Pela primeira vez, pesquisadores identificaram as principais diferenças entre o microbioma bacteriano do intestino de soropositivos e indivíduos não infectados pelo HIV. Segundo eles, as alterações dos tipos de bactéria após a entrada do vírus no organismo humano pode ser um dos fatores que desencadeiam a progressão da infecção para a Aids. Os dados foram publicados na edição desta quinta-feira da revista Science Translational Medicine por cientistas do Departamento de Medicina da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Eles sugerem que o desenvolvimento de terapias para a manipulação desse microbioma pode levar a grandes benefícios, como retardar o desenvolvimento consequente da imunodeficiência.
Foi analisado o material intestinal de 24 pessoas infectadas pelo vírus da Aids com o de indivíduos de um grupo de controle. Os pesquisadores descobriram que o primeiro conjunto de voluntários tinha uma comunidade muito diferente de bactérias. Além disso, um grande número desses micro-organismos prejudiciais, como as pseudomonas, a Escherichia coli, as salmonellas e o os staphylococcus, eram muito mais abundantes em indivíduos infectados pelo HIV. “Também descobrimos que algumas dessas bactérias podem estar diretamente enfraquecendo a barreira e o sistema imunitário do intestino, de modo que essa ação pode ser particularmente prejudicial para os indivíduos infectados pelo HIV”, afirma o autor principal do estudo, Ivan Vujkovic-Cvijin ao Correio.
Os pesquisadores, no entanto, ainda não estão certos se e como essas bactérias contribuem para a progressão e o desenvolvimento da Aids. “Elas devem desempenhar um papel, no entanto. Podemos considerar a restauração microbiana como uma abordagem para combater esses organismos e para restaurar a colonização e a função do ecossistema intestinal apropriado”, analisa Vujkovic-Cvijin.
Defesa fragilizada
A infecção pelo vírus da Aids está associada a uma barreira intestinal e ao sistema imunológico enfraquecido, levando à inflamação crônica. Esse parece ser um grande caminho utilizado pelo HIV para causar danos ao organismo e, finalmente, levar à Aids. Os cientistas verificaram que a infecção pelo vírus pode perturbar o ecossistema intestinal de uma maneira que permite a proliferação de bactérias prejudiciais, e que as atividades desses micro-organismos beneficiam o vírus e podem até mesmo contribuir para a progressão da doença. “Pode-se imaginar isso como o recrutamento de jogadores de bactérias ruins feito pelo vírus HIV para ajudá-lo a se dividir e se espalhar, causando a doença”, resume o especialista.
Vujkovic-Cvijin acredita que a abordagem proposta por eles pode ser utilizada em paralelo com as intervenções que visam especificamente as espécies de bactérias enriquecidas logo após a infecção do HIV. “Coletivamente, essas ações podem ter implicações significativas para a qualidade e a quantidade de vida dos pacientes infectados pelo HIV.” Ele alerta que, ainda que os primeiro resultados sejam muito animadores, ensaios clínicos são necessários para determinar a eficácia da terapia.
Foi analisado o material intestinal de 24 pessoas infectadas pelo vírus da Aids com o de indivíduos de um grupo de controle. Os pesquisadores descobriram que o primeiro conjunto de voluntários tinha uma comunidade muito diferente de bactérias. Além disso, um grande número desses micro-organismos prejudiciais, como as pseudomonas, a Escherichia coli, as salmonellas e o os staphylococcus, eram muito mais abundantes em indivíduos infectados pelo HIV. “Também descobrimos que algumas dessas bactérias podem estar diretamente enfraquecendo a barreira e o sistema imunitário do intestino, de modo que essa ação pode ser particularmente prejudicial para os indivíduos infectados pelo HIV”, afirma o autor principal do estudo, Ivan Vujkovic-Cvijin ao Correio.
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Vujkovic-Cvijin acredita que a abordagem proposta por eles pode ser utilizada em paralelo com as intervenções que visam especificamente as espécies de bactérias enriquecidas logo após a infecção do HIV. “Coletivamente, essas ações podem ter implicações significativas para a qualidade e a quantidade de vida dos pacientes infectados pelo HIV.” Ele alerta que, ainda que os primeiro resultados sejam muito animadores, ensaios clínicos são necessários para determinar a eficácia da terapia.