“Para meninas que têm tudo – menos cabelo” diz a abertura do site de uma empresa norte-americana que comercializa pequenas perucas feitas de fios de seda de uma fibra artificial. A marca oferece cinco opções de cortes e tiaras diferentes. As variações de cores são seis e vão do loiro claro ao preto.
Os produtos não são exclusividade dos americanos. Um hipermercado online chinês também oferece diversas opções de perucas e tiaras com cabelo artificial. Algumas opções de faixas para cabeça ainda vêm com o penteado “Maria Chiquinha” ou cachos. Os produtos podem ser comprados do Brasil por meio de um site de compras online e custam em torno de US$10 por item. Já a mini-peruca americana mais barata pode ser comprada por US$29.95.
Assim como os americanos, os chineses também podem ser utilizados por crianças com pouco cabelo ou ainda sem cabelo. No site da marca americana, a foto de uma bebê sem a peruca e com pouco cabelo é colocada ao lado de outra da mesma criança vestindo um dos acessórios. Na legenda, fica claro a proposta de dar mais feminilidade aos bebês com a frase em destaque dizendo “eu não sou um menino!”. O site ainda destaca em sua capa a filosofia da empresa: “Na Baby Bangs! nós acreditamos na beleza da infância”.
Exagero
Se preocupar demais com a aparência dos filhos desde tão cedo pode ser a introdução de uma história não muito favorável para a criança. Esse é o alerta que a coordenadora do curso de Pedagogia da Universidade Fumec Alessandra Latalisa de Sá, faz aos pais. Segundo ela, esses pais podem estar formando sujeitos focados meramente na aparência e no que os outros pensam dele. “O foco da atenção está no externo, com o ter, não com o ser. Não existe valor no que ela pensa ou em como age, mas com o que ela tem e com o que o outro pensa dela”, destaca.
A tendência, segundo ela, é real e muito comum, fortalecida pelos estímulos ao consumo. Essas pessoas, explica a especialista, pensam mais na imagem que o outros têm delas que consigo mesmas e o raciocínio pode ser transposto também para o tratamento que elas dão a seus bebês. “Acho que é claro que apelar para determinados produtos, que tiram de foco da verdadeira necessidade dos bebês, tem muito mais a ver com a expectativa da mãe do que da da criança”, afirma. “Uma coisa é pensar em uma roupa quentinha para o frio, outra coisa é querer um adorno meramente estético. Acho que isso é uma questão preocupante”, completa.