao fim do ano com 41 mil atendimentos.